Os desafios da escrita - Roger Chartier (144p. [L. 45. nov-2020])
Tive que ler esse livro como base teórica para a minha pesquisa sobre José de Alencar, em q comparo o romance "A viuvinha", no jornal, chamado de "folhetim"; e a versão publicada em romance, pela primeira vez. Os dois do séc. XIX. A fim de observar as diferenças existentes e necessárias para a publicação em cada suporte, Chartier, pesquisador francês, me deu auxílio para tal desenvolvimento.
Esse livro é um compilado de palestras do autor e o objetivo de suas falas e estudos é mostrar os diferentes suportes (mecanismos de armazenamento), ou seja, os diferentes meios pelos quais o livro pode ser publicado e propagado. Ele traz a questão do e-book e da facilidade dos meios eletrônicos de tornar a leitura mais acessível.
O autor apresenta q atualmente, e não sei dsd qnd isso existe, a necessidade de se buscar por uma unicidade da linguagem, o que, para ele, é um grd erro. E, para mim, soa até fascista. Chartier aponta q a unificação gera o fim do q é o humano, ou seja, da memória, do nome e da diferença. Eu amei isso!
Não tem como existir uma língua universal ou comunicação universal, a única, segundo ele, q se aproximaria disso, seria aquela com o uso dos emoticons, mas numa comunicação não verbal apenas. O fato de o inglês ser considerado uma língua universal pode ser um mito, já que ela é unificada apenas para o comércio, q ele chama de imperialismo da língua.
Chartier levanta questões como a dificuldade de leitura em tempos de telas, celulares, imediatismos, ansiedades e pressa. O avanço da tecnologia traz novos suportes ao texto, mais acessibilidade, geralmente, e pode ser um desafio para os leitores. Ele ainda aponta o modelo wiki como eficaz na produção e propagação do conhecimento.
Discute a questão da autoria, com a onipotência e morte do autor em Roland Barthes, assunto caro ao séc. XX, q eu amo!! A questão do acesso tb é tratada, como a digitalização e a filmagem de textos/livros físicos, lembrando SEMPRE que os originais JAMAIS devem ser destruídos e parece idiotice, mas ele traz exs. de bibliotecas e hemerotecas destruídas, pq os originais foram armazenados em novos suportes.
Traz ainda a literatura para fazer suas argumentações, como "D. Quixote" e a fábula de Borges. Depois desse livro, fiquei mais curiosa ainda pra ler Dom Quixote. Ele enfatiza q entre autor e leitor há uma multiplicidade de processos q dão vida ao texto e o bom tipógrafo, o responsável por esse processo, faz esse intermédio com louvor.
Não deixa faltar uma breve história da língua para entendermos a preparação do manuscrito, o histórico das edições das vendas de títulos, apresenta as diferentes formas de escrita existentes (manuscrita, epigráfica, pintada ou impressa) e seus plurais usos (político, administrativo, religiosos, literários, privados).
Além de fazer uma abordagem histórica sobre a cultura gráfica antes dos impressos, principalmente na Itália, e depois, na Inglaterra e França. Uma questão que achei mt interessante foi q a escrita era manifestação de poder pelas elites, mas tbm manifestação de existência ou afirmação de protesto pelos mais fracos. Amo essas "subversões" populares!
Enfim, ele ressalta a importância de cada inscrição e suporte de texto, nenhuma deve ser extirpada, substituída ou desvalorizada, mas um regaste da oralidade e do manuscrito, q nunca deixaram de existir, precisam ter sua importância devida. Hj, se valoriza mt o impresso, a escrita, mas literatura, o saber vão mt além disso. Enfatiza tb a questão da publicização do acesso à leitura e q devemos criar métodos pra não deixá-la morrer.
Devemos refletir: a imprensa não gera sábios. Acumulação de livros não gera saber. Reler sim é a ideia.
O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤
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