O genocídio negro brasileiro: um racismo mascarado - Abdias Nascimento (220p. [L. 53. dez-2020])
Esse livro é um ensaio q Abdias elaborou a pedido de Pio Zirimu, diretor do Colóquio, para q fosse apresentado neste evento chamado "Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas", em Lagos, capital da Nigéria. Mas isso não aconteceu porque o trabalho foi rejeitado sob os argumentos mais descabidos. Então, os dois reivindicaram o espaço de fala de Abdias e foi um rebu danado!! Adoro qnd os errados ficam sem argumentos!
Abdias sofreu uma tentativa de silenciamento, e "tentativa" pois não foi o que conseguiram pq ele resistiu, se posicionou, lutou e teve apoio.
Seu trabalho tinha como título "Democracia racial no Brasil: mito ou realidade?". E é óbvio q seria rejeitado rs. Abdias denunciou toda a hipocrisia em relação ao racismo "velado" existente no Brasil, na década de 1970, mas Tb todo o histórico antecedente e ele foi brilhante em suas exposições. Posso imaginar como os representantes q selecionava os trabalhos se tremeram de recalque ao ler o ensaio de Abdias. Além disso, o governo brasileiro fez encaminhamentos e solicitações pra q o trabalho dele fosse vetado.
Todos os seus apontamentos eram pra justificar o genocídio negro no Brasil, q era real e uma política de aniquilar os negros do país. Ele aponta os mitos e os desmitifica, como o do "senhor benevolente"; a inferioridade do negro justificada pela ciência; a benignidade da escravidão racista; a democracia racial; a miscigenação como algo amigável e de livre escolha; a abolição da escravidão.
A miscigenação; o sincretismo religioso; o tratamento das culturas, das artes dos costumes vistos como folclóricas e objeto de comercialização; o fato de a manifestação racial ser vista e propagada como ameaça ou agressão retaliativa, subversiva e dividionista; a ideia de unidade nacional; a coação nos dados censtitários são estratégias para o genocídio negro.
Ele ainda chama a atenção pra q se observe os lugares q os negros ocupam nos empregos, nos territórios, nas escolas e universidades, nas religiões, na cor, e os lugares q acessam, msm sendo maioria na população brasileira.
Existia uma lei no Brasil, no primeiro governo de Vargas, q o próprio sancionou, determinando a proibição da entrada de imigrantes negros no país. Rui Barbosa, em 1891, ordenou, por meio de uma circular, a destruição de documentos e arquivos relacionados à escravidão e ao comércio q a envolvia. É de chocar!! Essas e outras leis excluíam e matavam negros no Brasil.
Outra questão super necessária é a referência aos escritores e artistas da época, negros, uns q aderiram à assimilação branca, ou seja, se considerava e agia pra ser considerado um "negro de alma branca" e àqueles q resistiram e lutaram, em seus espaços por reconhecimento e existência.
Ainda apresenta os movimentos de resistência daquela época, uma informação curiosa e não mt dita. Sobre a década de 60-80 se fala mais sobre a luta por democracia, por direitos coletivos, mas a luta por diretos "individuais" já existia e tinha mta força.
No final, ele ainda faz recomendações ao governo e à sociedade brasileira. Aí deve ter sido o fim da picada. E aquela frase mt usada após a morte da Marielle tem mt a ver com o resultado dessa violação sofrida por Abdias: "tentaram nos aniquilar, mas não sabiam q éramos sementes". Abdias publicou esse livro incrível, base e instrumento de luta racial pra gerações e países! A casa grande enlouquece!
O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤
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