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domingo, 16 de agosto de 2020

Hibisco roxo - Chimamanda Ngozi Adichie



Hibisco roxo - Chimamanda Ngozi Adichie (328p. [L.20 - jun/jul-2020])

Que experiência maravilhosa ler este livro e conhecer um romance da Chimamanda, eu só conhecia os livros teóricos. Ela é incrível do mesmo jeito. Agradeço a @gigilelivros pela iniciativa de criar um grupo de leituras  e por ter nos proporcionado as discussões sobre ele.
Kambili é a protagonista e autora dessa história, tem 15 anos e vive em uma família na Nigéria, que abandona sua cultura, religião e identidade para seguir a dos europeus. Essa história é marcada por violência, machismo, desigualdade, intolerância e esperança. É bem pesada, revoltante, em muitos momentos, e tocante. 
Eugene, o pai de Kambili era extremamente agressivo e punitivo qnd se tratava de consertar erros, pecados da família. Aderiu à religião católica, não admitia mais a língua materna em sua casa, apenas o inglês; suas roupas, atitudes deveriam ser as europeias e da religião católica agora. O detalhe com que a autora descreve as violências e o sentimento contido de Kambili (não reconhecia o pai como alguém violento, justificando seus comportamentos), do irmão e da mãe é de um cuidado e sensibilidades mt reais. 
Essa maneira de viver trazia consequências ao jeito das crianças, eram smp admiradas e tidas como exemplos por todos e isso me chamou a atenção: devemos desconfiar de crianças mt quietas e educadas, crianças são enérgicas e espoletas, geralmente haverá uma falha e qnd não há, é motivo de desconfiança, de imaginar, no mínimo, um ambiente familiar violento.
Uma das coisas que mais me marcou foi o fato de que a esposa fazia por menos pra n estressar o marido e se anulava, assim como os filhos, o que é comum em pessoas que sofrem violência doméstica e se mantêm tanto tempo em um relacionamento tóxico. Não é fácil sair de um relacionamento abusivo. Esse tipo de literatura ajuda a compreender como as realidades se dão.
Eugene era dono de um jornal famoso da cidade e de fábricas, o que o tornava muito rico, porém, por conta da religião, desprezava todos que não fossem católicos, inclusive seus familiares. A relação que tem com o pai é revoltante. Dava-se melhor com Ifeoma (a melhor personagem), sua irmã, pois era católica tb, mas o oposto dele. Ela era professora universitária, viúva, fazia o que podia para sustentar seus filhos e lhes ensinar a viver de uma forma livre e respeitosa. 
O contexto histórico da cidade não ajudava mt, pois estava em guerra civil e a democracia era uma luta a ser conquistada, logo, professores universitários eram os principais alvos desta guerra. Eugene, dono do jornal, tb sofria suas represálias, embora isso soe bem contraditório à sua conduta familiar.. Questões da narrativa.. Que são algumas como, o final de Eugene; de seu pai e seu papel nisso; de sua esposa, de seu filho; de sua irmã e seus sobrinhos; qual era a real intenção do padre; o que o nome do livro tem a ver com a história e a planta (segue a foto abaixo).
Embora o final tenha parecido corrido, recomendo demais a leitura e discussão desse livro.
OBS.: No grupo de leitura sobre o livro, a galera recomendou os seguintes livros, que "Hibisco roxo" fez lembrar: "A terceira vida de Grange Copeland" e "A cor púrpura" de Alice Walker; "A menina da montanha" de Tara Westover; "Abril despedaçado" de Ismail Kadare e; "O mundo se despedaça" de Chinua Achebe.

O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤🖤

Este é um hibisco roxo:

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