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sábado, 1 de agosto de 2020

Olhos d'água - Conceição Evaristo




Olhos d'água - Conceição Evaristo (88p. [L.18-mai/jun-2020])

Eu fiquei inebriada com a escrita dessa mulher!! Ela é realmente tudo o q que dizem sobre ela! O que ela faz é realmente uma "escrevivência", o escrever de si, de sua vivência, pois escrever é ser. Esse livro foi de uma emoção, de um encontro chocante com a realidade que só aumenta minha admiração e devoção às mulheres negras, as escritoras negras do Brasil e do mundo.
Tinha vontade de conhecer a escrita da Conceição, possuía o livro em PDF, até que, fuxicando as páginas de literatura que sigo, em específico @gigilelivros, vi uma proposta de leitura compartilhada desse livro  e não perdi a chance.
As discussões sobre os contos aconteciam no grupo do whatsapp, todas as quartas, às 19:30, não acompanhei ao vivo, mas sempre lia as discussões depois. É muito bem ler em conjunto e depois discutir sobre, porque me faz observar outras coisas, atentar a outras, assimilar melhor o conteúdo, além do mais, o outro smp traz informações e referências que não nos atentamos ou n conhecíamos antes. Amei a experiência! Foi minha primeira vez..
Após a leitura, soube de um debate e participei, do "Grupo de leitura ZO", disponível no facebook, e foi com as organizadoras do @literalmenteelas , maravilhosas! Foi um debate emocionante. Com isso, percebi que falar da Conceição e de "Olhos d'água" vai ser sempre assim.
O livro aborda sobre mulheres e homens negros, suas vivências; a questão da gravidez precoce, do aborto; da pobreza, da mendicância; da mãe solteira; da criminalidade; do emprego doméstico; da objetificação e sexualização do corpo da mulher negra, entre outros. Isso, sob o olhar de quem são as vítimas desses contextos e realidades.  Ela ainda nos apresenta finais diferentes para histórias que estamos acostumadas a ler e conhecer, como: um fim diferente para mulheres que sofrem relacionamentos abusivos; a naturalização da liberdade sexual, mostrando que há outras formas de se relacionar, além da monogamia, da heterossexualidade e da "eternização romantizada" dos relacionamentos. E ela não faz isso, diretamente, nos despertando para tais questões, Conceição apenas fala sobre como algo comum  (que é, mas, pra muitos, não é). Ela dá vários "tapas sem mão" na nossa cara de uma maneira muito leve e descontraída.
Outra questão interessante é sua utilização de neologismos super pertinentes e marcantes. Além disso, ressalta o quanto o corpo da mulher negra é um objeto e o é para reprodução, prostituição, prazer alheio. A mulher negra é culpada e morta sem ter culpa. Essa é uma realidade, não há como negar, só quem é mulher negra sabe disso e deve ser ouvida. 
E, pra fechar esta resenha, ela não deixa de lado a questão da desigualdade, da exploração da classe trabalhista, principalmente, da mulher nessa sociedade misógina da qual fazemos parte.
Conceição tem um jeito diferente de fazer literatura, qnt a isso não há o que discutir. E eu estou apaixonada por ela!   

O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤🖤

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