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sexta-feira, 4 de junho de 2021

Auguste Dupin: o primeiro detetive - Edgar Allan Poe



Auguste Dupin: o primeiro detetive - Edgar Allan Poe (Livro 14 [jan- fev/2021] 256p.)
Editora: Novo século
Ano:  2020
Nota: 3,5/5
Gênero: Contos (suspense, policial)

Tinha mta curiosidade sobre o Poe, conhecia "o corvo" e, lendo "o escaravelho de ouro", percebi q já havia lido, mas n lembro de qnd nem onde. Há um tempo ouço dizer q ele um clássico da literatura policial, do terror, do suspense e q ele foi influência pra vários autores renomados do gênero, por isso, smp quis conhecê-lo mais, até porque amo os clássicos, msm q eles sejam complexos e uma incógnita de vez em qnd.
Esse livro é sobre 3 contos do Edgar, cujo protagonista é Auguste Dupin, o primeiro detetive na literatura; e mais 2 contos extras. Os contos me soaram como episódios de uma série, em 3 capítulos, nesse caso. O detetive era chamado, contratado pela polícia de Paris pra desvendar os mistérios de crimes, qnd ela não dava conta de o fazer. 
Não li mt desse gênero (policial), mas me encantei com a maneira com q ele constrói o enredo, as afirmações q ele faz sobre especulações comprovadas pela física, pela biologia, química, isso foi incrível!! Msm q algumas coisas tenham me soado sem coesão e outras sem sentido, prefiro me ater às coisas boas e diferenciais.
A narração é comum entre os clássicos q já li, especialmente do séc. XIX: uma pessoa narra a história sobre alguém (neste caso, o amigo de Dupin narra as histórias deste); no fim das contas, vc esquece q o narrador é quem conta, e n quem tá sendo narrado, mas em alguns momentos isso é lembrado. Em todos os contos é enfatizada a importância de uma busca atenta, paciente e cuidadosa; e há tb a citação, o uso, por exemplo, de outros crimes pra ajudar nas descobertas. Abaixo seguem os resumos sobre cada conto.

Os assassinatos da Rua Morgue (1841)
A história começa com a contextualização da existência do amigo de Dupin e como se conheceram. Em seguida, o crime aparece e o desenrolar da história é sobre a descoberta do assassinato da mãe e filha, mortas de uma forma brutal e inusitada. As pistas eram das mais esquisitas e o assassino ainda mais. Só queria saber q espécie de assassino era aquele. O q tornou o conto com cunho de fantasia. 

O mistério de Marie Rogêt (1842)
Uma menina, aparentemente pacata, tranquila e na sua, estava sumida havia 3 dias e as pessoas com quem trabalhava e sua tia, demonstraram preocupação com isso. Mas o msm havia acontecido outra vez e ela voltou. Tinha uma namorado meio misterioso e, aparentemente agressivo, se não me engano. Então, o corpo de uma moça foi encontrado num lago, ela usava roupas de Marie, mas por diversos motivos achavam q poderia n ser ela. Os elementos físicos, biológicos e químicos sobre a especulação desse crime foi mt legal!! A explicação sobre afogamento e o boiar do corpo, o tempo q leva uma roupa a ficar mofada numa floresta, as marcas de agressão no corpo da moça.. E o final foi uma grd confusão! Mts incógnitas ainda ficaram na minha cabeça, Vanessa me ajudou mt (como smp, rs).

A carta furtada (1844)
Esse conto foi mt instigante. Uma carta com uma espécie de poder q mudaria a vida d qm a obtivesse. A polícia sabia quem era o criminoso, era tb conhecido pela dona da carta, mas td indicava q ele não havia feito nada após o furto, pq sua vida continuava a msm. Então, a missão era achar essa carta e devolvê-la à dona. O ponto-chave é a especulação sobre onde a carta estaria, o q foi mt interessante. Mas até hj ngm sabe o q de fato estava escrito lá (rs.. ódio!).

O corvo (1845)
Esse é um conto em forma de poesia, o q me atraiu na primeira vez q li. Tem versos, rimas, estribilho (a grosso modo, aquele verso q smp se repete, geralmente no fim da estrofe), mas é a narração de uma cena. Sobre um homem q sofria à janela pela sua amada e o corvo, macabro e esquisito, aparece a ele, diz q se chama "nunca mais" e só sabe dizer essa frase, ela é a resposta pra todas as perguntas q o homem faz a ele. Já tive uma aula sobre ele, mas n lembrei de mta coisa. Me parece q o homem q sofre de sdds, morre, como se o corvo fosse um mau presságio.

O escaravelho de ouro (1843)
Esse conto foi o meu preferido. Fiquei chocada com a criatividade desse homem e com os conhecimentos q ele tem, pq as suspeitas, as especulações são reais, msm q a narração seja uma ficção. Me prendeu mt! Escaravelho era uma espécie de besouro de ouro, pivô de um poder q tornaria quem fosse picado por ele em um milionário, neste caso, o sr. Legrand. Além disso, recebeu um pergaminho com uma msg enigmática e metade do conto é descrição de como a decifrou, foi perfeito!! Aqui, a história começa pelo "fim", ele acha o tesouro antes de descrever o caminho q fez pra alcançá-lo. Achei essa lógica mt interessante. E foi o conto mais claro, acessível e instigante.




quinta-feira, 1 de abril de 2021

O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos de se relacionar - Sobonfu Somé




O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos de se relacionar - Sobonfu Somé (Livro 13. fev-mar/2021. 143p.)
Editora: Odysseus
Ano:  2009
Nota: 5/5
Gênero: Romance (não ficção/cultura e religião)

O livro é uma experiência da tradição oral de Sobonfu Somé, q visa falar sobre relacionamentos, principalmente o casamento, segundo as reflexões da sabedoria do povo Dagara, na  África ocidental. 
O prefácio já mostra q o q se verá, ao longo do livro, é algo bem diferente do q nossos "olhos ocidentais" estão habituados a ver, n só no q diz respeito aos costumes, mas tb no quesito de ter e buscar respostas pra td.
Água, terra, mineral, fogo e natureza são elementos que regem suas vidas na aldeia. O comando dela funciona por um conselho, composto por 5 homens e 5 mulheres, um homem e uma mulher representando cada elemento acima. 
O espírito é o ponto-chave dessa cultura, é ele q une os relacionamentos, independentemente das origens das pessoas. Pra eles, é força vital q há em tudo. Ele existe pra manter o propósito da nossa vida e pra nossa sanidade mental.
Segundo Sobonfu, nossos relacionamentos (ocidentais) giram em torno de ego e controle, afirma q começamos pelo auge, logo, a queda será (e é) um fato. Nos enganamos achando q racionalizar relacionamentos é a chave pra q deem certo, mas não, e sim, a espiritualidade. O espírito da intimidade ou de relacionamento é o resultado da união de dois espíritos.
Impressionante a noção deles de comunidade, de coletividade, se esse livro não fosse a experiência de uma pessoa e eu não tivesse provas de q a educação forma pessoas de diferentes maneiras, eu jamais acreditaria na existência dessa cultura. Egoísmo e corporativismo n existem nessa comunidade. Todo mundo cuida de todo mundo, sem privilégios, sem defender os seus, a sua família, os da sua casa, até pq, n existe essa noção "minha família", "meu filho", "minha mãe", todos são de todos. Isso deixa as coisas tão mais leves e mais responsáveis.
Os rituais existem pro povo entender td e qlqr coisa e fazer as melhores escolhas. Estar decidido e aberto a ouvir é imprescindível. Eles têm o hábito de ouvir, de ouvir seus ancestrais, q reconhecem saber da vida, do tempo, do passado e do futuro mais do q eles.
A parte do casamento já achei meio tensa, tirando o momento q as pessoas são escolhidas de acordo com seus propósitos e seus jeitos, ou seja, dificilmente vão se separar por atritos ou por divergências gritantes. Além disso, o casamento tem um objetivo maior q o amor e interesses próprios, particulares. Ele existe pra contribuir q os dois alcancem seus propósitos de vida, para os quais foram destinados, dsd o nascimento. E o ponto negativo disso é q as pessoas não precisariam se conhecer ou nem estar presentes no ritual de casamento. 
Entre os dagara, a poligamia é admitida, mas com o consentimento da mulher. Pelo q entendi, só os homens podiam ter várias mulheres. Porém, msm se a esposa quisesse, ele poderia n querer.
Os rituais de nascimento e iniciação são bem curiosos, e sou suspeita de falar sobre rituais, acho mt mágico e mt interessante. A valorização do ciclo menstrual me soou empoderador, coisa q eu preciso trabalhar em mim (rs). A tribo não trata isso como essencial à maternidade, romantizando essa questão, pelo contrário, ter filhos n é uma prioridade da comunidade e do casamento, mas sim, os propósitos de vida de cada um.
A segunda parte é meio repetitiva, mas dá detalhes sobre o casamento, os relacionamentos, rituais de reconciliação e manutenção das boas relações. Além disso, teve a questão do divórcio, q polemizou a reunião de leitura coletiva!! Foi mt bom!! E eu não vou dar spoiller.
E, pra fechar, teve a questão da homossexualidade. Entre os dagara, eles tinham a função de guardiães do portal, da passagem ou "porta" entre um mundo e outro. Não casavam e não viviam os rituais nem participavam deles como todos da aldeia. Pra a autora, eles eram vistos e considerados privilegiados, eram tratados como normais, não é como aqui (no ocidente). Mas eu discordo dela, pq eles não são tão iguais.
Essa questão de ser guardião entre um mundo e outro me lembrou de o arco-íris ser símbolo da causa LGBTQIA+, me levou a refletir, e tem mt a ver com o que eles eram na tribo dagara. 
Segundo a bíblia, o arco-íris é um símbolo da aliança q Deus fez com Moisés de nunca mais destruir a terra por meio da água, como fez no Dilúvio, foi o marco de fim de uma era e início de outra, como na foto abaixo. 


Na mitologia grega, a deusa Íris (foto abaixo), irmã de Hermes e q tinha a msm função q ele, era responsável por transmitir recados dos deuses para os homens e vice-versa, ou seja, estava entre um mundo e outro. 


Na mitologia nórdica, Bifrost é a ponte que liga Asgard (mundo dos deuses) a Midgard (mundo dos humanos), ela é conhecida como "ponte do arco-íris", só os deuses passavam por ela, trolls e gigantes queimavam seus pés qnd passavam por ela. 


Por coincidência, vi uma referência ao arco-íris no livro "meio sol amarelo", da Chimamanda, em q um dos protagonistas (Egwu), em meio a guerra, diz que, para os japoneses, ele era um mau presságio. E eu fecho aqui. rs..
Leiam esse livro, mt rico a respeito do relacionar-se com pessoas. Eu aprendi demais!

quarta-feira, 31 de março de 2021

Desafio leia mulheres (fevereiro) - Ay kaky ritama: eu moro na cidade - Márcia Wayna Kabeba

 


Desafio leia mulheres mês de fevereiro - Autora do norte do Brasil 
Ay kaky ritama: eu moro na cidade - Márcia Wayna Kabeba (Livro 11 fev. 2021. 286p.)
Editora: Pólen
Ano: 2018
Nota: 5/5
Gênero: Poesia (indígena)

Gentee, esse livro foi um dos mais emocionantes que li neste ano. A cada leitura q faço de autores integrantes de parcelas excluídas socialmente e que mais sofre preconceitos, vejo q não existe narrativa melhor a ser lida!! É mt emoção, e não sei se é apenas afinidade e reconhecimento nesses autores e suas histórias, me parece q a "escrevivência", termo cunhado por Conceição Evaristo, é realmente tocante, diferenciada, envolvente e q mexe com as nossas estruturas internas, aquele famoso "tapa na cara", leva à reflexão, msm q a intenção dos autores não seja essa essencialmente. E foi o q senti com Márcia Kabeba, mulher indígena do Amazonas, norte do Brasil, da tribo Omágua-Kambeba.
Márcia, ingressou à Universidade para mostrar a história de seu povo, sua cultura para os leitores em forma de poesia e para se "armar" com a palavra pra proteger seu povo e lutar por ele.. E q coisa mais linda!! Esse livro foi resultado do seu mestrado em geografia. O prefácio é apresentado por um professor e pesquisador da Universidade Federal do Pernambuco, q fazia sua dissertação de mestrado se utilizando das poesias da Márcia em sala de aula a fim de trabalhar questões de respeito, diversidade, tolerância, e incentivo ao conhecimento do outro por meio da cultura indígena da tribo de Márcia. As atividades tinham como título "um encontro com a poesia indígena na sala de aula". 
A autora aborda os costumes ritualísticos, as crenças de seu povo; as histórias dos ancestrais e o respeito e devoção a eles; as violências e violações q sofreram e ainda sofrem com a colonização e o colonialismo, a imposição de culturas, costumes e línguas q não as suas; a valorização da natureza de uma maneira mt particular e cheia de sentimento. E enfatiza a importância e a continuação da oralidade como o meio de comunicação e perpetuação da cultura como o mecanismo mais importante para isso. O livro contém fotos e desenhos da cultura, da natureza, das pinturas, o q deixa a leitura mais imersiva e envolvida.
Eu chorei em vários momentos, me arrepiei e senti meu olho brilhar em toda leitura. É mt importante saber, ouvir/ler como o outro se sente violado e atingido com certas ações, como é importante respeitar e apoiar o diferente. Pensamos em coletividade, mas em uma q respeite as diferenças, seres humanos não são iguais, não existe lógica em uniformizar nada para nós.
O desafio leia mulheres smp me proporciona conhecer histórias e autoras incríveis! Smp me surpreendendo com as indicações e me emocionando com essas mulheres perfeitas!! Recomento demais a leitura! 

Percy Jackson e os olimpianos: o mar de monstros




Percy Jackson e os olimpianos: o mar de monstros - Rick Riordan (Livro 11. fev/2021. 304p.)
Editora: Intrínseca
Ano: 2006
Nota: 3/5
Gênero:  Romance (infanto-juvenil)

Esse é o 2º livro da saga, de 5 (tem resenha do primeiro aqui no perfil, li ano passado, confere na guia "livros de 2020"). Não me impactou tanto, embora eu tenha achado melhor do q o primeiro. É q eu tinha acabado de ler Harry Potter, deu uma ressacazinha literária.. Nada era tão bom qnt HP.. Isso contribuiu pra uma nota mais baixa. Mas a mitologia grega apareceu beeem mais forte neste livro e com mta referência à história de Odisseu e de Medeia (e Jasão), q eu aaamoo!! Essas são mitologias gregas originais. 
Dessa vez, a missão de Percy não começou com profecia, como no livro anterior, mas tinha a ver com a profecia de outra heroína. Ele foi mandado ao acampamento meio-sangue, antes do previsto pq o local e, consequente seus habitantes, corriam perigo. A árvore de Thalita, filha de Zeus, q dava vida ao acampamento, à fauna e flora do local, foi envenenada. Então, a missão de todos era descobrir quem havia feito isso e descobrir um antídoto pra tal tragédia. E descobriram: o velocino de ouro, o q já era previsto, pra mim. Então, a missão era buscá-lo, na Ilha de Polifemo, o ciclope, localizada em uma espécie de outra dimensão. 
Novas aventuras acontecem, novos personagens aparecem, os vilões estão em maior número e Cronos, mais vez, tem sua influência nas desgraças ocorridas na narrativa e não desiste de sua vingança com Zeus, principalmente, seu filho, q o destronou. Cronos consegue aliados, até então, despercebidos aos acompanhantes da saga.
Chamo a atenção para a importância de conhecer essas mitologias originais, durante a leitura, pq clarifica mta coisa. As principais referências à mitologia grega são sobre a história de Hércules e seus 12 trabalhos, Jasão e os argonautas, Medeia, Andrômeda, a Odisseu (graças ao apoio de Hermes e Atena, e a interferência de Poseidon na missão e em boa parte do contexto), Deméter, hidra, entre outros q aparecem dsd o outro livro. 
E vamos para o próximo!!

terça-feira, 23 de março de 2021

Harry Potter e a pedra filosofal - J. K. Rowling



Harry Potter e a pedra filosofal -  J. K. Rowling (Liro 10. fev/2021. 256p.)
Editora: Rocco
Ano: 2019 (ano dessa edição); 1997 (da primeira) 
Nota: 5/5
Gênero: Romance (infanto-juvenil)

Antes de mais nd, só tenho a dizer q me tornei fã dessa saga e sou completamente apaixonada, dsd então. Eu tinha visto o filme há quase 20 anos atrás (rs) e não lembrava de nada! Apenas q curti, na época, mas nd q me deixasse venerada como estou hj.
Não tem pq me aprofundar na resenha sobre a história, já q concluo q a maioria dos seres humanos (senão todos da minha faixa etária pra baixo) conheçam. Mas a narrativa é sobre um menino-bruxo (Harry Potter, vulgo HP), órfão, criado pelos tios e mais a companhia de seu primo (todos insuportáveis e injustos com o menino). Tinha uma cicatriz na testa q dizia mt sobre sua vida, q ele não conhecia, e a de seus pais. Ele não sabia q era bruxo até seu aniversário de 11 anos se aproximar e ele ter q ir para Hogwarts, a escola de bruxos, localizada em outra dimensão da terra. E, então, começa a melhor história q vcs poderiam conhecer, cheia de mistérios, aventuras, humor, lições de vida, q te prende e dá ressaca literária depois (rs).
Diante disso, destaco as partes q mais me chamaram a atenção, sem dar spoillers, obviamente. Primeira, a profecia de q Harry seria um menino conhecido por todos no mundo, o q não ficou apenas na ficção e me assustou, confesso (rs). Depois, a maneira como ele ia descobrindo sobre sua vida, seus poderes, sua fama e de seus pais; a construção dos personagens, os mistérios q os envolviam; os vilões e mocinhos dessa trama. O quadribol é um esporte bem peculiar e interessante, assim como os materiais e objetos mágicos, aquilo q seriam, pra nós, o material escolar. Enfim.. Só de escrever sobre me animo de novo!!
Harry Potter é bem ousado, burrinho algumas vezes; Hermione, sua amiga, me parece a queridinha principalmente das leitoras; e os outros personagens (mil) q são mt peculiares e especiais,  não odiei nenhum!!
Foi mt bom e tô louca pra continuar a saga!!

A casa das belas adormecidas - Yasunari Kawabata



A casa das belas adormecidas - Yasunari Kawabata (Livro 9. jan/2021. 128p.)

Editora: Estação liberdade
Ano: 2004
Nota: 3,5/5
Gênero: Romance psicológico (ficção) 

Este livro, assim como "Por favor, cuide de mamãe" e "O mar de sargaços" (ambos resenhados este ano aqui no perfil), me marcou e impactou demais. Foi intenso, denso, confuso, cheios de reflexões.. Parecia q minha cabeça pesava uma tonelada, ainda mais q fiz a besteira de ler num desafio literário, tive q ler em um dia. Já admito q precisarei de releitura dele. Foi uma indicação, dsd o ano passado da Vanessa, q smp me indica livros incríveis! Ela estuda sobre esse livro, já fez mestrado e escreveu artigo sobre ele, arrasa toda!!
A história é sobre um idoso (Eguchi) que frequenta, no início com alguma hesitação, a uma espécie de prostíbulo, a "casa das belas adormecidas", por indicação de um amigo tb idoso. As mulheres e jovens prostituídas nessa casa eram diferentes, assim como td lá. Elas eram dopadas, a ponto de durante toda a noite, por exemplo, ficarem apagadas na cama de um quarto; ficavam nuas, prontas a serem apreciadas pelos homens que pagavam por elas. Eles não poderiam ter relações, pelo menos foi o que eu entendi, os velhos podiam dormir com elas, tocá-las (mas nd q pudesse configurar em ato sexual) e observá-las, caso contrário, haveria uma punição q nunca foi dita, mas o acordo era respeitado. Não vi sentido nessa loucura, mas os idosos q iam até lá, se deparavam com a decrepitude de sua virilidade; assim, estar com elas, nessas condições, de alguma maneira, alimentava o q havia se perdido neles. Eguchi não aceitava a velhice.
Ele era um cliente diferente, parecia ter medo de tocar nelas, mas, ao longo da história, pensava em fazer coisas q as machucassem ou as levassem à morte (isso foi mt doentio e indigesto de ler). Além disso, pensava em sua própria morte: em suicídio. As mulheres com as quais ele dormia as faziam lembrar de outras mulheres de sua vida, como esposa, amante, filha e mãe. O q deixou td mais doentio ainda.
Ao conversar com Vanessa, confirmei algumas impressões q tive ao ler, como: o fato de ele falar de coisas terríveis, mas não trazer isso efetivamente para as páginas, só nos fazer imaginar; de sua escrita "ser cheia de delicadeza, sedução e muito, muito imagética". Senti td isso, mas senti nojo tb e foi bem difícil insistir na leitura. Pq ele me fez imaginar várias coisas.. no q as mulheres podiam estar levando pro subconsciente, durante seus sonos pesados, as "psicopatias" dele, elas tavam sendo violadas.. Achei machista em vários momentos e racista tb. A narrativa é mt psicológica, de fato, e isso foi mt incrível!
O q curti foi a questão da memória, da digressão, dele n dizer as coisas claramente, de o presente smp remetê-lo ao passado. O fato de ele deixar várias questões em aberto no final.. Isso me atrai. Por ex., temos q ficar bem atentos ao q realmente se deu com a mulher morta, pq ela morreu, se aquela casa teria um fim ou não, se ele ia se matar msm ou se matou. Enfim..
A primeira impressão q tive era a de q ele era um pedófilo nojento! Depois, q prazer esquisito era aquele daqueles velhos??? Ele mexia na boca delas, tocava nelas naquele estado (dopadas).. As mulheres não tinham nomes, eram objetos, em aguns momentos deu a entender q mulher é o bode expiatório (sacrificada para a remissão de outros) pq poderiam ser a reencarnação de Buda. Isso foi mt abusivo pra mim.. Acho q foi pior do q seria uma história sobre prostituição, como conhecemos, n sei..
A vanessa tem um artigo sobre este livro.. PERFEITO!!! Amei a abordagem que ela deu ao prazer dos homens no silêncio da mulher; do inverno (estação em q se passou boa parte da história) ter a ver com a morte; sobre os temas "amor" e "morte", "mulher" e "morte"; e sobre a questão da memória. Indico mt a leitura!



Me ficou uma questão: de que forma o nome da casa (título do livro) tem a ver com a bela adormecida da Disney? Porque elas n eram acordadas com um beijo, p.ex., ou de forma nenhuma. Ou só tinha a ver com o fato de dormirem e ficarem em silêncio e sendo observadas?
Leiam esse livro e comentem cmg!!! 

domingo, 14 de março de 2021

A voz da sereia volta neste livro - Amanda Lovelace

 


A voz da sereia volta neste livro - Amanda Lovelace (Livro 8. jan/2021. 208p.)

Editora: Planeta
Nota: 3,5/5
Gênero: Poesia 

Este é o 3º livro da série "As mulheres têm uma espécie de magia" da autora (ver post anterior, em q falo sobre o 1º e brevemente sobre o 2º livro). Ele me gerava muita curiosidade pq estudo há um tempinho sobre musas e sereias; canto e encantamento; o poder da voz, da palavra; a verbivocoperformance (a grosso modo, palavra, voz e performance). Esse tema aborda a questão da sereia, do silenciamento delas, q, na Antiguidade, eram serem horrendos, poderosos, perversos e q ngm podia com elas. 
Ao longo dos séculos, como forma de silenciar as mulheres (a literatura e arte eram usadas pra legitimar isso [e ainda se usam]), personagens mitológicos e históricos que eram exemplos de empoderamento de mulheres, foram sendo transformadas, para que não houvesse inspirações à rebeldia feminina, de modo algum. Isso tb aconteceu com as sereias, eram poderosas; depois, se tornaram as belas "mulheres" q enfeitiçavam os homens, como as q cruzaram o caminho de Odisseu, em "Odisseia"; depois, Ariel, da Disney, uma sereia fofa e dócil, q vivia em função de mudar sua natureza por causa de um homem; até chegar à pintura de René Magritte, em q na parte de cima, ela é um peixe; e na de baixo, mulher, silenciando-a totalmente, como na foto abaixo.


Enfim, após essa digressão, esperava q este livro fosse envolver poesias a respeito desse contexto, diretamente, mas não foi bem isso. O título tem td a ver e, de uma certa forma, a vida da autora se encaminhou pra essa reviravolta: o retorno da voz da sereia.
Na primeira parte, "O céu", as poesias misturam ficção e realidade, no que diz respeito ao fato de a narradora da poesia ser a pessoa ou a personagem da sua história, eu achei esso jogo mt interessante. Ainda envolvem violência sexual e paixão. Me deu a entender q o céu era como se fosse uma ilusão, um deslumbre ou a parte do aconselhamento.
Este livro fala mt sobre a relação mãe-filha, e na segunda parte, "O naufrágio", as poesias são sobre violências sofridas em relacionamento tóxico, principalmente, sobre mãe e filha.
A terceira parte, "O canto", Amanda faz poesias sobre os relacionamentos, sobre a realidade deles, sobre relacionamentos abusivos e sobre amizades, um assunto smp envolvendo outro. 
E na quarta parte, "A sobrevivente", a autora reafirma essas temáticas, além de trazer, no final, a participação da composição de poetas que ela admirava e que a encorajaram a escrever esse livro. Achei mt interessante a divulgação de outros poetas.
Após as poesias, Amanda explicou o significado de cada livro, e neste, ela volta a ter voz, solta a sua voz e seus segredos guardados à chave. Ela mostra e espera de suas leitoras q não se permitam mais ser silenciadas, assim como ela foi. Isso muda as pessoas, muda vidas, inclusive as de qm se expõe. Q cada uma tenha sua maneira mais segura e confortável pra essa exposição, a dela foi a poesia, e nos instiga a descobrirmos as nossas.
Mais uma vez, vejo o qnt a poesia liberta e transforma as pessoas. Eu só tenho amor por ela.