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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta

 


As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta (320p. [L. 51. nov-2020])

Esse livro é tão triste, mas é uma realidade, infelizmente e, em partes, a realidade da autora, q se casou aos 16 anos, sofria violência doméstica, morava na Nigéria, depois da notícia q sua filha moraria com o pai ficou devastada, decidiu escrever esse livro.
Essa foi mais uma leitura coletiva (LC) com a @literatoando no projeto @enegrecendoleituras e, como smp, foi incrível, falar sobre literatura com outras pessoas é mt bom, acrescenta tanto, nos faz ver outras coisas... Eu amo! 
A protagonista da história é Nu Ego, filha de uma amante do chefe Agbadi, de Ibuza, na Nigéria. Ela vive em função de engravidar e ter filhos. Inclusive, qnd ela descobre q sua chi (espécie de "anjo da guarda", sua guia espiritual) não quer lhe dar filhos, faz de td pra conseguir e, depois q consegue, ela vê o qnt essa "escolha" é complicada, desgastante, não reconhecida, cheia de cobranças e, geralmente, solitária pra mulher.
Já adianto que o título do livro é uma grd contradição, o q foi percebido pela maior parte da galera da LC. Eu tinha achado q a autora qria "desromantizar" a maternidade com essa intenção, mas uma das meninas da LC me mostrou algo além: na Nigéria, as mulheres têm outra concepção de maternidade. Ela não é romantizada como nós, ocidentais, conhecemos. A maternidade se mostra e se dá nua e crua e pra elas, ser mãe não a melhor escolha do mundo, se "escolhe" ser mãe por outros motivos, mtas vezes, antes desse amor q se espera de uma mãe. Isso foi mt interessante pra mim, na vdd, um choque. 
Msm com essa visão, a mulher-mãe sofre demais e enfrenta mts questões, principalmente, machistas pra lidar com essa realidade. Além disso, tinha o costume da poligamia, em q, no caso de Nu Ego, seu marido teve q assumir as esposas do irmão mais velho q havia falecido e assumindo tb despesas, filhos e etc. O q não era fácil pra esposa mais velha, como era chamada a primeira esposa de um homem.
Além da questão da maternidade e do ser mulher, Buchi aborda a questão da migração, qnd passam a viver em Lagos, cidade conhecida como a sede dos brancos na Nigéria, então, mts de seus costumes tinham sido impostos pros nigerianos, q tb não eram um só, divididos em várias tribos. O q mostra q não só as mulheres, mas os homens tb sofriam por conta do colonialismo e da discriminação.
Tinha ainda a questão espiritualidade e da religião. Os nigerianos acreditavam em seus espíritos, curandeiros, chis, reencarnação, obrigações aos espíritos, diferente do q se impunha em Lagos. Por conveniência, para melhor aceitação, eles deveriam se converter ao catolicismo. Fizeram isso, mas, ao longo de toda a narrativa, eles oscilavam entre uma religião e outra. Nu Ego tentava fazer com q os costumes de sua cidade não se perdessem nela e nos filhos. 
A trajetória dessa mulher foi incrível, assim, como parece ter sido a da autora. Foi tb sofrida, injusta, cheia de preconceitos e violações. O livro gera mtas reflexões, nos mostra outra cultura, costumes e abre a nossa mente pra nossa realidade. Indico demais.

O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤

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