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segunda-feira, 13 de abril de 2020

"Memórias póstumas de Brás Cubas" - Machado de Assis

Machado de Assis | Academia Brasileira de Letras

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (183p. [L.8/mar-2020])

Essa narrativa é uma enorme ironia, assim como Machado, seu autor. É um clássico da literatura brasileira, que retrata uma autobiografia ficcional, se é que posso chamar assim, mas seu autor (na história do livro) é um defunto, o que contraria muitas regras literárias e desse fazer literário (a autobiografia), já que um morto não pode escrever. Assim, póstumo é o que acontece depois da morte.
Brás Cubas, personagem da narrativa e o defunto autor, como se intitula, começa a narrar a causa da sua morte, mais uma vez contrariando as coisas, já que numa autobiografia as pessoas costumam narrar seu nascimento primeiro. Em seguida, ele conta sobre sua vida, infância, juventude, nascimento, amores, desamores, a vida política, familiar, e seus casos românticos.
Como em muitas narrativas de Machado, não podemos traçar características únicas sobre suas produções literárias, existem mulheres contrárias ao que a ordem do séc. XIX impunha, elas tinham os homens nas mãos, tem sempre a narrativa da forma como “suas vítimas”, os homens apaixonados, ficam loucos com mil pensamentos de dúvidas, desconfianças, sentimentos de trouxa. Tem ainda alguns casos de interesse nas relações, traição e seus suspenses, descrições de realidades pesadas, muitas vezes, tratadas com naturalidade e conformação, dando um tom de pessimismo às coisas.
Como todo clássico, tem a linguagem um pouco diferente da nossa atualidade, mas Machado é o clássico mais apaixonante de ler, usa mecanismos que nos fazem sentir parte de história ou como se ele tivesse contado diretamente para nós, como se tivéssemos sentados em uma mesa, conversando. Ele é irônico e divertido, filosófico e faz ótimas referências e ligação com outros autores, obras (principalmente a Bíblia e a mitologia grega <3), e personagens e a sua narrativa.
O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤
*Curiosidade: “Quincas Borba” e “O alienista” são outras duas obras de Machado de Assis e ele faz referência a esses personagens neste livro, que casam com a descrição deles em seus respectivos livros. Por meio deles tratava a questão da sandice e da loucura, e qual era o limite (se ele existia) para determinar a diferença entre as duas coisas ou as definições, simplesmente. Eu achei isso incrível na primeira vez em que li “Memórias”, já tinha lido “O alienista” antes, e li “Quincas Borba” depois.

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