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sábado, 4 de abril de 2015

"A fascinante construção do Eu" - Augusto Cury


Para quem se interessa em saber mais um pouco sobre a mente humana essa é uma boa indicação!!
É uma leitura que segue uma lógica didática e, talvez, para alguns, seja cansativa, mas a linguagem é de muito fácil compreensão. Por meio de tópicos e citações vou mostrar um pouquinho sobre o conteúdo do livro.
Obs.: Não considero esse livro como aqueles insuportáveis de autoajuda. Não tenho nada contra quem gosta, mas acho muito chato!
O autor baseia seu estudo na Inteligência Multifocal que engloba a psicologia multifocal (funcionamento da  mente, desenvolvimento da personalidade, a construção de pensamentos, formação do eu); a sociologia multifocal (processo de construção das relações sociais); a psicopedagogia multifocal (o processo de aprendizagem e de formação de pensadores); e a filosofia multifocal ( processo de interpretação e lógica do conhecimento).
Apresenta dois fenômenos que contribuem para o processo de interpretação:
- Gatilho de memórias ou autochecagem: produz primeiras reações (de emoção, impressão e pensamentos) através de estímulos físicos, sociais ou psíquicos.
- Autofluxo: pega as janelas do gatilho e amplia. Pode dominar ou controlar o eu.
Cury defende que todo radicalismo é fruto de imaturidade e insegurança (p. 38). 
Ele afirma que a memória não constrói emoções, mas pensamentos.
Destaca 5 mecanismos de formação do eu. São eles:
1- Memória genética, existencial e de uso contínuo que são os alicerces da formação do eu. Então, as memórias têm papel primordial na nossa formação como seres e seres singulares.
2- Classes de raciocínio, que são simples ou unifocal; complexo ou multifocal (leva em conta a opinião dos outros); lógico; abstrato (raciocínio íntimo e introspectivo), dedutivo e indutivo (se preocupa em questionar o que realmente pode ter acontecido). 
3- Tipos de pensamentos: essenciais (é inconsciente, está na mente e foi projetado); dialético (consciente, de descrição); e antidialético (consciente, de imaginação, representação das formas, interpretação).
4- Natureza dos pensamentos que podem ser real ou essencial e virtual ou imaginária.
5- Autoconsciência. Esta é produzida por três habilidades: se interiorizar, se observar e se mapear (fundamentação do raciocínio abstrato).
Para que haja a expansão do raciocínio multifocal/indutivo/abstrato há a necessidade da:
-pedagogia da cultura geral: relação para além dos pares;
- pedagogia da arte da dúvida: questionamento para exploração e expansão;
- pedagogia da crítica: refinação do processo de leitura e dados, construção de ideias.
As classes de raciocínio dependem do pensamento para se expressar, se expandir e se contrair (p. 101).
Nas páginas 113-115, ele cita as técnicas psicopedagógicas para a produção de pensamentos antidialéticos.
Prosseguindo, apresenta as causas da socialização, são elas:
- necessidade afetiva, busca de proteção e promoção de sobrevivência;
- relação com pessoas não apenas porque existem e são concretas, mas porque são representadas e têm significados em nossa memória;
- deve-se a solidão paradoxal da consciência virtual.
Explana os tipos de solidão:
- Abandono pelos outros;
- abandono por si mesmo;
- solidão social da consciência virtual;
- solidão intrapsíquica da consciência virtual (a solidão do eu em relação a si mesmo).
Faço uma citação interessante do autor: "Só temos a tendência de ser deuses por desconhecermos o funcionamento da mente que nos torna humanos.." (p. 103). Não faz sentido sermos tão soberbos. Quando buscamos conhecer nossa mente nos tornamos humildes, porque nunca estaremos satisfeitos com as nossas conquistas, somos seres inacabados, tudo que sabemos e temos nunca será suficiente para estarmos seguro de algo. Somos dotados de altíssimas capacidades, mas tudo é incerto e relativo por aqui.. rs. Acredito que é por isso que também necessitamos de alguém superior a nós, acima do que é ser humano,. Este ser daria sentido às coisas, mesmo que através da fé, que é algo ilógico para muitos.
Finalizo com uma citação sobre o que  é valorização da educação para uma boa sociedade, opinião que eu também defendo. "Os ditadores precisam do culto a celebridade, mas uma sociedade saudável precisa de mentes livres" (p.111). 

Busque sua liberdade!

"Dr. Negro e outras histórias de terror" - Sir Artur Conan Doyle

Não tem nada de terror!!
Este livro contém 6 contos de mistérios psicológicos, sobre os quais comentarei a seguir.

O caçador de besouros
O narrador é o protagonista do conto. Recém-formado em medicina, à procura de um emprego, vê no jornal um anúncio que o interessa, mas achou que suas exigências eram estranhas mesmo que ele se encaixasse nelas. O candidato deveria ser alto, robusto e se sair bem em situações inesperadas, além disso, era necessário que fosse especialista em besouros.
Quem o contratou foi o cunhado do paciente, este nem sabia que precisava de um médico e que receberia um. O paciente era colecionador de besouros, então, seu cunhado usou essa estratégia para que um médico se aproximasse do doente. 
O cunhado e o médico viajaram até a casa do paciente e lá, o último descobriu o porquê das exigências no anúncio, foram realmente situações inusitadas e justificáveis para a necessidade de internação, a qual era o objetivo do cunhado.

O homem dos relógios
Neste conto, o narrador conta a história de um homem que possuía, aparentemente, uma coleção de relógios de bolso, foi assassinado em um trem, por um tiro no coração. O mistério da narração é: este homem não foi visto entrando no trem, não possuía o bilhete de passagem, foi encontrado no quarto em que estava hospedado um casal, que sumiu do trem. Vale ressaltar que na única parada que o trem fez ninguém subiu ou desceu. Várias hipóteses foram levantadas, porém, apenas uma se aproximou da real. E a moral da história foi: Até que ponto a verdade deve ser escondida para dar uma segunda chance a quem se arrepende?

A caixa de charão
O narrador é o protagonista do conto. Ele se torna o preceptor (responsável por dar instruções e preceitos) de dois meninos que moravam num castelo e tinham um pai muito misterioso, que se chamava Bollamore. Este era carrancudo, sua aparência causava medo, viúvo, ninguém entrava em sua biblioteca e possuía uma caixa de charão que ninguém ousava tocar, porque ele não dava permissão. A senhora que limpava a biblioteca era a única que tinha permissão para entrar e foi demitida por limpar a misteriosa caixa. Onde Bollamore ia, levava consigo a caixa.
 Antes de se casar era alcoólatra, o que o fez ser conhecido como "Diabo Bollamore", mas encontrou sua esposa e tudo mudou, ela o fez mudar como pessoa. Entretanto, ela adoeceu, assim, temeu que com a sua morte ele retornasse aos velhos e péssimos hábitos. Isso não aconteceu. E ninguém sabia o que o levava a não retornar a eles.
Todas as noites ouvia-se gritos e súplicas de uma mulher pedindo socorro. Isso era pavoroso aos funcionários do castelo, até porque ninguém via mulher alguma adentrar o lugar durante todo o dia. Então, o preceptor se dispôs a descobrir o que acontecia e dentro da caixa estava o segredo.

Doutor negro
O autor conta a história de um médico que era apaixonado por uma moça e que por razões desconhecidas, embora diversas razões tenham sido sugeridas pelo povo, terminou seu noivado, o que causou muito sofrimento a noiva e a revolta de seu irmão contra o doutor.
Uma noite a governanta da casa ouviu um barulho que vinha da sala de atendimento do doutor. Assustada, foi imediatamente ao seu encontro, bateu na porta e o doutor, rispidamente, o que não era comum, ordenou-a que saísse de lá, assim ela fez. Mais tarde, uma paciente foi ao seu encontro pois seu marido passava mal, viu a luz acessa pela brecha da porta e o chamou, mas não obteve resposta. Pelo caminho, a paciente viu o cunhado do médico que o esperava numa moita. Todos conheciam sua desavença com ele.
No dia seguinte, a paciente voltou lá, a luz ainda estava acesa, insistiu em chamá-lo e pela brecha da janela viu que o doutor estava morto. A investigação chegou e o principal suspeito foi o cunhado, este foi preso. Durante o interrogatório, muitos foram ouvidos, mas o depoimento da ex noiva foi determinante. Disse que seu irmão não era o assassino e para salvá-lo, confessou que o doutor não estava morto. Vale ressaltar que os amigos mais íntimos reconheceram o corpo, porém o inimaginável aconteceu.

A relíquia judaica
O narrador conta a história de um amigo, da qual ele fez parte. Um arqueólogo oriental encontrara diversos utensílios usados na época em que existiam templos e sacerdotes, antes do surgimento de Cristo. Entre eles estava o Urim e Tumim, uma espécie de placa com 12 pedras preciosas, localizada no peitoral do sacerdote, este obtinha respostas de Deus pelo Urim e Tumim. 
Esse arqueólogo era responsável por um museu e ia passar responsabilidade ao amigo do narrador. Porém, na noite de comemoração da posse, o novo responsável pelo museu fez questão de que seu amigo não fosse embora, pois queria lhe mostrar a carta anônima que recebera com o intuito de reforçar a guarda no museu. Discutiram a esse respeito e chegaram a conclusão de que poderia ser o próprio arqueólogo, o que parecia contraditório, já que há tantos anos cuidou com tanto zelo daquele local e suas relíquias.
No dia seguinte, a placa de Urim e Tumim estava degradada. No outro dia, outra parte da placa teve a mesma alteração  e na terceira noite os amigos decidiram por si só espionar quem era realmente o autor de tais atos. Assim foi, e o descobriram, porém ele não era o real culpado e no assunto foi colocada uma pedra, após relato do flagrado.
Eis as questões do conto: um pai é capaz de fazer loucuras para que uma filha seja feliz e o amor verdadeiro regenera pessoas.

A sala do pavor
Esse foi o conto mais divertido!! Fechou o livro com chave de ouro.
Nessa sala uma bela e encantadora mulher lê uma carta que a denuncia, graças a sua reação, por estar apaixonada por um homem. Nesse instante, seu marido entra na sala, ela rapidamente esconde a carta entre os seios e ele adentra questionando por que ela queria envenená-lo. Ela fica sem reação tenta desmentir, todavia, ele é mais rápido. Diz que viu o maldito em sua penteadeira, fez exames que constaram a presença dele em seu sangue. Ela continua sem saber o que fazer. Ele vê a carta que ficou mal escondida entre os seios dela e lê. Descobre que o amante era seu amigo, Campbell, e que a estratégia de matá-lo era unicamente da mulher. 
Enquanto discutiam a governanta bateu na porta, informa que Campbell estava lá, então, ele mandou que o amigo entrasse na sala mesmo contra a vontade dela. Quando ele entrou, o traído confessou que já sabia de tudo e que essa não era uma estratégia para que o amante se entregasse. Fez a mulher decidir com quem ia ficar e o que não fosse escolhido deveria tomar o veneno e a mulher não sabia o que fazer, a essa altura o desespero tomava conta de si. 
Então, o traído sugeriu que o amante tomasse e ele entendeu que seria melhor, assim, o fez e a mulher entrou em pânico. No entanto, os três olharam para uma quarta pessoa que estava dentro da sala que interrompeu a cena e, assim, se descobre o fim do conto.

sexta-feira, 27 de março de 2015

"Se Deus fosse um ativista dos Direitos Humanos" - Boaventura dos Santos


O autor fala sobre as religiões e suas teologias políticas e de que forma isso implica na implementação dos direitos humanos e na sociedade. Usa como base as "principais" religiões mundiais: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
O livro inicia-se com uma crítica do autor a ideologia dos direitos humanos, colocando em pauta seus verdadeiros fins, já que se executa sob as bases do capitalismo, que rege maior parte do mundo, o que causa muitas contradições na efetivação desses direitos.
Desde sempre a religião comandava todo o mundo em todas as suas instâncias, somente a partir do Iluminismo, que, de fato, a laicização foi implantada, pelo menos nos discursos e no desenvolvimento de políticas a respeito de algo relacionado ao Estado, à economia e à sociedade em geral. Entretanto, ainda hoje há a busca por essa separação - religião/Estado.
Boaventura discute as boas contribuições que as teologias políticas podem dar à efetivação dos direitos, no entanto, não deixa de questionar até que ponto podem fazer isso e onde deveriam estar seus limites, já que dentro dessas religiões existem violações aos direitos humanos. Assim, discute de que lado elas realmente estão, se dos opressores ou dos oprimidos.
Vale ressaltar que além de aludir às questões conhecidas como polêmicas nos direitos humanos, enfatiza a questão das mulheres e o feminismo dentro das religiões citadas anteriormente e as dificuldades que enfrentam para o desenvolvimento de medidas que alterem seu modo de vida e, consequentemente, a implementação dessas medidas. Afinal, não tem como falar de direitos humanos sem incluir a luta da sociedade e, principalmente, das mulheres por eles.

Todos os cristãos deveriam ser anticapitalistas!! Os cristãos devem seguir o exemplo de Cristo e o que mais Jesus repugnava era a exploração de uma pessoa sobre a outra, a injustiça e a desigualdade entre os "iguais". Isso tem em toda bíblia, já indico como leitura, em especial, Tiago e seus capítulos 4 e 5. Acredite!! A bíblia tem ótimos argumentos que dão a base à defesa de uma sociedade não-capitalista!
O autor não se posiciona claramente diante de seu polêmico e instigante título do livro e ele conclui despertando no leitor o desejo de buscar por uma resposta ou discutir a esse respeito. E continuo me posicionando.. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos, Ele lutaria contra esse sistema perverso, desigual, sujo e explorador, que na teoria tem (ou teve [se é que teve de fato]) boas intenções, porém, se utilizou de outros caminhos. Esse sistema que, diversas vezes, nós, sem percebermos, reproduzimos e damos todo apoio.

domingo, 22 de março de 2015

Aliança no dedo esquerdo

Essa semana observei uma linda aliança, no dedo de uma jovem de igual beleza e, não diferente, suas pequenas mãos. Então, me questionei sobre o porquê de a aliança ser usada no anular esquerdo, depois que as pessoas se casam. Ontem, descobri o motivo (talvez, uma vertente que justifique esse costume) ao ler o livro "Os últimos lírios no estojo de seda", sobre as crônicas de Marina Colasanti. 
Os romanos acreditavam que no dedo anular esquerdo existia um nervo que o ligava diretamente ao coração, que é o "órgão do amor", assim, simbolizava a união de duas pessoas por amor. 
Achei super interessante ter me questionado a esse respeito e dias depois descobrir uma resposta.. 
Questionar e descobrir respostas dão sentido ao viver.

"O corpo morto de deus" - Giselda Laporta Nicolelis


Já está incluso na minha lista de livros preferidos!!
Conta a história de um serial killer (assassino em série) que manda os capítulos de seu livro autobiográfico a uma editora, de semana em semana. A princípio, a pessoa envia os capítulos, após cometer os crimes, que eram bem repercutidos na mídia social do lugar, antes de  serem cometidos, para que Eleonor, a protagonista e funcionária da editora, responsável pela seleção dos livros a serem publicados, descobrisse quem era o assassino.
A história é muito interessante, pois você, assim como Eleonor, passa o livro todo e a cada capítulo tentando descobrir quem é o serial killer e desconfia de qualquer pessoa, até mesmo das pessoas mais próximas a ela. 
Eleonor era divorciada e, sozinha, cuidava de seu filho de 9 anos, contava apenas com a ajuda de uma babá. Havia anos que não se envolvia com alguém e dava ênfase a sua vida amorosa. Até que decide viver esse lado da vida novamente. Então, relaciona-se com um colega de trabalho mais novo que ela, e segundo a mesma, com uma beleza muito distante da sua. Mas o relacionamento não deu certo e ele se tornou um dos principais suspeitos dos crimes que iam acontecendo semanalmente. Depois, ela se envolveu com seu ex colega de escola, que a ajudou a desvendar quem era o assassino.
O assassino, após ter sofrido um trauma de infância, decide se tornar tal "celebridade". Esse trauma foi causado por seu pai, que o afastou da mãe, com base em seus motivos. Isso torna o assassino um andrógino (pessoa que tem ódio de homem). Ao ler o mito de Ânteros, filho da traição de Afrodite, sua mãe, com Ares, seu provável pai, viu-se nesse mito, assim, resolveu vivê-lo. Sua justificativa para as mortes era sacrificar "bodes expiatórios" (pessoas inocentes, que levam culpa por algo que não cometeram) para que o erro fosse perdoado e ele se sentia no direito de recorrer a essa justiça em seu favor. No final, tenho certeza de que ninguém que tenha lido esse livro descobriu, antes de ser revelado, quem era o assassino.

Essa história é muuuito bem bolada!! Amo mitos, especialmente, os gregos, e casos policiais, isso instiga a criatividade e a imaginação! Essa história demonstra que as mentes psicopatas e psicóticas são altamente inteligentes; que os traumas existem sim; e que os pais realmente têm um papel primordial na vida dos filhos. O diálogo é essencial em qualquer relacionamento, principalmente entre pais e filhos, pois, geralmente, são base para a formação de seres humanos.

segunda-feira, 16 de março de 2015

8 de março - Dia Internacional da Mulher

Como disse a assistente social, Rita de Cássia de Carvalho, em uma palestra, no dia 7 de março de 2013, este dia não tem que ser lembrado apenas com o ato de presentear com rosas ou algo do tipo, com abraços ou um "feliz dia da mulher",  e acrescento, com festas, shows promovidos pelos governantes e políticos.
Este dia deve ser lembrado como o dia em que, aproximadamente, 130 guerreiras lutaram, morreram carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos, em 1857, nos Estados Unidos, por melhores condições trabalhistas e de vida social  enquanto mulheres. Após esse marco, muitas mulheres lutaram por independência, emancipação, por direitos justos, contra violências, explorações, submissões machistas. Mulheres que conquistaram seus espaços contra a vontade de muitos, mas perseveraram e venceram por elas e por outras. Ainda hoje, existem mulheres que lutam em favor dessas causas, morrem, perdem filhos, como na ditadura militar, por tortura, porém, como de praxe, não há divulgação desses fatos. Isso se justifica pela fala frequente da subsecretária de políticas para mulheres, Ângela Fontes, que a mídia é o "PIG", Partido da Imprensa Golpista, ou seja, só mostra o que ela quer e, infelizmente, é o meio que mais influencia a sociedade.
E que, ao refletimos sobre isto, queiramos continuar essa luta, não apenas pelas mulheres que lutaram e conquistaram para nós, mas também para as que existirão. Mesmo que sua participação não seja em grandes movimentos de mulheres, passeatas, em conselhos, congressos, em espaços que tenham que "dar a cara pra bater" - não isento aqui a necessidade e a importância da participação nesses espaços, mas que, ao menos, não sejamos omissxs diante da violência contra a mulher, que não sejamos machistas na educação de nossos filhos, sobrinhos, alunos, nas conversas com nossos amigos, em nossas posturas diante da vida e que sempre valorizemos o que as outras lutaram por nós e que hoje usufruímos, muitas vezes, sem pensar que, um dia, alguém sofreu para que tivéssemos.

"Azul é a cor mais quente" - Julie Maroh


Uma curta história em quadrinhos, cujas protagonistas são homossexuais.
Clementine não era homossexual (se é que isso pode ser considerado.. há controvérsias), era menor de idade, estudante, tentava ter um relacionamento com um menino. Assim se inicia o livro.
Ela não consegue ter um relacionamento e intimidade com ele. Conversavam, saíam e numa praça ela vê Emma, com cabelo azul, abraçada com sua suposta namorada, elas trocam olhares e Emma não saía mais de sua cabeça, a partir daquele momento.
Quando vai para casa tem sonhos eróticos com ela, se assusta, não entende o porquê daquilo e não aceita isso. Mas ao passar dos dias anda pelas ruas à procura de Emma.
Vai a uma boate GLS com seu amigo homossexual e, após algum tempo, foi até a boate de lésbicas, viu Emma com a namorada e sentou no bar. Então, Emma chegou a ela e começaram a conversar, trocaram ideias, confidências e telefone.
Emma liga para Clementine e a amizade se inicia. Clementine sofre preconceito das amigas na escola, se revolta, não aceita o que sente, mas curte. Uma colega de classe rouba um beijo seu, ela corresponde e tenta prosseguir o acontecido outras vezes, mas a menina não tinha esse desejo e intenção, rejeitando a sutil proposta.
Elas (Emma e Clementine) passam a se encontrar com muita frequência, o que as aproxima muito. Elas discutem algumas vezes por causa do namoro de Emma, até que esta termina e elas ficam juntas.
O livro contém cenas íntimas das duas, inclusive a vez em que Emma foi a casa de Clementine e essas foram descobertas pelos pais da mesma, pois Emma foi tomar leite de madrugada, mas estava nua, só que ela teve uma surpresa.. A mãe de Clementine era sonâmbula e viu o que ela, provavelmente, não teria gostado de ver. Logo, a confusão se instaurou na casa e seu pai a expulsou de casa, o que a levou a morar junto com Emma, aos 17 anos de idade.
Quase 30 anos se passaram Clementine traiu Emma com um colega de trabalho (ela trabalhava numa escola, dando aula de educação infantil). E a briga foi feia quando Emma descobriu!! E a expulsou de casa e da sua vida.
Clementine sofreu muito, foi adoecendo ao longos dos anos, pois não sabia mais viver sem Emma e percebeu que tinha cometido um erro irreparável, do qual se arrependia grandemente. Até que, um dia, elas se encontraram, por um pedido do amigo de Clementine, que relatou como a vida dela andava. O encontro não teve nada de revelador ou restituidor, elas voltaram a "ter uma amizade", pelo menos. Clementine só piorava, internou-se no hospital. Emma não saía de lá.. E, antes de morrer, Clementine deixou um bilhete para Emma pedindo que não se sentisse culpada e seguisse sua vida em paz. Mas não foi assim que Emma reagiu.

Obs.: O filme é um pouco diferente do livro, e o final é totalmente diferente. O primeiro é todo muito filosófico e no final Clementine não morre e Emma continua com sua ex.

domingo, 15 de março de 2015

"A cidade do Sol" - Khaled Hosseini


Que livro per fei to!!
Romance mais interessante que já li!
Conta a história de mulheres do Oriente Médio, cuja cultura se faz por extremo machismo  e tem como base para tudo o hinduísmo, religião predominante dos países desse local. O hinduísmo comanda a conduta pessoal de cada indivíduo, dita ordens inclusive ao Estado.
O interessante desse livro é que o autor torna esse romance fictício muito próximo da realidade, pois descreve o cenário político e cultural das décadas de 1960, 70, 80 e 90 da região, que, gostando os integrantes de uma sociedade ou não, interfere demasiadamente no cotidiano de cada cidadão. É um enredo de guerras, costumes rígidos, altamente desiguais, de machismo e muita violência.
A história é sobre a vida de duas mulheres afegãs: Mariam e Laila. Eram vizinhas de gerações diferentes, e seus destinos acabaram se cruzando ao passar dos anos. 
Mariam era filha bastarda de um conceituado dono de cinemas, este a visitava uma vez na semana, quando nenhum imprevisto comercial o impedia. Sua mãe sempre deixava claro que ela era uma filha "indesejada", porque ela era uma empregada que engravidou do patrão "por acidente" e a família  dele "oficial", composta por 3 mulheres e quase uns 10 filhos, não as aceitavam de modo algum. Um dia, quando esperava por seu pai e o mesmo não apareceu, foi até ele e teve uma grande decepção. Ele a desprezou e não a recebeu, ordenando a seu motorista que a levasse de volta para casa. Quando ela chegou teve uma surpresa, que a levou a morar com seu pai. Então, a pior parte da sua vida se iniciou! As mulheres de seu pai fingiam aceitá-la e logo se organizaram para providenciar seu casamento. Em menos de uma semana, Mariam casou-se aos 14 anos com um cara quase 40 anos mais velho do que ela, era viúvo e tinha perdido um filho, ele morava em  uma cidade bem distante da que seu pai morava, Cabul. Seu pai não objetou esse casamento em momento algum, o que a deixou com raiva dele, considerando aquele comportamento imperdoável. Nunca mais se viram, embora tentativas de ambas partes tenham existido.
Em Cabul, com o marido, a princípio, foi tudo bem, mas não demorou muito para que as obrigações de mulher, em todos os sentidos, fossem exigidas, e quando as coisas não aconteciam como o marido desejava, sofria pavorosas violências e assim foi até o fim de seus dias. Nessa cidade, conheceu a mãe de Laila, sua vizinha, que tinha dois filhos, além de Laila e seu marido professor. Seus dois filhos foram à guerra. Laila tinha um amigo de infância, Tariq, com o qual teve um belo romance, mas tiveram que se separar, pois os pais dele não podiam mais viver naquele ambiente de tanta guerra, mas jurou que voltaria para casar-se com ela e serem felizes. Quando os pais de Laila decidiram também se mudar, um imprevisto aconteceu e Laila agora estava só. Mariam, que tinha idade para ser sua mãe, sugeriu ao marido que cuidassem dela até que pudesse dar rumo à sua vida, como Laila estava só, o marido de Mariam sugeriu que ela se casasse com ele e fosse sua segunda esposa, como a sociedade era extremamente machista e ela não tinha o que fazer, aceitou. Então, a pior parte de sua vida se iniciou!
A princípio, Mariam não se dava bem com Laila, mas esta sempre fazia questão de mostrar que não queria nada de seu marido, a não ser, "privilégios" sociais, pois a mulher não era nada com um marido ou algum homem que respondesse por ela, sem eles então.. Imagine. As duas começaram a virar cúmplices quando Laila passou a defender Mariam das agressões do marido, pois sempre reagia a elas, o que várias vezes quase as matou e aos seus filhos. 
E a história vai se passando assim.. Guerras, violências, mortes, discussões e lutas políticas, direitos das mulheres cada vez mais escassos e retroagidos, discussões e agressões familiares constantes, planos e tentativas de fuga também envolvem esse enredo, até que elas ficam sem o marido por um motivo inaceitável a muitos, mas, se analisado, poderia ser um ato justificável. Mariam vai presa e nunca mais vê Laila e seus filhos. Laila após ter reencontrado Tariq vive com ele e os filhos em outra cidade, fugiram de Cabul. Vai a cidade que Mariam morou em sua infância, faz descobertas a esse respeito, inclusive uma carta de seu pai, que pedia perdão e passou o resto de sua vida tentando obtê-lo. Laila desejou retornar a Cabul após a guerra, lá dava aulas em um orfanato-escola e foi reconhecida socialmente por seus feitos e ideais.

Esse livro enfatiza o tratamento das mulheres nas regiões que têm como base o hinduísmo. Ao observar isto, percebe-se, em comparação ao Brasil e aos países ocidentais, a disparidade de avanços conquistados no direito das mulheres, os direitos que são visíveis e invisíveis, em questão de efetividade. Há quem diga, que aqui no Brasil, as feministas querem ibope, porque as mulheres já conquistaram muitas coisas, porém, é no nosso dia a dia que vemos que as opressões machistas ainda estão demasiadamente presentes e violam nosso direito ao corpo, de ir e vir, de ter opinião de escolhermos nossas religiões, trabalhos, de constituir família ou não, de usar a roupa que queremos e muitas outras coisas. As mudanças ocorrem todos os dias, de pouco em pouco, temos que acreditar nelas e os formadores de caráter da nossa sociedade, especialmente pais e professores, não devem se cansar de educar para a liberdade e igualdade de direitos, levando em consideração as diferenças entre os seres, não apenas entre homens e mulheres, mas entre negros e brancos, pobres e ricos, héteros e homossexuais, religiosos e não religiosos e todas as outras contradições injustas e desnecessárias que nos cercam.

quinta-feira, 12 de março de 2015

"Quando Nietzsche chorou" - Irvin D. Yalom



Livro perfeito!! Segundo melhor livro da minha vida!!

Super recomendo para quem gosta de psicanálise, psicologia, filosofia, clínica médica, quem quiser saber um pouquinho mais sobre enxaqueca (rs), pra quem curte a liberdade e a busca por ela, pra quem se interessa em se conhecer melhor, em entender um pouquinho sobre os seres humanos, "demasiado humano".
É uma ficção com personagens reais (pelo menos, a maioria), filósofos conhecidos e conceituados mundialmente. Lou Salomé, amiga de Nietzsche, procura o doutor Breuer para que seu amigo seja tratado com ele, por ter pensamentos e escritos suicidas. Porém, Nietzsche não aceita ajuda de jeito nenhum, então, o doutor deveria convidá-lo e de um modo sutil e articuloso. 
O doutor consegue tal proeza, sob a condição dele mesmo ser o paciente, pois via em Nietzsche a esperança para o fim de suas neuroses, que levavam seu casamento e sua vida de mal a pior. Então, Nietzsche, por meio da filosofia, contribui para a liberdade de Breuer e este, pela medicina e a psicanálise (a grosso modo, estudo aprofundado sobre as causas de uma doença biológica, não apenas sob a ótica da biologia em si. Porque existem doenças físicas causadas por problemas psicológicos), que nem havia sido descoberta ainda, amenizava as crises de enxaqueca de Nietzsche e tentava descobrir se realmente tinha indícios suicidas, a fim de que esses problemas fossem sanados.
Breuer contava com a ajuda do jovem Sigmund Freud, seu amigo, estudante de medicina, com o qual reciclava seus conhecimentos e descobria novos. Breuer era casado, tinha 4 filhos, mantinha seu casamento por questão social, pois guardava uma paixão por sua ex paciente, com a qual tinha sonhos perturbadores toda noite, além de conviver com a dúvida de uma suposta vontade de se relacionar com ele que sua ex secretária tinha e, mais tarde ter sido atraído por Lou Salomé. Não! Ele não era um pervertido.. Só tinha problemas mal resolvidos.
Nietzsche era solitário, tinha mãe e irmã, mas vivia como nômade, pois não queria se apegar a nada nem a ninguém, especialmente após ter se decepcionado com Lou Salomé e Paul, seu amigo. Os três viviam meio que um triângulo amoroso, mas nada oficializado dessa forma. Lou era o tipo de mulher que achava casamento uma prisão, tinha ideias super feministas e avançadas para a época, era decidida, segura e desafiadora, o que chamava a atenção dos homens e os fazia apaixonar por ela com grande facilidade.
A maior parte do livro é sobre as consultas entre Nietzsche e Breuer,suposições,descobertas, confissões entre eles, encontros de Lou com Breuer para saber de Nietzche, porém os dois homens tinham acordado sigilo e isso causou confusão para Lou. 
Nietzsche foi aceitando o tratamento aos poucos, internou-se numa clínica sugerida por Breuer, grandes descobertas aconteceram e as coisas mudaram na vida dos dois.
As conversas contêm muito de filosofia, o que torna a história interessante e desperta o desejo de saber o fim dessa"trama".

Amor, paixão e ressentimento

Sentimentos complicados de ser entendidos e compreendidos
Com consequências e adjetivos parecidos
Embora sejam tão distintos
Cada um sente-os de seu jeito
Com qualidades e/ou defeitos
Independem de cor, caráter, riqueza,
Tamanho, correspondência ou beleza
Eles existem muitas vezes em nós 
Quando nos pegam, trazem consigo 
Tranquilidade, intriga, preocupação,
Orgulho, felicidade e satisfação,
Choro, alívio, rancor
Neura, possessão e dor,
Discórdia, paz , ilusão
Revolta, amizade, desunião
Inimizade, indiferença, sofrimento
Quase sempre nos enganamos, causando arrependimento
Pra que ele existem?
São eles mesmos, mas em contradição
Sem fundamentos, é enigmática a razão
Talvez, se não existissem, como seriam nossas histórias e experiências?
De qualquer jeito sempre nos trariam consequências
Infelizmente ou felizmente nada é perfeito
Só sei que senti-los como queremos é nosso direito
Quem faz nossas histórias, vidas somos nós
Tudo tem o lado bom e ruim
Tudo depende de nós 
Amiga é a consciência
Devemos dar ouvidos à sua voz.