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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Desafio junho - "Laços de Família" e "A confissão de Lúcio"

Desafio literário duplo cumprido 
Neste mês as leituras ficaram bem literárias e eu amo! Vou tentar ser mais acessível possível em minha escrita.
#DesafioLeiaMulheres do mês de junho era ler uma autora de contos. Como, no mês anterior, eu tinha ganhado de presente (*...* e amei) o livro "Laços de família", de Clarice Lispector, aproveitei a oportunidade, até porque não sabia ainda o que ia ler.


O livro contém 13 contos, pequenas narrativas de ficção, que autora apresenta relatos de cotidianos femininos do início do século XX. A escrita tem muito das características do modernismo na literatura. Neles, há relatos de frustração, não só de um amor desejado e impossível de ser vivido, mas de uma vida idealizada, que não tem como ser real ou que por acomodação ou desilusão se não consegue viver o que se espera. 
Os eu-líricos (a grosso modo, quem narra a história na história, um personagem criado pelo escritor, que conta a história) dos contos são todos mulheres, exceto em um, que querem ser no outro ou de outra forma, típico da literatura moderna. 
Há o questionamento sobre o papel e os deveres das mulheres na sociedade e, consequentemente, no espaço privado, na família. Essa crítica se dá de forma irônica, mulheres cansadas destes lugares que lhes foram impostos. O modo com que se referem a preceitos cristãos e citações bíblicas também se dá da mesma forma, ou seja, existia uma sátira aos costumes e crenças da época.
Parece ter ainda uma crítica sobre a necessidade de ter dinheiro, a necessidade do ter, o sentimento de possuir, de possessão. 
Sentimentos como culpa, ódio, arrependimento, de desejo são bem comuns nesses contos, tornando a leitura intensa, forte, pesada (no melhor sentido da palavra), já que é carregada de sentimentos e vivências cotidianas.
Existem muitas questões de discussão literária, mas não é meu objetivo aqui.

Para o #Desafio1LivroPorMês , o livro "imposto", porque tive que ler pra fazer uma prova de literatura portuguesa, foi "A confissão de Lúcio", de Mário de Carneiro, escritor português, do início do séc. XX.



Esta novela (gênero literário) é PERFEITA!! Deus me livre! Acho que a melhor ficção (há dúvidas de que seja exatamente uma) que li neste ano. Eu fiz a leitura em um dia, não dá vontade de parar!
Os poetas do século XX, neste caso, de Portugal, apresentavam em suas literaturas a frustração do sujeito moderno. Porque o eu-lírico (explicado ali em cima) deseja sair de si para ser no outro, descobrir um outro em si, o que gera a frustração, já que isto é impossível.
Uma saída provisória desse péssimo estado de espírito são as sensações e o que elas podem provocar, fazendo com que a arte e literatura tenham um papel imprescindível nesse processo.
Existem diversas interpretações para A confissão de Lúcio, cumprindo bem seu papel de um fazer literário que defende o devir-autor, uma escrita em movimento, ressaltando a intertextualidade, ou seja, a obra se faz em rede, em construção com ela mesma, com outras obras e com outros autores, bem como leitores.
A história, sob uma primeira interpretação, é sobre um homem (Lúcio), que propõe uma confissão sobre o crime que cometeu. E aí entra uma segunda interpretação ou o questionamento do texto, era uma ficção ou uma autobiografia do autor (Sá-Carneiro)? Lúcio era Marta e Ricardo ou não? Parece que ele desejava ser os dois, mas não podia, então, seria melhor matá-los e viver em uma prisão (talvez, interna, pessoal) durante 10 anos para resolver "falar" sobre isso.
Parece confuso e realmente é, mas é maravilhosa esta narrativa!! Eu segui a história pensando que seria uma coisa e, no final, foi outra, que não acabou tão clara. Me gerou diversos questionamentos e eu quase morri quando acabou rs
Eu amo histórias assim, ainda mais quando posso nitidamente trazê-la a vida real.
Bônus:
Este livro está disponível em PDF, online, só clicar: A confissão de Lúcio. Vale à pena, é bem curtinho.

É isto..

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Desafio maio - "Mil pedaços de você"

Desafio literário cumprido 

Neste mês, só consegui cumprir o desafio leia mulheres :( Os afazeres acadêmicos ficaram pesados, as leituras a trabalho também. Mas no mês de julho já cloquei tudo em dia. Em breve, tem as postagens. Ler ainda é mais fácil do que escrever sobre os livros, dá preguiça, falta tempo, mas é um exercício que considero importante.

#desafioleiamulheres do mês de maio era ler uma autora de fantasia. Queria ler jogos vorazes de novo, mas preferi ler algo novo. Com minha irmã tinha sugerido uma trilogia que ela gostou muito, resolvi conhecer. Só li o primeiro livro, talvez, leia os próximos (rs). O livro se chama "Mil pedaços de você", de Cláudia Gray.


A história é sobre ficção científica de uma família de físicos, composta por um casal hétero, suas duas filhas, e dois amigos "adotados como da família, jovens também. Eles produzem uma espécie do que conhecemos como máquina do tempo, o "firebird", que é capaz de levar as pessoas a outras dimensões com algumas limitações.
Começa com a morte do Pai de Marguerite, a protagonista, e, em seguida, o desejo dela e de Theo, o amigo adotado da família, de encontrarem Paul, o suposto ladrão do firebird, que suspeitavam de ter ido para outra dimensão, a fim de se promover com a criação do aparelho. Os dois partem para outras dimensões e começam a saga. 
Eles só iriam em lugares pelos quais já tivessem passado, na vida de suas dimensões "de origem" ou de suas outras vidas (pelo menos, foi o que entendi, já que eles foram em dimensões de outro século). Para cada lugar que viajavam tinham vidas diferentes, ão muito diferentes das suas e não tinham suas memórias apagadas, mas precisavam ativar um lembrete para se lembrassem, quando esquecessem.
Marguerite ligou os transportes do firebird de Paul e  Theo ao seu, então, quando eles mudassem de dimensão, ela, quando mudasse, iria para a que ele estivesse.
O enredo se passa nessa saga, eles mudando de dimensão, vivendo histórias diferentes, se apaixonando e se confundindo e, no final, o culpado não é quem imaginamos, a história toda parece se contradizer, mas as viagens dimensionais explicam tudo.
É um livro interessante, principalmente por essa ideia de dimensões, que instiga e gera curiosidades e por supera as expectativas em relação aos mistérios da história.

domingo, 21 de julho de 2019

Piadas da casseta


Este livro contém piadas escritas pelos integrantes do Casseta & Planeta, é fininho e pequeno. Escolhi lê-lo um mês em que já tinha cumprido meus desafios literários e queria ler um livro pequeno, antes que o mês acabasse, optei por este pra rir um pouco (rs, só que não). Quando eu era criança amava Casseta e Planeta, e acho engraçado como a gente não percebia preconceitos, ria deles e ainda achava que estava tudo normal, mesmo ainda sendo criança. Porém, as pessoas atingidas pelos preconceitos é que sabiam o quanto não estava tudo normal. 
Tem quase 20 anos de lançamento e fico chocada como em tempos atrás, não muito distantes, os preconceitos eram tão bem aceitos ou engolidos e tão facilmente falados!! Eram destinados aos negros, às mulheres, aos gordos e a muitos outros.
É bom saber que o humor brasileiro tomou outros rumos, repeita mais as pessoas e tem o objetivo de fazer rir e causar alegria apenas, sem fazer mal a ninguém.


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Desafio abril - "Eu sou Malala" e "A importância do ato de ler"

Desafio literário duplo cumpridooo ✅✅
Este mês ficou quase impossível e acabei terminando em maio, por conta das correções de dissertação, enfim, cumpri!
#desafioleiamulheres do mês de abril era ler uma autora asiática. E "caiu como uma luva", porque dias antes de conferir a leitura do mês, desejava muito ler este livro. Escolhi ler "Eu sou Malala", de Malala Yousafzai e Christina Lamb.

Li o livro em PDF e foi uma leitura INCRÍVEL!! Que menina!!
Este livro é mais um que compõe muito sobre o que sou apaixonada: biografia, mulher empoderada, luta por educação, história e política!! Ele diz muito sobre a cultura do Paquistão. Este é um ponto essencial porque nos leva a desconstruir preconceitos sobre aquele povo e conhecer quem eles são, nem todos são terroristas e só pensam em guerras, Malala destaca muito bem isso e apresenta um outro lado sobre sua cultura que não é valorizado ou mostrado pelas mídias mundiais.
Malala conta sobre sua trajetória de vida na luta pela educação de meninas no Paquistão, país onde morava. Entre 11 e 16 anos já falava em público e defendia a educação para as meninas. Sofreu um atentado talibã por isso, e, por um "milagre", sobreviveu e continua sua luta. Cita seu pai como seu maior mentor e inspirador, ele tinha uma escola, é super revolucionário, era professor e muito diferente dos homens machistas do Afeganistão.
Ela descreve o lugar em que mora, especificamente, Mingora, no Swat, como um local que nevava e fazia muito calor, ia-se de um extremo a outro, além disso, tinha enchentes, terremotos. O país é marcado por guerras e brigas, que alteravam ainda mais a estabilidade de vida daquela população. Não bastassem os problemas políticos, culturais e religiosos tinha ainda os naturais, como lamentou Malala.
Um dos assuntos que me causa bastante indignação, e é afirmado com detalhes no livro, é a maneira como as mulheres são tratadas nessa parte do Oriente. Elas são nada e homens são tudo, embora existam homens diferentes, como o pai de Malala, porém é minoria. Elas não podiam ir às escolas, o que, pra nós é um absurdo. Não podiam ir aos hospitais, andar na rua sem o acompanhamento de um homem da família, tinham que provar violência/estupro com 4 testemunhas masculinas, ou seja, raramente conseguia se provar isto. Seu dever é procriar e servir ao marido. Isso me faz ver como a luta feminista, a luta por direitos das mulheres foi e é muito importante para um viver digno.
Os swats seguem muitos rituais preceituados pela religião, são muito ligados a isto. Têm o dever da hospitalidade, seguem à risca a ideia de “olho por olho e dente por dente”, por exemplo, não agradecem, porque acham que agradecer é pouco para retribuir a um favor ou a uma bondade recebida, assim, eles têm que retribuir com ações à altura, agora, se for um mal, gera-se quase uma guerra, embora o Alcorão (livro de fé da religião) diga que devem ser pacientes. Malala e sua família remavam contra a maré do que era e ainda é a prática islâmica religiosa.
Malala tem o senso político muito apurado, já que sempre teve influência de seu pai e tinha-o como uma referência pra conquistar seus direitos e de suas amigas, negados por governos, que ela descreve como extremamente ditatoriais. Os caras eram uns santos em épocas de campanha, depois sumiam e só roubavam muito, bem parecido com o Brasil, não é mesmo? Rs.. Falou de um governante, em 2003, aproximadamente, que mudou bastante coisa no que diz respeito às tradições bizarras da cultura, do cotidiano, principalmente no que dizia respeito às mulheres, o que era raro, pois era costume as pessoas serem ameaçadas de morte e mortas porque não seguiam às leis religiosas, que se misturavam com as leis jurídicas. Também não muito distante do Brasil.
Devido aos governos, a escola sofria diversos ataques porque tinha aula para meninas, o pai dela foi ameaçado de diferentes maneiras por isso e porque não obrigava ninguém a usar uniformes ou roupas obrigatórias do local, sendo destinada para mulheres a burca e para homens um tipo de vestimenta específica para andarem nas ruas.
As meninas foram proibidas de frequentar as escolas, quem não cumprisse as ordens já imaginava consequências terríveis. O pai de Malala dava entrevistas de protestos e questionamentos, para muitos, de afronta, logo, tinha sua vida e de sua família em risco. Malala o admirava e seguiu os mesmos passos de seu pai, efetivamente com 11 anos. Diante de sua visibilidade junto ao pai, a esta altura já falava sozinha nos lugares, foi convidada, em oculto, a fazer um diário sobre como era viver na guerra. Usava um pseudônimo (falso nome) para contar com detalhes e denunciar as violações que ela e seu povo, principalmente as mulheres, sofriam. Isso era publicado, como se fosse em um jornal. Fico pensando, deve ter sido aventureiro, embora de uma cautela sem medida!
As escolas que permitiam a entrada de meninas sofriam atentados, homens bombas explodiam o lugar sem se importar que crianças estavam ali. Malala e suas amigas, inclusive, ficaram alguns tempos sem frequentar a escola por causa dessas atrocidades, pra proteger suas vidas e dos outros.
Destaco também a parte que ela fala sobre Bin Laden, foi muito interessante!! Porque vemos uma outra versão dos fatos. A história contada por quem viveu um fato é deslumbrante! Segundo ela, não foi Bin Laden que liderou e organizou o ataque às torres gêmeas, em setembro de 2011. Foi um outro grupo de religiosos que queriam se vingar dos EUA pelas sacanagens que eles tavam fazendo com Paquistão, Malala pontua que esta não seria a melhor forma de fazer isso, até porque muitos inocentes pagaram o que não deviam com a própria vida. Ela relata ainda que o pessoal do Paquistão foi obrigado, chantageado a ajudar os EUA a encontrar Bin Laden, com guerras, mortes, etc.
Os patchuns (grupo religioso e local do qual Malala e sua família faziam parte) não concordavam com os talibãs. Todo Paquistão não era talibã. Estes faziam com que as pessoas de fora achassem que todos eram terroristas, o que não era uma realidade. Ela não gostava que as pessoas agissem assim, não achava justo. Cito a autora Nosso país estava enlouquecendo. Como era possível que agora festejássemos assassinos?”, os talibãs matam por qualquer motivo e as pessoas ainda os apoiavam. Liberdade de expressão é zero lá.
Assim, Malala sofreu um atentado, dentro do ônibus escolar, recebeu tiros quase que à queima roupa e ficou muitos meses mal no hospital, quase que perdeu a vida por lutar pelo que, pra nós, é simples, educação para meninas. Mas não só isso, ela questionava a fome, a desigualdade, o fato de que os governos se preocupavam com coisas fúteis enquanto pessoas sofriam a negligência do Estado.
Parece uma história de um passado distante, mas tudo isso aconteceu há menos de 10 anos atrás. Além disso, é preocupante como as pessoas do Brasil não estão distantes dos Talibãs e daqueles que os apoiam, desejando a morte de quem está fora daquilo que consideram uma norma, inclusive religiosa.
Termino com uma fala de Malala, quando seu pai sugere que deixem de falar e lutar por seus ideais, ao se deparar com a filha muito mal no hospital: “Como? Não foi você que disse que, se acreditamos em algo maior que nossa vida, então nossas vozes vão se multiplicar, mesmo que a morte chegue?, (...) Não podemos desonrar nossa campanha!”.
Malala tem um fundo destinado para a educação de meninas no Paquistão e sua luta não para! Histórias assim me inspiram, me emocionam e me dão vigor à luta! Não podemos parar!

Bônus:
1/2- Existe uma adaptação deste livro destinada ao público infantil e é brilhante!! No canal do YouTube A cigarra e a formigasua tutora fala sobre este livro além de outros (também infantis) sobre mulheres que causaram no mundo.
3 - No livro da Malala, a autora faz algumas citações e indica o livro "Uma breve história do tempo", de Stephan Hawking, sobre as questões mais intrigantes que o ser humano tem a respeito da vida. Despertou muito interesse em mim, fica aqui a sugestão.


Para o #Desafio1LivroPorMês  escolhi "A importância do ato de ler", de Paulo Freire, o deuso! Este livro é curtinho, foi essencial, pela falta de tempo no mês de abril. Ler Paulo Freire é sempre um prazer.



Este livro é a escrita de uma oralidade, a "eternização" de uma, poderíamos chamar de conferência, em que o autor fala sobre a alfabetização de adultos; a elaboração de bibliotecas populares; e a prática disso em Cabo Verde, na África.
Por hoje é isso!! ;-)
E já começo com o seguinte "tiro":
"A educação deve ser vivenciada como uma prática concreta de libertação e de construção da história. E aqui devemos ser todos sujeitos, solidários nesta tarefa conjunta, único caminho para a construção de uma sociedade na qual não existirão mais exploradores e explorados, dominantes doando sua palavra opressora a dominados”.
Paulo Freire propõe uma alfabetização completamente diferente da que temos acesso em nossas escolas, e essa não é uma proposta nova, afinal, o deuso é o patrono da educação, o que é um descaso, lembrando que o cara é mais valorizado no exterior do que aqui e outra, Bolsonaro não acha que ele deveria ser o patrono, questiono-me sobre quem seria de sua preferência.. Enfiimmm...
Paulo Freire não acreditava na eficácia política, libertadora e emancipatória que a educação tem que ter neste modelo que temos. O método de ensinar por letras e sílabas, bem como apenas a apresentação de uma imagem sem um contexto não é suficiente. Logo, viu a necessidade de entendimento de mundo antecedendo o entendimento da palavra em si. Ele deu o exemplo do tijolo, em suas práticas de alfabetização de adultos em escolas populares, nesta priorizava contextualizar o tijolo com, por exemplo, obras e pedreiros e desenvolver, com os educandos, conceitos e entendimentos sobre a cultura e seus desdobramentos.
Ou seja, a leitura demanda uma vivência de mundo.
Alfabetização não deve ser memorização, isto não é conhecimento, além disso os conhecimentos “deveriam vir carregados da significação de sua (educandos) experiência existencial e não da experiência do educador”. Ele não era a favor de uma educação dada como simples significado, nem de ser apenas recebida, depositada pelo educando (o que em outros livros chamou de "educação bancária"), mas educação deve ser uma troca e um processo de construção em coletivo.
O professor não deve tratar o educando como um  paciente, que só recebe informações. É preciso falar e ouvir, reconhecer a ingenuidade dele e superá-la junto com ele, este exercício gera também o reconhecimento de sua própria ingenuidade.
Paulo Freire ainda destaca que a educação é política, e vice-versa, logo, educação é poder. E assim, está contra e a favor de alguém ou alguma coisa. Faz referência a Gramsci, no que diz respeito à revolução partir de dentro pra fora, a escola é o meio pra que isso aconteça, embora ela possa ser um meio de manutenção da cultura hegemônica da burguesia, como acreditava Marx. Porém, assim como foi mecanismo pra manter essa cultura, pode ser o meio para a transformação dela também.
Sobre a Biblioteca popular, ele acredita que deve ser montada por seus integrantes local, com histórias, mitos e costumes locais, não deve ser uma concessão ou uma imposição de cima pra baixo, o caminho deve ser contrário. O povo faz suas escolhas e criam suas histórias. Isso foi genial pra mim! Paulo Freire falou de fazer a história na qual se está presente, não apenas representado por ela. Os exercícios feitos nesse sentido, além da alfabetização para adultos de Cabo Verde, era de listar palavras, ler um texto que contivesse essas palavras e os educadores deveriam escrever sobre a cultura e história local, depois solicitava que os educandos fizessem o mesmo: criassem o texto sobre suas histórias e culturas, utilizando as palavras listadas.
Este trabalho deve ser, e diante dos embates que encontramos no fazer profissional, complexo e difícil, porém é necessário para uma educação, de fato, crítica, política e emancipatória, o que nos falta muito. Eu não faço aqui críticas aos professores, na verdade, eles são, junto aos educandos, as maiores vítimas desse sistema educacional que temos no Brasil.
Achei interessante também e não podia deixar de destacar a importância da utilização dos termos e o quanto isso faz diferença na questão da liberdade e da igualdade entre educandos e educadores e estes entre os que seriam seus pares. Freire se refere a todos, em sua cartilha, como "camaradas". As palavras têm seus significados explícitos e implícitos também! Isso precisa ser valorizado, precisamos estar atentas!
E termino com esse "hino", sobre a educação que Paulo Freire espera que tenhamos:
"Uma educação completamente diferente da educação colonial. Uma educação pelo trabalho, que estimule a colaboração e não a competição. Uma educação que dê valor à ajuda mútua e não ao individualismo, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade, e não a passividade. Uma educação que se fundamente na unidade entre a prática e a teoria, entre o trabalho manual e o trabalho intelectual e que, por isso, incentive os educandos a pensar certo. Uma educação que não favoreça a mentira, as ideias falsas, a indisciplina. Uma educação política, tão política quanto qualquer outra educação, mas que não tenta passar por neutra. Ao proclamar que não é neutra, que a neutralidade é impossível, afirma que a sua política é a dos interesses do nosso Povo" (p.48).

Por hj, é isso!

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Desafio Março - "Tropical sol da liberdade" e Ética socioambiental"

Desafio duplo literário cumprido mais um mês ☑☑ 
Confesso que este mês foi mais complicado que os anteriores, já que as férias acabaram, a rotina de textos acadêmicos aumentaram e as correções textuais também. Mas, nada que uma abdicaçãozinha e uma administração do tempo não ajudassem.

O #DesafioLeiaMulheres do mês de março era ler uma escritora contemporânea nacional. Assim, escolhi Ana Maria Machado e seu livro "Tropical sol da liberdade". Era um livro que estava esquecido na prateleira e resolvi destacá-lo novamente.

  

Este livro foi um daqueles que marcaram a minha vida. Ele é fictício, mas de um contexto histórico bem próximo do que foi a realidade da época apresentada. A protagonista é Lena (Helena Maria de Andrade), jornalista, uma mulher exilada na ditadura militar, que relembra suas memórias vividas neste período da história brasileira. 
O narrador da história está em terceira pessoa, ela contém falas dos personagens, os quais se expressam, se posicionam e falam de si. 
O cenário principal, onde Lena explana suas memórias, é na casa de sua mãe, Amália, com quem tem crises de relacionamento, porém, é ao lado desta que passa maior parte do tempo (atual, no enredo) se cuidando dos resquícios da ditadura em si.
É impressionante como a autora se utiliza das memórias de Lena para mostrar como as coisas funcionavam naqueles tempo: as aulas; os movimentos estudantis; os jornais; a política; como a resistência era confundida com terrorismo e antipatriotismo; além da vida social, que, para os que não eram ativamente envolvidos com as questões políticas do país, imaginavam que a ditadura era a melhor opção (o que não é muito diferente de hoje). Ela enfatiza como funcionavam as censuras, os subornos, as torturas, os exílios, invizibilizados pelos seus atrozes.
Helena é incitada a escrever sobre suas experiências, em forma de uma autobiografia, mas ela não via condições para isso, por causa de seus problemas de saúde, então, pensou em fazer uma obra fictícia. Porém, passa todo o enredo nessa briga do que fazer: ficção ou realidade?; censurar-se ou isolar-se? Esta, entre outras, eram questões existentes de forma comum nos escritores, segundo ela.
Como tenho muito interesse em leituras sobre ditaduras, esta foi mais uma que me prendeu, me encantou e super indico. Embora, a autora não siga uma linearidade nos capítulos, talvez caracterizando a "confusão" que era a mente e as decisões de Lena, depois de todos os traumas sofridos pela ditadura e pelos rumos que sua vida tomou. 
O livro é isto: lembranças de Lena. Sobre sua infância, seus amigos de militância, seus irmãos, muito ativos politicamente; a vida de exílio; sua relação complicada com a mãe e; a tentativa de criar uma história para trazer essas memórias ao conhecimento dos que por ela se interessassem.

Para o #Desafio1LivroPorMês, li "Ética socioambiental", de Josafá Carlos de Siqueira.


Esse foi bem tenso de ler. Embora seja pequeno, o autor é defensor de ideias das quais discordo. Ele trata a questão socioambiental e da sustentabilidade como algo que é um problema, antes de mais nada, individual, defendendo que se as pessoas se conscientizarem dos malefícios que a natureza vem sofrendo e mudarem seus hábitos de consumo, exploração e cuidado, as coisas vão mudar. Tudo vai entrar em harmonia, jogando a solução toda na ética que se espera das pessoas e acaba individualizando, personalizando as causas ou os causadores do problema. Não é bem assim. 
Ele até cita as consequências geradas pelo sistema capitalista, mas é muito superficial ao defender ideais que envolvam isto, no que diz respeito aos mecanismos para resolução delas. 
As questões socioambientais devem ter atenção e direcionamento, principalmente, do âmbito estatal para mudanças necessárias neste contexto. As leis de responsabilização devem ser respeitadas, as políticas públicas cumpridas, sem lavagem de dinheiro, corrupção, sem que uns paguem pra ter as leis violadas, enfim... Os donos dos latifúndios precisam de um freio; os governantes precisam parar de pensar só em lucro pro Brasil. Todo mundo sai prejudicado com isso. 
O caminho para um solução é das duas partes, do macro e do micro, do local e do global, porém, é mais um trabalho de iniciativa de cima pra baixo do que ao contrário. 
Fora o fato de o autor citar a questão religiosa nesse quesito.. Eu tenho sérios problemas com isso, política e religião, conhecimento científico e conhecimento religioso não rola! E outra, ele lança na educação e, consequentemente, nos professores a responsabilidade para solucionar os problemas socioambientais, com a "reeducação do ser humano" rs.. Aff.
Nunca critiquei tanto uma leitura. rs

Bjos

terça-feira, 19 de março de 2019

10 motivos para gostar de ler

Eu sou suspeita de falar sobre leitura, livros e tudo que envolva isto. Por amar ler e ter total consciência dos bons retornos que me traz, decidi compartilhar e contribuir para o despertar desse desejo nxs outrxs.
Antes de mais nada, desconstrua a ideia que você não gosta de ler. Esteja aberto a procurar entender o que realmente acontece com você em relação a leitura. Em breve, postarei sobre por que você acha que não gosta de ler, não deixe de conferir e buscar esse hábito tão valioso.
Agora vamos nós! 10 motivos para gostar de ler:

Aquisição de conhecimento - entender melhor o mundo e os outros

Este é motivo mais interessante, pra mim. O ato de ler nos proporciona adquirir conhecimento e de todo tipo! Quando lemos, conhecemos as coisas ou assuntos por conta própria, sem influência de interpretação de ninguém, fazendo com que possamos tirar nossas próprias conclusões a respeito de algo. O que dificulta o fato de sermos enganados, manipulados. 
Vale ressaltar que qualquer leitura está carregada de posicionamento e opiniões, muitas vezes, manipulações até de baixo nível, tanto de quem escreve, quanto de quem lê, porém, lendo, temos a autonomia de buscar respostas e confirmações sobre qualquer coisa.
A aquisição de conhecimento é importante, antes de mais nada, para entendermos melhor, não apenas, o mundo, suas regras, restrições, mas para entendermos e compreendermos melhor os outros. Quando nos dispomos a entender o outro as coisas caminham de maneira mais leve e tranquila. 
Conhecimento é necessário para si e para lidar com o outro.

 Apropriação da norma padrão da língua 

Considero este motivo essencial no que diz respeito às exigências formais da escrita e da leitura. Quando lemos, parece que assimilamos as regras de forma automática, mesmo que não as conheçamos teoricamente. Quem tem o hábito de ler, resolve questões de uma prova, por exemplo, com mais facilidade, porque a pessoa acha que vai pela lógica ou pelo que parece certo, pelo que faz mais sentido ou que "fica menos feio", mas isso é nada menos que a regra automatizada em sua mente.
Conhecer as regras é importante, ainda mais pra quem tem a necessidade da escrita acadêmica, formal, técnica, diariamente, entretanto a constância na leitura facilita muito as coisas.

Ampliação de vocabulário - ajuda a expressar melhor


Ler nos faz aprender novas palavras e seus significados, muitas vezes, sem olhar no dicionário, pois o contexto nos "induz" a descobrir o significado de algumas palavras, aumentando o nosso "vocabulário mental". Isto é importante porque facilita a comunicação e a compreensão. Quantas vezes, tivemos que explicar uma nova ideia, com palavras diferentes e mais detalhes pra sermos entendidos? Isso pode se dar por empregarmos palavras erradas em contextos errados, atrapalhando o entendimento claro na comunicação. 
Nem sempre conseguimos expressar em palavras (faladas, cantadas ou escritas) aquilo que pensamos e a falta de vocabulário pode ser o motivo ou aquele que dificulta a vida.

Aguça ao raciocínio e a criatividade

Este motivo pode decorrer dos anteriores, mas a leitura contribui para o desenvolvimento do raciocínio graças ao hábito de lidarmos com a interpretação textual com frequência por meio das leituras. A maioria das coisas, com um tempo, se reproduzem no automático em nossa mente. 
De igual forma é com a criatividade. Ler diversos tipos de histórias contribui pra que alimentemos nossa criatividade e, com a regularidade, ela acontece naturalmente. Além disso, quando lemos, criamos imagens, espaços, cenários, personagens, situações em nossa mente. Isso é uma magia deslumbrante!

Acalma e distrai

Antes de mais nada, não vejo nem defendo a leitura como algo que deva ser um mundo paralelo, não a ponto de a pessoa não ver mais graça no "mundo real" ou não desejar mais se sentir integrante dele. A leitura acalma e distrai. Problemas sempre temos e, muitas vezes, só nos resta esperar. Para a ansiedade não tomar conta, a leitura pode ser uma fuga muito saudável.
Obs.: Uma pessoa diagnosticada com ansiedade tem dificuldade de se concentrar e ler um livro, por exemplo, não é disso que estou falando aqui, pois entendo o quanto uma leitura poderia ser quase impossível neste caso.

Traz novas experiências - te leva sem precisar ir

Além disso, podemos "ir a lugares", "visitar culturas" diversas por meio da leitura. A descrição desses assuntos, até em histórias fictícias, nos permitem isto. Por exemplo, o livro "A cidade do sol", é uma história fictícia, mas o autor descreve lugares, costumes, modos de falar do oriente médio, isso é fabulo!


Anula a solidão

Com a leitura, você não se sente só. Quando se ama ler, tudo o se quer é um lugar sem ninguém e com silêncio. Quantas pessoas não choram, sonham, se envolvem com os personagens ou com experiência, com a descoberta que as leituras proporcionam? Não tem como viver solitário quando se tem um livro por perto, seja em condução, viagens longas, em casa sozinhe etc.

Eleva a autoestima

Quando lemos, os sentimos mais inteligentes, mais sábios ou, ainda que mais ignorantes por entendermos que ainda precisamos saber muito, entendemos que estamos no caminho certo, da evolução, da busca pelo conhecimento, da dúvida, das perguntas. Ler nos dá essa sensação de "estou sabendo um pouco mais sobre tal assunto" ou "caramba, eu fui capaz de descobrir isso" ou "desconstruir aquilo".  Não existe sensação melhor durante uma leitura!!


Exercita os neurônios

De todos os motivos anteriores e do próximo, sou prova viva dos resultados que a leitura proporciona. Este, confesso que já ouvi falar diversas vezes, mas não me recordo da fonte. Então, quem lê exercita seus neurônios e tem mais dificuldade para ter problemas como o alzheimer, problemas de memória ao longo da vida, claro, quando a pessoa não tem  uma tendência a ter essas doenças.
Então, viva mais tempo com qualidade, leiaaa!!


 Viver melhor

Todos esses motivos contribuem pra que vivamos melhor conosco e com os outros. Parece piada que a leitura cause tudo isso, mas é verdade! Ela é empoderadora, emancipadora, contribui para que sejamos livres e autônomxs, saudáveis, compreensivos, menos estressadxs e impulsivxs.
Faça a prova disso e seja feliz!


sexta-feira, 1 de março de 2019

Desafio fevereiro - "Armadilhas ficcionais: modos de desarmar" e "Persépolis"

Mais um mês, desafio duplo cumprido novamente! ✔✔
Para o #desafio1livropormês escolhi "Armadilhas ficcionais: modos de desarmar", sob a organização de Carlinda Fragale Pate Nuñes. 

                     

Este livro foi indicação do meu professor para ajudar na minha pesquisa sobre poesia e canção, aproveitei o embalo e uni o útil ao agradável. Ele é mais teórico, o terceiro livro de uma série, sendo a primeira "As partes da maça: visões prismáticas do real"; a segunda, "Forçando os limites do texto - estudos sobre a representação".
A obra compõe 6 artigos científicos, desenvolvidos por professoras diferentes, dentre elas a organizadora (parando pra pensar, li mulheres duas vezes neste mês *...*). As autoras apresentaram brevemente e examinaram romances narrativos, com a proposta de mostrar armadilhas que a ficção prega aos leitores e mecanismos para que estes não se deixem levar pelo jogo textual, não se permitam induzir para o que o texto propõe, mas que eles devem jogar o jogo textual como quiserem. Eu achei isso extremamente deslumbrante, porque criticar um romance, no que diz respeito a interpretação e a criação de novos caminhos, reafirma a literatura como algo libertador, sem amarras e livre para a emancipação e criatividade humanas.
Elas trouxeram conceitos como mímeses, que, a grosso modo, seria uma imitação da realidade, mais utilizado no período clássico; e performance, esta vai além da mímeses, levando em consideração que o autor não é isento de influências mil para interpretar uma realidade, assim, a intertextualidade, as referências estão sempre presentes na performance. Na primeira, existe uma observação da realidade e sua experimentação; na segunda, o que há é uma interpretação questionada, tem a interferência do autor pelas suas memórias do que seja a natureza (a realidade, que não é algo dado, é um "processo de autorrealização"), o que caracteriza a literatura moderna, segundo as autores e seus autores de base. 
A apresentação foi feita pela organizadora, introduzindo o livro e os assuntos dos quais as autoras tratariam no decorrer dele. O primeiro artigo foi da autoria de Maria Antonieta Jordão de Oliveira Borba, com o título "Construções do objeto estético: as relações entre mímese/performance e schema/correção", foi o mais conceitual, acredito que para servir de base para melhor entendimentos dos capítulos a seguir.
O segundo é de Carlinda Fragale Pate Nuñez, "Jogos fictícios na Veneza de Thomas Mann", focando nas questões dos jogos textuais e a relação autor/narrador, leitor/texto. O terceiro de Fátima Cristina Dias Rocha, "São Bernardo e Sargento Getúlio: vozes e gestos em contraponto", achei muito interessante a abordagem de autorretrato e autobiografia, além de citar que a narrativa é "recompor a vida pela linguagem". 
O quarto foi de Ana Lúcia Machado de Oliveira, "Sobre a configuração Babelbarroca da prosa minada de Haroldo de Campos", destacando o resgate do autor aos modos de escrever e interpretar seiscentistas, em sua obra "Galáxias", com a questão da dobra, das multiplicidades, intertextualidade, finalizando a ideia de que o texto se constrói no outro, citando Campos, o autor vai se eximindo para dar lugar a um "outro devir", o leitor.
Parece óbvio, mas é importante destacar que jogo textual e suas imposições, bem como o jogo que o leitor escolhe jogar, estão inerentes à língua literária, à forma como o texto é escrito e nas artimanhas que o texto traz. No quinto artigo, de Ana Cristina de Rezende Chiara, "Lori lambe a memória da língua", isso fica bem claro, já que a ponografia infantil passa a ter outro viés interpretativo, segundo sua defesa sobre o livro de Hilda Hilst. Além disso, este foi o texto super interessante, que mais me deslumbrou! Essa professora arrasa mesmo!
E o último, não menos interessante, é de Sílvia Regina Pinto, "Desmarcando territórios ficcionais: aventuras e perversões do narrador". Enfatizou a questão da narrativa e seus tipos de narradores (clássico, moderno, jornalista, testemunha do olhar e performático); da linguagem, afirmando que o processo mimético deve ser democrático, bem como a liberdade para a produção de significados.
Bem, foi isso! E eu amei o livro! Alimentou mais a minha paixão por literatura. Ficou um pouquinho grande e teve mais forma de resenha, mas foi necessário.

#desafioleiamulheres deste mês era uma História em Quadrinhos (vulgo, HQ). Tava desesperada tentando achar uma, porque só conhecia uma e queria ler algo diferente, até que pedi indicação no Facebook e tive ótimas recomendações, achei algumas online, escolhi ler "Persépolis", de Marjane Satrapi.

                

Geeenntee, que história maravilhosa! Li em um dia. Satrapi juntou algumas coisas que gosto muito: autobiografia, história em quadrinhos, política, ditadura, revolução, feminismo, personalidade forte... Aaai.. tô em êxtase! A partir de hoje vou ler mais HQ. É bom demais!
Vamos à história de fato. Marjane conta sobre sua vida, a princípio, no Irã (antes chamado Pérsia). Ela era neta de um imperador da Pérsia, que foi derrubado pela oposição. O período que ela descreve é a guerra entre o Irã e o Iraque, além dos países do ocidente, que queriam o território do Irã por causa do petróleo, principalmente. Existiam ainda as brigas religiosas e as guerras civis por causa da opressão, da ditadura e da violência sofrida por qualquer motivo.
Marjane cresceu em uma família politizada, embora seus pais não tenham sido tão engajados como seu avô e seu tio, este foi preso, torturado, exilado, eles educavam-na para ser livre, lutar por liberdade e se emancipar, ainda que não fosse no Irã, já que lá tinha costumes tão rigorosos sob pretexto religioso, mas as regras eram mais de cunho moral.
A menina sempre foi a rebelde, questionadora, era expulsa das escolas, desde criança queria lutar por seu país e fazer justiça. Devido a isso, seus pais acharam melhor enviá-la à Áustria para que não acabasse presa, torturada e morta em seu país de origem. Lá, ainda adolescente, "comeu o pão que o diabo amassou"! Coitada. Não se adaptava, sofria preconceito, tava sempre se mudando, teve  amores, desamores, decepções, depressão, perdeu seus princípios, não se reconhecia mais e estava sozinha.
Até que resolveu voltar à sua terra. Fez faculdade de artes gráficas (belas artes), casou, descasou e partiu, novamente, agora, para França, onde fez seu livro, ganhou prêmios e foi autora da primeira HQ iraniana.
A personalidade de Satrapi é admirável, ainda que errasse, reconhecia isso e buscava melhorar. Acreditava que a grande causa das guerras no Irã e da revolução era a desigualdade de classes, ela queria acabar com isso. Com  o passar do tempo, percebeu que as questões de gênero em seu país eram absurdas, o que contribuiu muito para que ela fosse embora. Sempre questionava professoras, guardas, freiras, colegas de classes, colocando em xeque os padrões sem sentido impostos pelo governo, que só violavam e emburreciam as pessoas, para que o foco da revolução fosse desviado, afinal, as pessoas deveriam se preocupar mais com as punições que sofreriam com a violação de leis sobre vestimentas, festas, bebidas, namoro do que com seus direitos à liberdade, de ir e vir, de expressão, orientação sexual, enfim.
Satrapi se tornou a minha mais nova referência literária!
Pra quem quiser, segue o link do livro em PDF, lembrando que no site da Amazon ele tá baratinho ;)

É isso, pessoal! Bjs..

Mais uma vez, seguem os links dos desafios literários:



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

"Antígona" - Sófocles



Eu sou apaixonada por mitologia, ainda mais a grega! Então foi uma leitura bem tranquila. Para alguns, "Antígona" é parte de uma trilogia (Édipo rei; Édipo em Colono; Antígona), pois conta a história da família e são todas da autoria de Sófocles, porém não é, pois não existiu essa intenção vinda de continuidade vinda do autor, e não escreveu as tragédias nessa ordem. No entanto, na minha opinião, funcionaria muito bem :-)
O mito tem Antígona como protagonista, filha de Édipo. A trama se dá em torno da própria querendo cumprir uma lei divina, de enterrar seu irmão e fazer suas honras fúnebres, porém, fazendo isto, ela violaria a lei criada por Creonte, seu tio, atual rei da cidade de Tebas. 
(Contextualizando...) Polinices e Etéocles eram os irmãos de Antígona e Ismene, todos filhos de Édipo e Jocasta. Eles se revesavam no reinado, um ano sim outro não. O segundo reinou seu ano e, no ano seguinte não queria entregar o trono ao primeiro, então, este montou um exército, guerreou contra seu próprio irmão e seu povo. Os dois morrem na batalha. Aí, começa o enredo.. Creonte achou um desaforo e total desrespeito o que Polinices fez, assim, proibiu qualquer honra fúnebre a ele, no entanto, quem o fizesse seria devidamente punido.
Antígona preferia respeitar a ordem dos deuses do que de seu tio, tirano, fazendo o que ele achava que devia, e não era uma decisão popular. Isso custaria a sua vida, mas ela não se importava, sua honra estava em agradar aos deuses, morrer, se fosse o caso, mas era essa sua preferência. O que indignou Creonte, por ele ser o rei, tio dela e homem, sentiu seu ego ferido e desacatado. 
É um mito curtinho e se desenrola no julgamento de Antígona e sua punição por ter desrespeitado a ordem do rei, que não se importava com o abuso de poder que exercia, só queria cumprir sua palavra diante do povo.
Eu amo essa tragédia, pois ela traz questões sobre o machismo, mesmo que esse conceito não fosse reconhecido e entendido na época, além disso, protagoniza uma mulher corajosa, determinada, para muitos, arrogante, prepotente, mas, para outros, "revolucionária".

Um abraço! Leia mitologia grega *...* 


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Desafio aceito! "Bíblia em ação" e "O recomeço" - Janeiro


Para de preguiça e leia tudo! 
Aaaa.. antes de mais nada, te desafio a ler também!! Janeiro já passou, mas você pode começar o desafio agora!
Após ver uma postagem da minha professora maravilhosa, Vanessa Reis (o link do blog dela segue no final deste post), que falava sobre o desafio literário duplo, então, resolvi aceitar o desafio também (duplo, é claro, se não, não seria eu). 
Ele consiste no #Desafio1LivroPorMês e #DesafioLeiaMulheres, o que quer dizer?? O óbvio! O primeiro, ler um livro por mês, não importando de qual gênero ou autorxs*; e o segundo, um livro de uma autora por mês, porém, há regras. Ao fim, colocarei os links dos desafios para entender melhor.
Vi o post da minha professora no finzinho de janeiro, quando já tinha lido dois livros (Opa.. salvei um desafio ✔), depois desses dois, tinha começado a ler um livro de autora, mas não era um livro clássico, como mandava o desafio. Então, pra não perder o mês de leitura, troquei pelo mês de dezembro, que será uma escolha livre de gênero literário.
Desde já, afirmo que não é fácil conseguir ler 2 livros por mês! Quem me conhece sabe o quanto isso é mole pra mim, porém, reconheço o quanto é difícil, ainda mais pra quem não tem o hábito de ler. E aí vai mais uma afirmação: não é impossível!! Em breve, vou postar dicas pra se tornar "viciade*" em leituras e por que ler faz tão bem.
Eu entrei no desafio porque com a faculdade, trabalho, treino, família, amigos e blá, blá, blá, fica quase impossível manter uma rotina de leitura além daquelas exigidas academicamente e o desafio serve pra motivar

Todos os meses (e retomando meu blog, finalmente <3, quase que o Google cancelou minha conta ¬¬') postarei um resumo, resenha ou comentários sobre os livros que lerei (como eu já fazia antes, aliás, fuxique meu blog todo!!). Como farei a seguir:

No mês de janeiro, cumprindo o desafio 1 livro por mês, li "Bíblia em ação: a história do mundo", de Sergio Cariello.

        

Essa vai para os amantes de quadrinhos e histórias da bíblia. Como eu amo os dois, foi perfeito!
A linguagem é bem mais acessível, compreensível, interessante, já que tem figuras (rs, aliás, os desenhos são maravilhosos!! Eu realmente viajei). Cabe ressaltar que a história, as falas, não seguem à risca como está na Bíblia, nem abrange a todas elas, além de ter acréscimos do contexto histórico da época, o que tornou mais interessante, e isso foi pontuado pelo autor (um ponto pra ele pela ética! [Palmas]).
Algumas coisas podem acabar sendo deturpadas, na minha opinião, mas respeito opiniões divergentes, é sempre bom ler algo diferente para que o senso crítico esteja sempre apurado. Além do mais, essa é mais uma versão da bíblia, loooogo, isso é bem comum.
Li mais rápido do que imaginei (são mais de 700 páginas), mas por ser em quadrinhos facilitou muito. Adorei e recomendo!!

Cumprindo o desafio leia mulheres, li "O Recomeço", de Gleise Sátiro (Minha amiga da faculdade, vale ressaltar!).
     

Olha, este livro... Me surpreendeu! 
É um romance fictício, cuja protagonista é Lívia, mais conhecida por Liv. Ela achou um cachorrinho de rua que mudou sua vida, aposto que é o sonho de consumo de qualquer ser humano (óbvio, pra quem vive a história de um livro como eu... como se fosse a biografia de alguém ¬¬'). Você deve estar se perguntando: "por quê?", pois eu respondo. Seguindo, ela achou o cachorro, levou ao veterinário, que se tornou o amor da vida dela! Porém, há um mistério com esse cara, que a gente só descobre depois da metade do livro! O.o Que eu não vou contar, claro! Odeio spoilersss!!
Enfim, Lívia mora sozinha, é formada em química, tem 25 anos ¬¬' (e já começo a invejá-la!), encontra o cãozinho e o nomeia Barry. Tem uma amiga muito louca, Babi, esta namora o Tony, aliás, a amizade deles é linda, principalmente, entre ela e a Bárbara! A história contém ainda como personagens os pais de Liv, de Carlos (o veterinário), além de porteiros, colegas de trabalho, pessoal de balada, enfim..
Lívia tem sonhos sobre o passado que a perturbam, ela fica muito mal com eles, foi uma ausência que ela superou, na verdade, jogou pro subconsciente, e, claro, como tudo de que fugimos e jogamos pra lá, traz consequências, sintomas de que algo está errado dentro de nós, da nossa mente mirabolante! Aí, Carlos aparece, contribui para essa superação, porém, o próprio indivíduo faz o passado dela voltar à tona, destruindo tudo, arrancando violentamente a casca da ferida da menina, que ainda estava mal cicatrizada. 
E o fim dessa história?! Só lendo o livro!

Por hoje é isso!!  Aceito críticas, comentários, dicas, isso aqui é nosso! Bjos.

*Sou dessas que usa termos de indefinição pra me dirigir a pessoas sem determinar seus sexos ou gêneros, como "viciade" ao invés de "viciado" ou "viciada".


Links prometidos no começo do post: