Desafio Leia Mulheres mês de abril - Temática LGBTQ
"Eu sou uma lésbica" - Cassandra Rios (143p. [L.12/abr-2020])
O que foi este livro, senhorxs?!! Esse desafio LeiaMulheres só contribui pra que eu conheça mulheres incríveis e suas histórias maravilhosas.
Cassandra é uma escritora que viveu e produziu na ditadura militar e foi censurada e mal-interpretada na época, pois criticava o lugar da mulher na sociedade e falava sobre sexualidade. Hoje, uma referência nacional inegável!
Não sei se essa narrativa funcionou como parte de uma autobiografia (ou uma completa), questão antiga sobre autores e suas histórias "fictícias". A protagonista, Flávia, narra sobre o começo de sua vida lésbica na infância, que qualquer lésbica se identificaria. É muito importante esse tipo de literatura, pois mostra que mulheres lésbicas e bi não estão sozinhas e contribuem para que pessoas que não sabem o que é ser homossexual tentem entender como é ser.
Ela descreve como vivia isso na infância, sem perceber ainda o que acontecia, já que, socialmente, existe um tabu e preconceito com a naturalização de se falar sobre sexualidade nesse período de vida, ainda mais quando se é mulher.
É impressionante como ela descreve os efeitos do primeiro beijo em uma mulher, o quanto isso vai além de desejo: é uma questão de identidade, de ser para si e ser no mundo.
Além disso, ela destaca a questão do estereótipo preconceituoso do que é ser lésbica, com base nesta ideia, Cassandra mostra que a mulher lésbica não tem que se parecer com um homem, tanto fisicamente como nas ações. E este é um preconceito que se reproduz entre as próprias lésbicas, o que continua oprimindo essa população. A mulher não precisa "performar um macho", é importante gostar de ser mulher enquanto lésbica.
Seguindo nessa ideia de desconstruções e de embates com o que nos intriga, ela traz a questão do ódio aos homens, bem comum entre as lésbicas, mas isso não tem que ser uma regra também, segundo ela e com base na teoria feminista. Existe preconceito tanto das lésbicas, quanto de quem não conhece o movimento. Não que não se tenha motivos para isso, mas a não generalização é imprescindível para a eficácia da luta contra o machismo.
Outra coisa que me encantou foi as referências às teorias freudianas, as quais ela não percebia ou não achava que existiam em sua vida. Para Flávia, seu passado não influenciava em nada em seus problemas do presente.
Chamou muito a minha atenção a forma como a sexualidade infantil feminina foi abordada na narrativa, isso me fez querer compartilhar a leitura com algumas amigas para discutirmos sobre. Já que é uma coisa que me intriga desde que li "Lolita", de Vladimir Nabokov. Conversando com uma amiga sobre, ela me fez ver o quanto a sexualidade infantil feminina precisa ser normalizada, como a dos meninos costuma ser e percebi que eu precisa desconstruir um preconceito. Isso me fez ver as coisas de uma outra maneira. Eu amei! Além disso, ela criticou o título do livro, que poderia ter sido melhor (rs); partes da narrativa, como a do carnaval, que pareceu um pouco solta e que poderia ter abordado mais "cenas" entre Núbia e Flávia, coisas que também concordei.. Enfim, o livro foi ótimo e autora admirável por ter sido tão ousada em plena ditadura militar.
O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤🖤Chamou muito a minha atenção a forma como a sexualidade infantil feminina foi abordada na narrativa, isso me fez querer compartilhar a leitura com algumas amigas para discutirmos sobre. Já que é uma coisa que me intriga desde que li "Lolita", de Vladimir Nabokov. Conversando com uma amiga sobre, ela me fez ver o quanto a sexualidade infantil feminina precisa ser normalizada, como a dos meninos costuma ser e percebi que eu precisa desconstruir um preconceito. Isso me fez ver as coisas de uma outra maneira. Eu amei! Além disso, ela criticou o título do livro, que poderia ter sido melhor (rs); partes da narrativa, como a do carnaval, que pareceu um pouco solta e que poderia ter abordado mais "cenas" entre Núbia e Flávia, coisas que também concordei.. Enfim, o livro foi ótimo e autora admirável por ter sido tão ousada em plena ditadura militar.
*Curiosidade: Criptandro é uma planta a qual Flávia se refere como sendo ela. A corresponde à característica de vegetais que não possuem órgãos masculinos aparentes. Ela não gostava da palavra "lésbica" e preferia se definir assim, tendo seu "órgão não aparente" guardado dentro da boca.
*Curiosidade 2: O termo "gilete", que aparece na narrativa era destinado a bissexuais, ou seja, aquele que "corta para os dois lados". Eu ri quando li, porque já ouvi minha mãe dizer isso há muitos anos atrás.
Site disponível para download do livro:
Na busca por um livro de temática LGBTQ em PDF descbri esse site perfeito de referências bibliográficas de histórias e assuntos lésbicos de autoras, acredito que lésbicas, senão a maioria.
Sink da Lesboteca (Biblioteca lésbica. Perfeita!!):
Pela primeira vez na vida, li ouvindo música, por causa da barulhada que estava na minha casa, foi muito legal! Mas ainda prefiro o silêncio para me acompanhar nas leituras. Segue os links das que ouvi:
Links do instrumental de Pink Floyd: