Desafio leia mulheres mês de fevereiro - Autora do norte do Brasil
Ay kaky ritama: eu moro na cidade - Márcia Wayna Kabeba (Livro 11 fev. 2021. 286p.)
Editora: Pólen
Ano: 2018
Nota: 5/5
Gênero: Poesia (indígena)
Gentee, esse livro foi um dos mais emocionantes que li neste ano. A cada leitura q faço de autores integrantes de parcelas excluídas socialmente e que mais sofre preconceitos, vejo q não existe narrativa melhor a ser lida!! É mt emoção, e não sei se é apenas afinidade e reconhecimento nesses autores e suas histórias, me parece q a "escrevivência", termo cunhado por Conceição Evaristo, é realmente tocante, diferenciada, envolvente e q mexe com as nossas estruturas internas, aquele famoso "tapa na cara", leva à reflexão, msm q a intenção dos autores não seja essa essencialmente. E foi o q senti com Márcia Kabeba, mulher indígena do Amazonas, norte do Brasil, da tribo Omágua-Kambeba.
Márcia, ingressou à Universidade para mostrar a história de seu povo, sua cultura para os leitores em forma de poesia e para se "armar" com a palavra pra proteger seu povo e lutar por ele.. E q coisa mais linda!! Esse livro foi resultado do seu mestrado em geografia. O prefácio é apresentado por um professor e pesquisador da Universidade Federal do Pernambuco, q fazia sua dissertação de mestrado se utilizando das poesias da Márcia em sala de aula a fim de trabalhar questões de respeito, diversidade, tolerância, e incentivo ao conhecimento do outro por meio da cultura indígena da tribo de Márcia. As atividades tinham como título "um encontro com a poesia indígena na sala de aula".
A autora aborda os costumes ritualísticos, as crenças de seu povo; as histórias dos ancestrais e o respeito e devoção a eles; as violências e violações q sofreram e ainda sofrem com a colonização e o colonialismo, a imposição de culturas, costumes e línguas q não as suas; a valorização da natureza de uma maneira mt particular e cheia de sentimento. E enfatiza a importância e a continuação da oralidade como o meio de comunicação e perpetuação da cultura como o mecanismo mais importante para isso. O livro contém fotos e desenhos da cultura, da natureza, das pinturas, o q deixa a leitura mais imersiva e envolvida.
Eu chorei em vários momentos, me arrepiei e senti meu olho brilhar em toda leitura. É mt importante saber, ouvir/ler como o outro se sente violado e atingido com certas ações, como é importante respeitar e apoiar o diferente. Pensamos em coletividade, mas em uma q respeite as diferenças, seres humanos não são iguais, não existe lógica em uniformizar nada para nós.
O desafio leia mulheres smp me proporciona conhecer histórias e autoras incríveis! Smp me surpreendendo com as indicações e me emocionando com essas mulheres perfeitas!! Recomento demais a leitura!