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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Retrospectiva 2019

No ano de 2019, li 34 livros, fazendo as contas, nem eu acreditei. Bati o recorde da vida! Segue a listinha.

Janeiro
- Bíblia em ação: a história da salvação do mundo (Sérgio Carrielo)
- O recomeço (Gleise Sátiro)
- Antígona (Sófocles)

Fevereiro
- Armadilhas ficcionais: modos de desarmar (Carlinda Fragale Nunez [Org.])
- Persépolis (Marjane Satapri)

Março 
- Tropical sol da liberdade (Ana Maria Machado)
- Ética socioambiental (Josafá Carlos de Siqueira)
- As melhores piadas do planeta e da casseta também (Bussunda e outros)

Abril
- Eu sou Malala Yousafzai (Malala Yousafzai; Christina Lamb)
- A importância do ato de ler (Paulo Freire)

Maio 
- Mil pedaços de você (Cláudia Gray)

Junho
A confissão de Lúcio (Mário de Sá Carneiro)
- Laços de família - Contos (Clarice Lispector)

Julho 
- O amor como revolução (Pastor Henrique Vieira)
- O lado bom da vida (Mathew Quick)
- A primavera das chagas (Ana Carolina de Assis)

Até aqui, todos os livros estão com resenhas no blog, exceto "O amor como revolução". Comecei a fazer, mas não terminei. Então, em breve, vou postar.
Dos livros a seguir não tive tempo pra fazer as resenhas :) Mas vou colocar um breve resumo, quem se interessar por algum, faço uma resenha ou podemos trocar ideia.

Agosto 
- Um teto todo seu (Virgínia Wolf)
Ensaio (gênero literário) da autora para inspirar as mulheres a escreverem. É meio que um manual do que elas precisam pra isso. Virgínia foi convidada a falar em uma palestra sobre "mulher e ficção", destaca as condições sociais da mulher para a produção literária e faz um trabalho de pesquisa brilhante, que cita em seu trabalho.

- Iracema (José de Alencar)
Romance (gênero literário) da literatura clássica brasileira que fez parte de um projeto de construção da nacionalidade do país. O autor descreve a fauna e a flora do Brasil de uma maneira muito poética e simbólica, bem como a história romântica entre Iracema e Martin, que representavam o Brasil e os portugueses. O enredo se dá entre invasão, brigas, paixão, submissão e termina com morte e miscigenação (mistura de povos, etnias diferentes).

- Lucíola (José de Alencar)
Romance urbanista que descreve as relações e os costumes da época. Parece crítico, porque Lúcia era uma meretriz, é retratada como uma mulher bem-sucedida e dona de si, mas, na verdade, não é bem isso, pois o final dela acaba trágico.

Setembro
Neste mês foi só literatura grega *...*
Vale destacar que todas as literaturas clássicas citadas aqui são escritas, como conhecemos hoje, em formato de peças, pois eram apresentadas no teatro grego para educar a população.

- Filoctétis (Eurípides)
Filoctétis é um dos filhos de Aquiles, abandonado em uma gruta, machucado para que fosse morto. Ele tinha o direito de ficar com as armas do pai, o que, segundo o costume, garantia ao novo detentor das armas a mesma fama do antigo. Mas, de acordo com uma profecia, venceria a guerra de Troia quem tivesse as armas de Aquiles, então, seu irmão, Neoptólemo, sob a influência de Odisseu, vai ao encontro de Filoctétis e tenta roubar as armas. Uma narrativas de surpesas e dramas.

Édipo em Colono (Sófocles)
Essa tragédia (gênero literário da Grécia clássica) descreve como foi o exílio de Édipo, de Tebas para Colono. Antígona, sua filha, cuida dele lá, pois estava cego. Algumas histórias se desenrolam, como a busca dos seus filhos por apoio para reinar em Tebas. É uma narrativa de muito lamento do protagonista por todo estrago que o destino lhe reservou.

Medeia (Eurípides)
Essa é uma das minhas preferidas!! Medeia era uma feiticeira, abandonou sua terra e sua família por amor a Jasão, partiram para a cidade dele. Seu marido a usou e jogou fora, mas ela não deixou barato.. E que vingança, senhores! Medeia é um ícone de mulher, ainda mais pra época.

As troianas (Eurípides)
Essa é uma tragédia linda! <3 Mas pesada também. A história narra o destino das mulheres troianas, depois que os troianos perderam a guerra. É muito triste e forte. Hécuba, a rainha de Troia, esposa do rei Príamo, é a protagonista da história e se torna um marco na literatura grega. Helena, pivô da Guerra, segundo os guerreiros, também aparece na trama, tenta se defender das acusações da rainha, julgadas por Menelau, marido de Helena. Hécuba, bem como todas as troianas, teve um final muito triste e dramático. 

Outubro
- Helena (Eurípides)
Também uma das minhas tragédias favoritas. Única tragédia em que Helena é bem-vista em uma narrativa, ela é estrategista, inteligente, fiel ao marido, leal, dentre outras coisas. O autor descreve que Helena não foi à Troia, ficou no Egito durante toda a guerra, e quem realmente estava lá era uma espécie de "fantasma", uma outra Helena, seu duplo. É incrível!

- A greve dos sexos - Lisístrata (Aristófanes)
Essa narrativa é uma comédia (outro gênero literário da Grécia clássica). Como toda comédia da época, tinha a intenção de ensinar os gregos, mas por meio do deboche, do absurdo. N'A greve dos sexos, Lisístrata era a "líder" das  mulheres. Elas se reuniram pra pensar em uma estratégia de acabar com a guerra e decidiram não fazer mais sexo até que seus maridos abrissem mão da guerra. É realmente cômico o desfecho dessa história.

Novembro
- Helena: o o eterno feminino (Junito de Souza Brandão)
Este é um texto teórico-crítico sobre o feminino na literatura e na sociedade grega clássica por meio, principalmente, de Helena, mas exemplifica as mais diversas mulheres da literatura e da vida real, nestas eram raras. Um livro apaixonante, muito esclarecedor a respeito de preconceitos com mulheres que tiveram origem na sociedade antiga ou já existiam antes e que são bem fortes até hoje. O autor faz uma pesquisa incrível sobre a vida não só de mulheres, mas dos homens também, e apresenta seu estudo de uma maneira simples, curiosa e atrativa.

- Desmedeia (Denise Stoklos)
Essa é uma "releitura" contemporânea (recente, atual) sobre a obra Medeia. Uma crítica ao governo da época, década de 1990, na qual a autora chama o público a se dar um outro final, dando um final diferente pra Medeia nessa narrativa. Muito bom!!

- Macário (Álvares de Azevedo)
Esse é um clássico da literatura brasileira. Uma peça teatral que criticava costumes da época e tinha características do romantismo, período literário da em questão no momento. A narrativa é uma conversa entre Macário, um jovem; Penseroso, que representava o bem, mas falava coisas ruins; e Satã, que representava mal, mas era o sensato da história. Eles conversaram sobre o amor. É um drama só. O autor usa a referência de vários filósofos, poetas e literaturas. É bom ter uma ideia de quem sejam pra entender melhor a história.

- O cortiço (Aluísio de Azevedo)
Essa obra é espetacular! É um quase um livro de História. Conta sobre como funcionavam os cortiços no Rio de Janeiro. João Romão, o "síndico", quer enriquecer a todo custo e no final da história ele alcança seu objetivo, mas cometendo o cúmulo da bizarrice. 
As histórias do cotidiano dos moradores são muito boas, cheia de mistérios, confusão, violência, pobreza. As mulheres eram lavadeiras e os homens trabalhavam na pedreira. Ler textos de críticos literários sobre este livro é perfeito!

Dezembro
- Como esquecer (Myriam Campelo)
A história é sobre uma professora universitária de literatura americana que separou, foi "abandonada" pela namorada e passa o livro inteiro sofrendo por isso. Ela mora com um amigo, cujo companheiro faleceu. Ele leva outra menina pra morar com eles, esta tem uma prima que mexe com Júlia, a professora, mas não rola nada entre elas. O enredo se desenrola com esse sofrimento pós-término e a tentativa de se viver uma vida a diante disso.

- A bruxa não vai para a fogueira neste livro (Amanda Lovelace)
Esse livro é uma coisa perfeita!! É um livro de poesias. Com temática sobre mulheres, violência, feminismo, machismo, empoderamento. As poesias explicam exatamente o que uma mulher sente, pensa e vive esse machismo diário. Mt bom!

- História da bruxaria (Jeffrey Russel; Brooks Alexander)
Esse livro foi incrível. Esclarece os primórdios das confusões e preconceitos sobre a bruxaria, a história, as definições e diferenciações de termos gerados por ela ou não. Apresenta ainda o viés do feminino nessa "arte" que se tornou religião e as influências e contribuições da bruxaria em todas as religiões.

* Livros lidos em mais de um mês ao longo do ano

- Geo-história do português: estudos sobre a história e geografia do português na perspectiva brasileira (Claudio Cezar Henriques) - [mar-jul]
Este livro é um estudo de um professor da UERJ e seus alunos a respeito da origem e "evoluções" da língua portuguesa, suas influências e transformações, de acordo com o tempo e determinadas regiões. É um ótimo mecanismo de estudo sobre o assunto, tem uma linguagem mt acessível, lista de exercícios e chaves de respostas, além de diversas referências para aprofundamento.

- Ilíada (Homero - Tradução Carlos Alberto Nunes) - [ago-nov]
Clássico da literatura grega, a bíblia da literatura. Narrativa sobre a Guerra de Troia, causada, pra alguns por Helena, e por outros por Afrodite, a deusa do amor e da beleza. A culpa é de Helena pois ela era linda demais, o que fez com que os guerreiros lutassem por ela e Páris raptá-la. Mas Afrodite, Hera e Atena, sob influencia de Éris (deusa da discórdia), que, por vingança, disse que daria a maça de ouro para a mulher mais linda, questionaram Páris sobre quem era a deusa mais bonita, cada uma ofereceu a ele algo. A primeira ofereceu a mulher mais linda, Helena, caso fosse escolhida; a segunda, ofereceu reino e poder; a terceira, sabedoria e habilidade na guerra. Páris escolheu a primeira, mas Helena era casada com Menelau. Então, ele a raptou e guerra foi instaurada pelo resgate de Helena. Ilíada conta a história dessa guerra, em que o guerreiro Aquiles é o protagonista da narrativa.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Desafio julho - "A primavera das pragas" e "O lado bom da vida"

Desafio literário duplo cumprido ✅✅
#DesafioLeiaMulheres deste mês era a leitura de uma autora que escrevesse poesias. E como todo livro que posto tem uma história este também tem. Fui a uma oficina do mulheres que escrevem, do evento de literatura feminina em minha Universidade, no mês de maio, e conheci algumas autoras, comecei a seguir as meninas e vi sobre seus livros, comprei o da Ana Carolina de Assis, "A primavera das pragas".

         

Vale ressaltar que amo a arte dessa capa!! *...*
Confesso que ainda tenho muita dificuldade para ler e entender poesias, ainda mais as contemporâneas, escritas no atual período literário, que não sei quais as características desse fazer literário, nem se existem. Mas com umas prévias e analisando um pouquinho o contexto atual, ajuda bastante.
O livro contém 23 poesias, cujas principais características apresentarei a seguir, que mais me chamaram a atenção e despertaram a minha curiosidade. 
Um ponto-chave das poesias é o amálgama literário, a fusão entre seres humanos, animais e a cidade, entre essas, há, geralmente, uma comparação de coisas negativas inerentes às três.
A ideia de queda, decadência se faz presente também, por meio de palavras como gravidade, queda, a ideia de olhar para o velho  sendo jovem. Existe ainda a ideia de caos, ora fazendo referência ao amor, às boas experiências, ora a experiências de uma realidade injusta, dramática e decadente.
Na maioria das poesias, existe a ideia do novo e do velho, questões sobre as diferentes gerações, sem fazer diretamente uma reflexão sobre isso, mas apontando para essa visualização, para se perceber as diferenças existentes entre elas.
Fala também sobre mulher de uma maneira incomum de se ver e, talvez, indesejada de ouvir, Ana (a autora) é bem irreverente quanto a isso e é incrível.
Em todas, aparece bem clara a questão das injustiças, das frustrações, da revolta,  do segredo, muitas vezes, do aparente comodismo, mas, na verdade, funciona muito mais como uma crítica.
Eu amei todas, principalmente as do último capítulo. E compartilho uma do segundo capítulo:

minha mãe trabalhava vendendo perfume
numa fábrica de enlatados
de dia fumaça branca
de noite fumaça preta
sardinha atum toddynho
chegavam em caxias lá em casa

a primeira vez que atravessei a ponte
vi containers e calculei
pelas horas fora de casa
pela quantidade de horas fora de casa
só podia ser tudo 
sardinha enlatada

Façam comentários!! ;-)

Para o #Desafio1LivroPorMês escolhi "O lado do bom da vida", de Mattew Quick.


Escolhi este porque peguei emprestado há uns meses, mas por conta das exigências literárias do trabalho e da faculdade, acabei adiando a leitura. Eu já tinha visto o filme e era apaixonada, agora, depois do livro, fiquei ainda mais. Os detalhes da escrita me ganham sempre!
A história é sobre um homem extremamente apaixonado por sua ex-mulher, Nicki. Ele fica psicologicamente abalado e/ou desequilibrado por causa de um acidente ocorrido no passado, causado não diretamente por Nicki, mas gerou consequências para todos os envolvidos. Pat, o protagonista, teve que ser internado em uma clínica para pessoas que precisam de tratamento psicológico, e, após um longo período, que nem ele lembrava quanto tempo havia passado, teve alta e colocou todos os seus esforços em reconquistar a ex-mulher. Porém, parte da sua memória havia se "apagado" temporariamente e ele tinha esquecido da parte mais importante dessa história. 
Nesse processo, Tiffany aparece e a história se passa de uma maneira incrível, pois ela também sofre com traumas e perdas, esta abalada psicologicamente e os dois se entendem, se compreendem, mesmo que de suas maneiras. E isso é incrível.
Este livro, realmente, como comentou uma das pessoas que dizem algo sobre o livro na capa, é uma forma de nos mostrar a depressão (e as pessoas que passam por ela) e o amor de uma maneira diferente, de perceber que são tantas as causas e os "gatilhos" para a depressão e o amor, que nos levam a questionar o julgamento nosso de cada dia, quase que involuntário, e olhar para o outro com mais empatia e compreensão.
Precisamos estar atentos à maneira como as pessoas se sentem com as nossas zoações, nossas ofensas, pois isso trazer sérias consequências.
O livro é incrível, uma leitura que prende e, ao mesmo tempo em que você quer acabar logo, deseja que a história não acabe. Eu tô deslumbrada! Queria falar muito mais sobre o livro e a história, mas odeio spoilers!
Destaquei duas frase que Pat dizia com frequência para si mesmo a fim de obter sucesso em seu tratamento e vou levar pra vida:
"Suas ações que fazem de você uma boa pessoa não sua vontade".
"Você deve ser gentil ao invés de ter razão".

Obrigada, Rhayane! Amei!!

Por hoje é isso! Bjos.