Que livro per fei to!!
Romance mais interessante que já li!
Conta a história de mulheres do Oriente Médio, cuja cultura se faz por extremo machismo e tem como base para tudo o hinduísmo, religião predominante dos países desse local. O hinduísmo comanda a conduta pessoal de cada indivíduo, dita ordens inclusive ao Estado.
O interessante desse livro é que o autor torna esse romance fictício muito próximo da realidade, pois descreve o cenário político e cultural das décadas de 1960, 70, 80 e 90 da região, que, gostando os integrantes de uma sociedade ou não, interfere demasiadamente no cotidiano de cada cidadão. É um enredo de guerras, costumes rígidos, altamente desiguais, de machismo e muita violência.
A história é sobre a vida de duas mulheres afegãs: Mariam e Laila. Eram vizinhas de gerações diferentes, e seus destinos acabaram se cruzando ao passar dos anos.
Mariam era filha bastarda de um conceituado dono de cinemas, este a visitava uma vez na semana, quando nenhum imprevisto comercial o impedia. Sua mãe sempre deixava claro que ela era uma filha "indesejada", porque ela era uma empregada que engravidou do patrão "por acidente" e a família dele "oficial", composta por 3 mulheres e quase uns 10 filhos, não as aceitavam de modo algum. Um dia, quando esperava por seu pai e o mesmo não apareceu, foi até ele e teve uma grande decepção. Ele a desprezou e não a recebeu, ordenando a seu motorista que a levasse de volta para casa. Quando ela chegou teve uma surpresa, que a levou a morar com seu pai. Então, a pior parte da sua vida se iniciou! As mulheres de seu pai fingiam aceitá-la e logo se organizaram para providenciar seu casamento. Em menos de uma semana, Mariam casou-se aos 14 anos com um cara quase 40 anos mais velho do que ela, era viúvo e tinha perdido um filho, ele morava em uma cidade bem distante da que seu pai morava, Cabul. Seu pai não objetou esse casamento em momento algum, o que a deixou com raiva dele, considerando aquele comportamento imperdoável. Nunca mais se viram, embora tentativas de ambas partes tenham existido.
Em Cabul, com o marido, a princípio, foi tudo bem, mas não demorou muito para que as obrigações de mulher, em todos os sentidos, fossem exigidas, e quando as coisas não aconteciam como o marido desejava, sofria pavorosas violências e assim foi até o fim de seus dias. Nessa cidade, conheceu a mãe de Laila, sua vizinha, que tinha dois filhos, além de Laila e seu marido professor. Seus dois filhos foram à guerra. Laila tinha um amigo de infância, Tariq, com o qual teve um belo romance, mas tiveram que se separar, pois os pais dele não podiam mais viver naquele ambiente de tanta guerra, mas jurou que voltaria para casar-se com ela e serem felizes. Quando os pais de Laila decidiram também se mudar, um imprevisto aconteceu e Laila agora estava só. Mariam, que tinha idade para ser sua mãe, sugeriu ao marido que cuidassem dela até que pudesse dar rumo à sua vida, como Laila estava só, o marido de Mariam sugeriu que ela se casasse com ele e fosse sua segunda esposa, como a sociedade era extremamente machista e ela não tinha o que fazer, aceitou. Então, a pior parte de sua vida se iniciou!
A princípio, Mariam não se dava bem com Laila, mas esta sempre fazia questão de mostrar que não queria nada de seu marido, a não ser, "privilégios" sociais, pois a mulher não era nada com um marido ou algum homem que respondesse por ela, sem eles então.. Imagine. As duas começaram a virar cúmplices quando Laila passou a defender Mariam das agressões do marido, pois sempre reagia a elas, o que várias vezes quase as matou e aos seus filhos.
E a história vai se passando assim.. Guerras, violências, mortes, discussões e lutas políticas, direitos das mulheres cada vez mais escassos e retroagidos, discussões e agressões familiares constantes, planos e tentativas de fuga também envolvem esse enredo, até que elas ficam sem o marido por um motivo inaceitável a muitos, mas, se analisado, poderia ser um ato justificável. Mariam vai presa e nunca mais vê Laila e seus filhos. Laila após ter reencontrado Tariq vive com ele e os filhos em outra cidade, fugiram de Cabul. Vai a cidade que Mariam morou em sua infância, faz descobertas a esse respeito, inclusive uma carta de seu pai, que pedia perdão e passou o resto de sua vida tentando obtê-lo. Laila desejou retornar a Cabul após a guerra, lá dava aulas em um orfanato-escola e foi reconhecida socialmente por seus feitos e ideais.
Esse livro enfatiza o tratamento das mulheres nas regiões que têm como base o hinduísmo. Ao observar isto, percebe-se, em comparação ao Brasil e aos países ocidentais, a disparidade de avanços conquistados no direito das mulheres, os direitos que são visíveis e invisíveis, em questão de efetividade. Há quem diga, que aqui no Brasil, as feministas querem ibope, porque as mulheres já conquistaram muitas coisas, porém, é no nosso dia a dia que vemos que as opressões machistas ainda estão demasiadamente presentes e violam nosso direito ao corpo, de ir e vir, de ter opinião de escolhermos nossas religiões, trabalhos, de constituir família ou não, de usar a roupa que queremos e muitas outras coisas. As mudanças ocorrem todos os dias, de pouco em pouco, temos que acreditar nelas e os formadores de caráter da nossa sociedade, especialmente pais e professores, não devem se cansar de educar para a liberdade e igualdade de direitos, levando em consideração as diferenças entre os seres, não apenas entre homens e mulheres, mas entre negros e brancos, pobres e ricos, héteros e homossexuais, religiosos e não religiosos e todas as outras contradições injustas e desnecessárias que nos cercam.
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