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domingo, 31 de janeiro de 2021

Desafio Leia Mulheres (janeiro): "Vasto Mar de sargaços" - Jean Rhys

 


Desafio Leia Mulheres mês de Janeiro - Autora latino-americana
Vasto mar de sargaços - Jean Rhys (Livro 4. jan de 2021. 192p.)

Editora: Rocco
Nota: Não acho justo dar a nota sem ter lido "Jane Eyre", mas pela riqueza de conteúdo literário dou 4/5. Não pela história em si.
Gênero: Romance psicológico 

Já comecei o desafio sendo impactada e com uma leitura mt louca! Esse livro me lembrou "A confissão de Lúcio", de Mário Sá-Carneiro, um clássico português, q é doido tb, mas com as explicações da professora e acompanhada de textos críticos, se tornou um dos meus preferidos por ter uma narrativa tão inteligente! E tenho a impressão de q seja o caso desse livro tb, mas me falta apoio.
Rhys pegou a personagem Bertha de "Jane Eyre", romance de Charlotte Brontë, a "louca do sóton". Eu n sabia disso pq nunca li o romance (embora queira mt), mas essas informações estão no prefácio. Ela, assim como a autora, era Dominicana (Caribe) e passam a sua vida na Inglaterra. Bertha, tem seu nome mudado pelo marido, a fim de ter sua personalidade mudada tb, esperava-se q ela se tornasse contida, submissa e passiva. O contexto sócio-histórico, na Inglaterra, estava na era vitoriana, o qual era mt violento pras mulheres. Os costumes e a moral eram vividos e impostos severamente. A mulher q saía do padrão era considerada louca e os piores castigos eram dirigidos a elas.
Antoinette é a protagonista da narrativa, no começo, uma menina bem sofrida, sem pai (mas, depois, com um padrasto) e com uma mãe super abusiva, q a rejeitava e smp q podia lhe dirigia um insulto. Foi bem triste. Mais tarde, houve um acidente em sua casa, o q levou à morte de um familiar seu e sua mãe ficou pior do q já era. Em seguida, ela é levada a um convento, depois se casa e a história se desenrola nesse momento.
O início, aparentemente solto e sem sentido, começa a ser explicado e o quebra-cabeça vai tomando forma, a respeito da vida de seus pais, de seus "criados", aparecem tb vinganças e desconfianças.
O enredo aborda questões sobre choque de culturas (branca e preta, especificamente, ingleses e jamaicanos). Antoinette, pros brancos é considerada "preta branca" e pros pretos, "barata branca", o q a agonia mt, atrapalhando o seu reconhecimento identitário. Além disso, tem a questão de os negros serem vistos como feiticeiros e motivos de preocupação, já q causam ameaça com seus ocultismos e mentiras. Existem ainda mts pontos q caracterizam a escrita do início do séc. XX nesta obra, como personagens se sentindo perdidos, "sem identidade", num mundo sem sentido, smp deslocado, sem lugar de pertencimento; referências ao espelho, ao passado, ao quarto, ao retorno para o passado, a ideias q se opõem (lua e sol, claro e escuro, vida e morte, desejo e sua negação, sonho e realidade, dormir e acordar), loucura, e fingimento. 
Além disso, percebi elementos da melopeia (o texto dava a impressão de que era uma música, em alguns momentos), principalmente, no final do livro, era possível visualizar uma espécie de magia, feitiço e transpassava emoções, apuração de sentidos. Inclusive, essa narrativa é cheia de jogo de palavras, de ideias com mais de um sentido, tem uma passagem sobre morte mt interessante, cujo cenário é um casamento:
"Eu me lembro muito pouco da cerimônia em si. Placas de mármore nas paredes celebrando as virtudes da última geração de fazendeiros. Todos benevolentes. Todos senhores de escravos. Todos descansando em paz. Quando saímos da igreja, eu peguei na mão dela. Estava fria como um gelo no sol escaldante" (p.73, grifos meus).
O final foi mta viagem!! Talvez, eu tenha ficado perdida por n ter lido "Jane Eyre". Então, vou fazer a leitura, q já qro há um tempo msm, e voltar a este clássico. Narrativa mt curiosa.. 
Enfim, é uma história com alguns suspenses (leves), questões raciais e identitárias, desconfianças, tragédias e algumas incógnitas. Recomendo demais e quero alguém pra discutir cmg.
Curiosidade 1: Jean Rhys era um pseudônimo de Ella Gwendollen Rees Williams Roseau. 
Curiosidade 2: O Mar de Sargaço está localizado no Oceano Atlântico, próximo ao Caribe. Sargaços são espécies de algas q se proliferam mt nesse mar, por isso o nome. Ele é cercado de ilhas, dentre elas a Jamaica, cenário escolhido pela autora pra fazer este romance.
Curiosidade 3: A capa do livro só tem a ver com a personagem do romance "Jane Eyre", q é a msm personagem deste livro. No primeiro livro, a personagem vê/sente Antoinette saindo pela janela do sóton em q estava presa e só ficando Bertha, aquela q não era ela de vdd. As duas eram a msm pessoa, mas seu marido a renomeou, querendo q ela se transformasse. 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Por favor, cuide da mamãe - Shin Kyung-Sook

 

Por favor, cuide da mamãe - Shin Kyung-Sook (Livro 4. jan/2021. 240p.)

Editora: Intrínseca
Nota: 3,5/5
Gênero: romance (ficção)

Sabe o q tô achando? Q amo narrativas coreanas, talvez, por enquanto, as contemporâneas, pq foram as únicas q li. Q narrativa é essa, minha gente!!! E a grd chave dela são os diferentes narradores e seus tipos.
A história é sobre o desaparecimento de uma mãe, mt idosa, de 4 filhos, um ex-marido, noras, cunhada, uma mãe (n sei se viva ou morta); em q os personagens narram sua relação com essa mulher. Ela é a protagonista, mas só se narra em um pequeno trecho do último capítulo. Além disso, o texto não possui um narrador fixo em terceira pessoa ou primeira, ou um narrador onisciente, os personagens da história narram sobre ela, cada um em capítulo. Eu achei isso mt legal! Não me lembro de ter lido nd assim antes.
Parece q o segundo protagonista (pq a primeira é mamãe) de cada capítulo se responsabiliza ou é acusado de culpa pelo desaparecimento da mãe, pela sua omissão e falta de reconhecimento por td q ela fazia. Tive tb a impressão de q a coroa sumiu pra fazer cada um refletir em suas vidas e ações. Mas o final deu a entender outra coisa e n vou dar spoiller.
O primeiro capítulo é narrado pela filha mais nova, q era escritora, mas ao longo do capítulo, eu me confundi. Pq ela narra como se tivesse falando dela, mas na segunda pessoa, por exemplo: "você sabe q sente falta de uma pessoa, qnd ela some", era como se ela tivesse falando se dirigindo a alguém, mas a incluindo no discurso, poderia ser Tb uma conclusão generalista a respeito do q ela abordava. No decorrer do capítulo, parece q ela tá falando de alguém pra outra pessoa e não dela msm. Essas confusões assim, me instigam mt, mas dão um nó. O segundo capítulo é narrado pelo irmão mais velho, em primeira pessoa.
O terceiro é sobre o esposo da protagonista. Mas quem narra sobre ele e sua relação com mamãe é uma funcionária do orfanato q ela frequentava e ajudava financeiramente, além de ter apadrinhado um menino e ngm sabia disso. Essa mulher conta o q mamãe falava pra ela sobre a relação dos dois e as impressões q ela tinha das histórias. A irmã do esposo, cunhada de mamãe, q mais parecia sua sogra, tb narra esse capítulo e a relação dela com a protagonista não era das melhores, mas a cunhada se arrependia disso. Além disso, ainda neste capítulo, há uma perda q faz mamãe desencadear depressão, além de suas outras doenças, e isso foi bem marcante pra narrativa e pra vida da personagem. 
O quarto capítulo foi bem confuso. A avó materna desses filhos narra a história, mas falando com sua filha, q, de repente, parece surgir (pq ela estava desaparecida rs). Nd é explicado e as descobertas continuam. Parece q ela volta ao passado ou q mamãe morre por um momento, ou nos dá a entender q ela morreu. Mamãe Tb narra esse capítulo e fala sobre seu estado de saúde física e mental e seus planos diante disso. Ela faz uma fala sobre o passado no presente e a interligação desses com o futuro, q resume td o q foi a narração desse livro: presente (sumiço  da mulher) cheio de passados (os familiares narravam td q tinham vivido com ela e as descobertas q iam sendo percebidas) q iam influenciar o futuro (retorno ou não da mulher). 
Esse livro foi gatilho, pra mim, com a questão da violência doméstica, principalmente a psicológica. E no q diz respeito à maternidade tb, com a questão da culpabilização (interna e externa) da mulher sobre a criação dos filhos. 
Só não dei mais nota pq o livro ficou mt confuso, em alguns momentos, como dá pra perceber nesta resenha, o q gerou um cansaço. Com certeza, gera a necessidade de releituras. É um livro denso, mas com questões literárias incríveis!! Foi indicação da Vanessa e agradeço por querer discuti-lo cmg! Uma experiência maravilhosa e de mtas reflexões!


sábado, 23 de janeiro de 2021

A vida invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha

 


A vida invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha (L. 2. jan/2020. 192p.)

Editora: Companhia das letras
Nota: 3,5/5
Gênero: Romance psicológico

Confesso q me decepcionei um pouco com esse livro. Acredito q tenha criado mtas expectativas sobre ele e não achei isso td.. Embora seja uma leitura instigante, q prende o leitor e mantém o desejo de continuar no próximo capítulo qnd o anterior acaba.
É o tipo de narrativa q apresenta coisas nos começos e vai explicando durante o desenrolar da história, eu amo isso! Tem muitos personagens, todos ligados à Eurídice de alguma forma e é mt interessante pq a autora contextualiza a vida de todo mundo, fazendo com q a gente não os odeie, mas q olhemos para além das suas péssimas características enquanto pessoas, q não são de todo ruins. Isso tb é uma coisa q gosto mt na descrição e formação de personagens: explicação sobre o passado, contextualizando-os pra nós, leitores.
A história se passa na zona norte do Rio de Janeiro, nos anos de 1940, aproximadamente,  cuja protagonista é Eurídice Gusmão. Uma muher do lar, com marido e dois filhos, mas essa vida não era suficiente pra ela. Porém, em td q ela tentava fazer pra ter o seu dinheiro, sua independência, sua identidade, era tolhida e o foi dsd criança. Até q, depois de alguns anos, ela se descobre (mais uma vez) e coloca seu desejo, sua vida em prática, sem impedimento e julgamentos. 
E, nesse momento, me pareceu faltar informações, a narrativa deu um pulo, ou eu perdi alguma coisa. Pois ela tinha tentado outras coisas e n dava certo, por que essa última deu, sabe? Enfim..
Os machismos q Eurídice viveu me incomodaram um pouco e eu tava só esperando o momento em q essa mulher ia reagir, minha gnt.. E com medo.. Se ela não desse uma reviravolta nessa história eu nem sei, Brasel!
No mais, amei a história de cada personagem, do contexto daquela época, costumes, além da citação de ruas e lugares aqui do RJ. Teve mt injustiça, indignação, reprodução sem questionamento de diversos comportamentos, uma história se ligando a outra, tinha hora q eu nem lembrava de q Eurídice q era a protagonista, tb curto mt isso.
Outra coisa interessante é a forma como as crianças são retratadas pela autora e os descobrimentos morais e sociais q elas vão fazendo ao longo de suas vivências. Aquela coisa de fofocas e mexericos, q é bem comum em novelas de época tb me cativam mt e foi perfeitamente bem retratada na narrativa e a ligação com a espiritualidade tb é bem marcante e divertida. Além disso, o narrador conversa com o leitor em alguns momentos e eu sou apaixonada por essa estratégia narrativa!! Uma das coisas q faz eu ser apaixonada pela jeito narrativo de Machado.
É um livro de linguagem simples, q retrata a época sem dificuldade alguma, divertidíssimo, revoltante e chocante em diversos momentos!! Eurídice e a maioria dos personagens rompem com os padrões sociais impostos, msm q, em alguns momentos, tenham se submetido a eles contra suas vontades. E a invisibilidade foi um marco na vida de Eurídice, msm qnd ela resolveu ser ela e se expandir pro mundo. Recomendo a leitura!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Toda forma de mulher - Nathalie D. A.

 


Toda forma de mulher - Nathalie D. A. (L. 1. jan/2020. 128p.)
Editora: Sinna
Nota: 4/5
Gênero: poesia

Ai foi tão bom começar o ano com poesia, ainda mais poesia feminista!
O livro se divide em 3 partes: "do abuso ao empoderamento"; "nosso corpo é lindo" e; "nós duas". As poesias são bem simples e acessíveis de entender, retratam a realidade vivida por mulheres em relação ao machismo e todo tipo de violência q o envolve. É um livro importante pra qlqr mulher ler e se empoderar, mas, principalmente, para aquelas q estão começando a entender as opressões q sofremos ou aquelas q ainda não se percebem oprimidas e violadas. Esse livro é uma porta pra q mulheres acessem ao caminho da liberdade. 
Na terceira parte, ela aborda mais as questões q mulheres lésbicas sofrem, e foi a parte q mais amei e me identifiquei. É mt bom ter representatividade na literatura!!
Só não dei nota 5 pq senti falta de outras "formas de mulheres", como as pretas, as portadoras de deficiência, as trans, enfim.. Toda forma de mulher é mta coisa. Há quem critique essa forma de pensar, mas as opressões de mulheres não podem ser generalizadas, existem violências específicas pra "tipos" específicos de mulheres.
Os posts q fiz de algumas poesias deram o q falar e eu amo, teve até gente querendo o livro emprestado e é esse o papel da poesia, da arte, da literatura, na minha opinião: se propagar e libertar pessoas.
Agradeço a autora pelo trabalho, pelo posicionamento, pela exposição e a contribuição no empoderamento e liberdade de outras mulheres.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Metas para 2021

 

Eu sou a louca das metas. Msm q eu N cumpra td ou não cumpra nos períodos q estabeleci, adoro a sensação de "dever cumprido" q as metas me proporcionam rs. 
Pra 2021, vou continuar no Desafio leia mulheres, cujo objetivo é ler, pelo menos, uma mulher por mês e esse ano vai ser com foco nas autoras pelo Brasil e mundo. Eu amei essa ideia!! 



Quero entrar tb no Desafio "faces da África 2021", q o objetivo é ler 7 autores negros e de gêneros e tipos de livros diferentes. Adorei a ideia já q eu tava na missão de ler mais negros em 2021. 



Pensando nessa meta, vou aderir à listinha da @mulheresnegrasnabiblio, de leituras de autoras negras em 2021.



Tem tb o projeto com 5 amigos literários, chamado de "livros viajantes", em q cada um escolhe um livro e um vai passando pro outro até seu livro chegar em si novamente. Tô super empolgada! O primeiro já chegou, tô aguardando o dos outros chegarem pra começarmos as leituras. 
Já estou em 3 leituras coletivas rs e sei q vêm mt mais! Coloquei 30 livros na meta de leituras do skoob, por enquanto, essas 3 leituras coletivas já estão incluídas ("Os sete maridos de Evelyn Hugo", "A cor púrpura" e "Meio sol amarelo"). 





E tem a leitura coletiva da Bíblia q criei com a Fernanda, totalmente de forma aleatória, no finzinho de 2020. E tô amando! 
Elemento surpresa: tenho 2 projetos pra esse ano, até março vou lançar as novidades!!
É isso, gente!! Final do ano eu volto pra conferir o q consegui cumprir. 

domingo, 3 de janeiro de 2021

Dados sobre minhas leituras em 2020


Aaaaii esse ano.. rs
Foi o pior ano da minha vida e, pelo q tenho visto, o de mta gente tb. Óbvio q coisas maravilhosas aconteceram, mas não lembro de tantas coisas ruins terem acontecido em um ano da minha vida. A astrologia já dizia q esse ano seria ruim e eu não acreditei. Mas, enfim, tô aqui pra dizer q a literatura me salvou de td q eu vivi de ruim e me fez ver, mais do q nunca, o qnt ela é importante e o qnt eu quero viver disso.
Dito isso, este é um post sobre o balanço das minhas leituras em 2020 e minhas experiências literárias.
Li 53 livros, desses:
- 15 entraram na minha lista de favoritos;
- 35 de ficção
- 17 de não ficção
- 21 de autores brasileiros
- 32 de autores estrangeiros
- 10 de autores negros
- 6 com temática lgbtqia+
- 16 clássicos
- 37 contemporâneos
- 46 romances
- 4 contos
- 3 poesias
- 28 físicos
- 20 e-books
- 5 audiobooks
- 31 de mulheres
Sendo um livro escrito por duas autoras, outra de uma autora com autor e dois livros da msm autora, ou seja, 31 autoras (do msm jeito rs), dentre essas eu só conhecia (tinha lido) 3. Conheci 29 autoras novas. Das 31, 13 eram brasileiras; as restantes (18) se dividiram entre nigerianas (2); inglesas (3); canadense (1); indiana/Canadá* (1); espanhola (1); mexicana (1); estadunidense (6); francesa/Argentina* (1); ucrânia/Brasil* (1); e coreana (1).  Dos livros 31, 7 foram clássicos, sendo 5 de ficção, e 2 de não ficção; e 24 contemporâneos, sendo de 17 ficção e 7 não ficção. E 8 livros foram de mulheres negras.
- 22 foram de homens
Sendo 1 escrito por dois autores, ou seja 23 autores. 11 autores eu não conhecia. Desses autores, 9 são brasileiros e os restantes (14) se dividiram entre: ingleses (2), gregos (3), moçambicano (1), irlandês (1), argentino (1), estadunidense (4), alemães (2). Dos 22 livros, 9 são clássicos, sendo 8 de ficção e 1 de não ficção; e o contemporâneos (13), sendo 8 de ficção e 5 de não ficção. E 2 livros foram de autores negros.

E, pra finalizar:
Comprei 53 livros (4 e-books), desses, li 19 e 4 ainda não chegaram. Ou seja, ainda não li 30 livros q estão cmg. MDSS.. Assustada, não sabia q eu tinha comprado tantos e lido tão pouco rs

Saldos: Aumentei minha biblioteca particular. Foi o ano q mais li, q mais li e conheci mulheres e descobri o qnt amo ler e discutir sobre isso. Descobri q amo leituras coletivas e q não vivo mais sem uma.
Devo melhorar: Leitura de autores negros, de temática lgbtqia+, de países em q autores não são tão reconhecidos pelo mundo e mais brasileiros tb. Além disso, parar de comprar livros um pouco e ler os q eu já tenho (rs).
 
1*Nacionalidade/onde vive ou passou a maior parte da vida.

O genocídio negro brasileiro: um racismo mascarado - Abdias Nascimento


O genocídio negro brasileiro: um racismo mascarado - Abdias Nascimento (220p. [L. 53. dez-2020])

Esse livro é um ensaio q Abdias elaborou a pedido de Pio Zirimu, diretor do Colóquio, para q fosse apresentado neste evento chamado "Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas", em Lagos, capital da Nigéria. Mas isso não aconteceu porque o trabalho foi rejeitado sob os argumentos mais descabidos. Então, os dois reivindicaram o espaço de fala de Abdias e foi um rebu danado!! Adoro qnd os errados ficam sem argumentos! 
Abdias sofreu uma tentativa de silenciamento, e "tentativa" pois não foi o que conseguiram pq ele resistiu, se posicionou, lutou e teve apoio. 
Seu trabalho tinha como título "Democracia racial no Brasil: mito ou realidade?". E é óbvio q seria rejeitado rs. Abdias denunciou toda a hipocrisia em relação ao racismo "velado" existente no Brasil, na década de 1970, mas Tb todo o histórico antecedente e ele foi brilhante em suas exposições. Posso imaginar como os representantes q selecionava os trabalhos se tremeram de recalque ao ler o ensaio de Abdias. Além disso, o governo brasileiro fez encaminhamentos e solicitações pra q o trabalho dele fosse vetado. 
Todos os seus apontamentos eram pra justificar o genocídio negro no Brasil, q era real e uma política de aniquilar os negros do país. Ele aponta os mitos e os desmitifica, como o do "senhor benevolente"; a inferioridade do negro justificada pela ciência; a benignidade da escravidão racista; a democracia racial; a miscigenação como algo amigável e de livre escolha; a abolição da escravidão. 
A miscigenação; o sincretismo religioso; o tratamento das culturas, das artes dos costumes vistos como folclóricas e objeto de comercialização; o fato de a manifestação racial ser vista e propagada como ameaça ou agressão retaliativa, subversiva e dividionista; a ideia de unidade nacional; a coação nos dados censtitários são estratégias para o genocídio negro. 
Ele ainda chama a atenção pra q se observe os lugares q os negros ocupam nos empregos, nos territórios, nas escolas e universidades, nas religiões, na cor, e os lugares q acessam, msm sendo maioria na população brasileira. 
Existia uma lei no Brasil, no primeiro governo de Vargas, q o próprio sancionou, determinando a proibição da entrada de imigrantes negros no país. Rui Barbosa, em 1891, ordenou, por meio de uma circular, a destruição de documentos e arquivos relacionados à escravidão e ao comércio q a envolvia. É de chocar!! Essas e outras leis excluíam e matavam negros no Brasil. 
Outra questão super necessária é a referência aos escritores e artistas da época, negros, uns q aderiram à assimilação branca, ou seja, se considerava e agia pra ser considerado um "negro de alma branca" e àqueles q resistiram e lutaram, em seus espaços por reconhecimento e existência. 
Ainda apresenta os movimentos de resistência daquela época, uma informação curiosa e não mt dita. Sobre a década de 60-80 se fala mais sobre a luta por democracia, por direitos coletivos, mas a luta por diretos "individuais" já existia e tinha mta força. 
No final, ele ainda faz recomendações ao governo e à sociedade brasileira. Aí deve ter sido o fim da picada. E aquela frase mt usada após a morte da Marielle tem mt a ver com o resultado dessa violação sofrida por Abdias: "tentaram nos aniquilar, mas não sabiam q éramos sementes". Abdias publicou esse livro incrível, base e instrumento de luta racial pra gerações e países! A casa grande enlouquece! 

O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta

 


As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta (320p. [L. 51. nov-2020])

Esse livro é tão triste, mas é uma realidade, infelizmente e, em partes, a realidade da autora, q se casou aos 16 anos, sofria violência doméstica, morava na Nigéria, depois da notícia q sua filha moraria com o pai ficou devastada, decidiu escrever esse livro.
Essa foi mais uma leitura coletiva (LC) com a @literatoando no projeto @enegrecendoleituras e, como smp, foi incrível, falar sobre literatura com outras pessoas é mt bom, acrescenta tanto, nos faz ver outras coisas... Eu amo! 
A protagonista da história é Nu Ego, filha de uma amante do chefe Agbadi, de Ibuza, na Nigéria. Ela vive em função de engravidar e ter filhos. Inclusive, qnd ela descobre q sua chi (espécie de "anjo da guarda", sua guia espiritual) não quer lhe dar filhos, faz de td pra conseguir e, depois q consegue, ela vê o qnt essa "escolha" é complicada, desgastante, não reconhecida, cheia de cobranças e, geralmente, solitária pra mulher.
Já adianto que o título do livro é uma grd contradição, o q foi percebido pela maior parte da galera da LC. Eu tinha achado q a autora qria "desromantizar" a maternidade com essa intenção, mas uma das meninas da LC me mostrou algo além: na Nigéria, as mulheres têm outra concepção de maternidade. Ela não é romantizada como nós, ocidentais, conhecemos. A maternidade se mostra e se dá nua e crua e pra elas, ser mãe não a melhor escolha do mundo, se "escolhe" ser mãe por outros motivos, mtas vezes, antes desse amor q se espera de uma mãe. Isso foi mt interessante pra mim, na vdd, um choque. 
Msm com essa visão, a mulher-mãe sofre demais e enfrenta mts questões, principalmente, machistas pra lidar com essa realidade. Além disso, tinha o costume da poligamia, em q, no caso de Nu Ego, seu marido teve q assumir as esposas do irmão mais velho q havia falecido e assumindo tb despesas, filhos e etc. O q não era fácil pra esposa mais velha, como era chamada a primeira esposa de um homem.
Além da questão da maternidade e do ser mulher, Buchi aborda a questão da migração, qnd passam a viver em Lagos, cidade conhecida como a sede dos brancos na Nigéria, então, mts de seus costumes tinham sido impostos pros nigerianos, q tb não eram um só, divididos em várias tribos. O q mostra q não só as mulheres, mas os homens tb sofriam por conta do colonialismo e da discriminação.
Tinha ainda a questão espiritualidade e da religião. Os nigerianos acreditavam em seus espíritos, curandeiros, chis, reencarnação, obrigações aos espíritos, diferente do q se impunha em Lagos. Por conveniência, para melhor aceitação, eles deveriam se converter ao catolicismo. Fizeram isso, mas, ao longo de toda a narrativa, eles oscilavam entre uma religião e outra. Nu Ego tentava fazer com q os costumes de sua cidade não se perdessem nela e nos filhos. 
A trajetória dessa mulher foi incrível, assim, como parece ter sido a da autora. Foi tb sofrida, injusta, cheia de preconceitos e violações. O livro gera mtas reflexões, nos mostra outra cultura, costumes e abre a nossa mente pra nossa realidade. Indico demais.

O quanto amei: 🖤🖤🖤🖤