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terça-feira, 19 de março de 2019

10 motivos para gostar de ler

Eu sou suspeita de falar sobre leitura, livros e tudo que envolva isto. Por amar ler e ter total consciência dos bons retornos que me traz, decidi compartilhar e contribuir para o despertar desse desejo nxs outrxs.
Antes de mais nada, desconstrua a ideia que você não gosta de ler. Esteja aberto a procurar entender o que realmente acontece com você em relação a leitura. Em breve, postarei sobre por que você acha que não gosta de ler, não deixe de conferir e buscar esse hábito tão valioso.
Agora vamos nós! 10 motivos para gostar de ler:

Aquisição de conhecimento - entender melhor o mundo e os outros

Este é motivo mais interessante, pra mim. O ato de ler nos proporciona adquirir conhecimento e de todo tipo! Quando lemos, conhecemos as coisas ou assuntos por conta própria, sem influência de interpretação de ninguém, fazendo com que possamos tirar nossas próprias conclusões a respeito de algo. O que dificulta o fato de sermos enganados, manipulados. 
Vale ressaltar que qualquer leitura está carregada de posicionamento e opiniões, muitas vezes, manipulações até de baixo nível, tanto de quem escreve, quanto de quem lê, porém, lendo, temos a autonomia de buscar respostas e confirmações sobre qualquer coisa.
A aquisição de conhecimento é importante, antes de mais nada, para entendermos melhor, não apenas, o mundo, suas regras, restrições, mas para entendermos e compreendermos melhor os outros. Quando nos dispomos a entender o outro as coisas caminham de maneira mais leve e tranquila. 
Conhecimento é necessário para si e para lidar com o outro.

 Apropriação da norma padrão da língua 

Considero este motivo essencial no que diz respeito às exigências formais da escrita e da leitura. Quando lemos, parece que assimilamos as regras de forma automática, mesmo que não as conheçamos teoricamente. Quem tem o hábito de ler, resolve questões de uma prova, por exemplo, com mais facilidade, porque a pessoa acha que vai pela lógica ou pelo que parece certo, pelo que faz mais sentido ou que "fica menos feio", mas isso é nada menos que a regra automatizada em sua mente.
Conhecer as regras é importante, ainda mais pra quem tem a necessidade da escrita acadêmica, formal, técnica, diariamente, entretanto a constância na leitura facilita muito as coisas.

Ampliação de vocabulário - ajuda a expressar melhor


Ler nos faz aprender novas palavras e seus significados, muitas vezes, sem olhar no dicionário, pois o contexto nos "induz" a descobrir o significado de algumas palavras, aumentando o nosso "vocabulário mental". Isto é importante porque facilita a comunicação e a compreensão. Quantas vezes, tivemos que explicar uma nova ideia, com palavras diferentes e mais detalhes pra sermos entendidos? Isso pode se dar por empregarmos palavras erradas em contextos errados, atrapalhando o entendimento claro na comunicação. 
Nem sempre conseguimos expressar em palavras (faladas, cantadas ou escritas) aquilo que pensamos e a falta de vocabulário pode ser o motivo ou aquele que dificulta a vida.

Aguça ao raciocínio e a criatividade

Este motivo pode decorrer dos anteriores, mas a leitura contribui para o desenvolvimento do raciocínio graças ao hábito de lidarmos com a interpretação textual com frequência por meio das leituras. A maioria das coisas, com um tempo, se reproduzem no automático em nossa mente. 
De igual forma é com a criatividade. Ler diversos tipos de histórias contribui pra que alimentemos nossa criatividade e, com a regularidade, ela acontece naturalmente. Além disso, quando lemos, criamos imagens, espaços, cenários, personagens, situações em nossa mente. Isso é uma magia deslumbrante!

Acalma e distrai

Antes de mais nada, não vejo nem defendo a leitura como algo que deva ser um mundo paralelo, não a ponto de a pessoa não ver mais graça no "mundo real" ou não desejar mais se sentir integrante dele. A leitura acalma e distrai. Problemas sempre temos e, muitas vezes, só nos resta esperar. Para a ansiedade não tomar conta, a leitura pode ser uma fuga muito saudável.
Obs.: Uma pessoa diagnosticada com ansiedade tem dificuldade de se concentrar e ler um livro, por exemplo, não é disso que estou falando aqui, pois entendo o quanto uma leitura poderia ser quase impossível neste caso.

Traz novas experiências - te leva sem precisar ir

Além disso, podemos "ir a lugares", "visitar culturas" diversas por meio da leitura. A descrição desses assuntos, até em histórias fictícias, nos permitem isto. Por exemplo, o livro "A cidade do sol", é uma história fictícia, mas o autor descreve lugares, costumes, modos de falar do oriente médio, isso é fabulo!


Anula a solidão

Com a leitura, você não se sente só. Quando se ama ler, tudo o se quer é um lugar sem ninguém e com silêncio. Quantas pessoas não choram, sonham, se envolvem com os personagens ou com experiência, com a descoberta que as leituras proporcionam? Não tem como viver solitário quando se tem um livro por perto, seja em condução, viagens longas, em casa sozinhe etc.

Eleva a autoestima

Quando lemos, os sentimos mais inteligentes, mais sábios ou, ainda que mais ignorantes por entendermos que ainda precisamos saber muito, entendemos que estamos no caminho certo, da evolução, da busca pelo conhecimento, da dúvida, das perguntas. Ler nos dá essa sensação de "estou sabendo um pouco mais sobre tal assunto" ou "caramba, eu fui capaz de descobrir isso" ou "desconstruir aquilo".  Não existe sensação melhor durante uma leitura!!


Exercita os neurônios

De todos os motivos anteriores e do próximo, sou prova viva dos resultados que a leitura proporciona. Este, confesso que já ouvi falar diversas vezes, mas não me recordo da fonte. Então, quem lê exercita seus neurônios e tem mais dificuldade para ter problemas como o alzheimer, problemas de memória ao longo da vida, claro, quando a pessoa não tem  uma tendência a ter essas doenças.
Então, viva mais tempo com qualidade, leiaaa!!


 Viver melhor

Todos esses motivos contribuem pra que vivamos melhor conosco e com os outros. Parece piada que a leitura cause tudo isso, mas é verdade! Ela é empoderadora, emancipadora, contribui para que sejamos livres e autônomxs, saudáveis, compreensivos, menos estressadxs e impulsivxs.
Faça a prova disso e seja feliz!


sexta-feira, 1 de março de 2019

Desafio fevereiro - "Armadilhas ficcionais: modos de desarmar" e "Persépolis"

Mais um mês, desafio duplo cumprido novamente! ✔✔
Para o #desafio1livropormês escolhi "Armadilhas ficcionais: modos de desarmar", sob a organização de Carlinda Fragale Pate Nuñes. 

                     

Este livro foi indicação do meu professor para ajudar na minha pesquisa sobre poesia e canção, aproveitei o embalo e uni o útil ao agradável. Ele é mais teórico, o terceiro livro de uma série, sendo a primeira "As partes da maça: visões prismáticas do real"; a segunda, "Forçando os limites do texto - estudos sobre a representação".
A obra compõe 6 artigos científicos, desenvolvidos por professoras diferentes, dentre elas a organizadora (parando pra pensar, li mulheres duas vezes neste mês *...*). As autoras apresentaram brevemente e examinaram romances narrativos, com a proposta de mostrar armadilhas que a ficção prega aos leitores e mecanismos para que estes não se deixem levar pelo jogo textual, não se permitam induzir para o que o texto propõe, mas que eles devem jogar o jogo textual como quiserem. Eu achei isso extremamente deslumbrante, porque criticar um romance, no que diz respeito a interpretação e a criação de novos caminhos, reafirma a literatura como algo libertador, sem amarras e livre para a emancipação e criatividade humanas.
Elas trouxeram conceitos como mímeses, que, a grosso modo, seria uma imitação da realidade, mais utilizado no período clássico; e performance, esta vai além da mímeses, levando em consideração que o autor não é isento de influências mil para interpretar uma realidade, assim, a intertextualidade, as referências estão sempre presentes na performance. Na primeira, existe uma observação da realidade e sua experimentação; na segunda, o que há é uma interpretação questionada, tem a interferência do autor pelas suas memórias do que seja a natureza (a realidade, que não é algo dado, é um "processo de autorrealização"), o que caracteriza a literatura moderna, segundo as autores e seus autores de base. 
A apresentação foi feita pela organizadora, introduzindo o livro e os assuntos dos quais as autoras tratariam no decorrer dele. O primeiro artigo foi da autoria de Maria Antonieta Jordão de Oliveira Borba, com o título "Construções do objeto estético: as relações entre mímese/performance e schema/correção", foi o mais conceitual, acredito que para servir de base para melhor entendimentos dos capítulos a seguir.
O segundo é de Carlinda Fragale Pate Nuñez, "Jogos fictícios na Veneza de Thomas Mann", focando nas questões dos jogos textuais e a relação autor/narrador, leitor/texto. O terceiro de Fátima Cristina Dias Rocha, "São Bernardo e Sargento Getúlio: vozes e gestos em contraponto", achei muito interessante a abordagem de autorretrato e autobiografia, além de citar que a narrativa é "recompor a vida pela linguagem". 
O quarto foi de Ana Lúcia Machado de Oliveira, "Sobre a configuração Babelbarroca da prosa minada de Haroldo de Campos", destacando o resgate do autor aos modos de escrever e interpretar seiscentistas, em sua obra "Galáxias", com a questão da dobra, das multiplicidades, intertextualidade, finalizando a ideia de que o texto se constrói no outro, citando Campos, o autor vai se eximindo para dar lugar a um "outro devir", o leitor.
Parece óbvio, mas é importante destacar que jogo textual e suas imposições, bem como o jogo que o leitor escolhe jogar, estão inerentes à língua literária, à forma como o texto é escrito e nas artimanhas que o texto traz. No quinto artigo, de Ana Cristina de Rezende Chiara, "Lori lambe a memória da língua", isso fica bem claro, já que a ponografia infantil passa a ter outro viés interpretativo, segundo sua defesa sobre o livro de Hilda Hilst. Além disso, este foi o texto super interessante, que mais me deslumbrou! Essa professora arrasa mesmo!
E o último, não menos interessante, é de Sílvia Regina Pinto, "Desmarcando territórios ficcionais: aventuras e perversões do narrador". Enfatizou a questão da narrativa e seus tipos de narradores (clássico, moderno, jornalista, testemunha do olhar e performático); da linguagem, afirmando que o processo mimético deve ser democrático, bem como a liberdade para a produção de significados.
Bem, foi isso! E eu amei o livro! Alimentou mais a minha paixão por literatura. Ficou um pouquinho grande e teve mais forma de resenha, mas foi necessário.

#desafioleiamulheres deste mês era uma História em Quadrinhos (vulgo, HQ). Tava desesperada tentando achar uma, porque só conhecia uma e queria ler algo diferente, até que pedi indicação no Facebook e tive ótimas recomendações, achei algumas online, escolhi ler "Persépolis", de Marjane Satrapi.

                

Geeenntee, que história maravilhosa! Li em um dia. Satrapi juntou algumas coisas que gosto muito: autobiografia, história em quadrinhos, política, ditadura, revolução, feminismo, personalidade forte... Aaai.. tô em êxtase! A partir de hoje vou ler mais HQ. É bom demais!
Vamos à história de fato. Marjane conta sobre sua vida, a princípio, no Irã (antes chamado Pérsia). Ela era neta de um imperador da Pérsia, que foi derrubado pela oposição. O período que ela descreve é a guerra entre o Irã e o Iraque, além dos países do ocidente, que queriam o território do Irã por causa do petróleo, principalmente. Existiam ainda as brigas religiosas e as guerras civis por causa da opressão, da ditadura e da violência sofrida por qualquer motivo.
Marjane cresceu em uma família politizada, embora seus pais não tenham sido tão engajados como seu avô e seu tio, este foi preso, torturado, exilado, eles educavam-na para ser livre, lutar por liberdade e se emancipar, ainda que não fosse no Irã, já que lá tinha costumes tão rigorosos sob pretexto religioso, mas as regras eram mais de cunho moral.
A menina sempre foi a rebelde, questionadora, era expulsa das escolas, desde criança queria lutar por seu país e fazer justiça. Devido a isso, seus pais acharam melhor enviá-la à Áustria para que não acabasse presa, torturada e morta em seu país de origem. Lá, ainda adolescente, "comeu o pão que o diabo amassou"! Coitada. Não se adaptava, sofria preconceito, tava sempre se mudando, teve  amores, desamores, decepções, depressão, perdeu seus princípios, não se reconhecia mais e estava sozinha.
Até que resolveu voltar à sua terra. Fez faculdade de artes gráficas (belas artes), casou, descasou e partiu, novamente, agora, para França, onde fez seu livro, ganhou prêmios e foi autora da primeira HQ iraniana.
A personalidade de Satrapi é admirável, ainda que errasse, reconhecia isso e buscava melhorar. Acreditava que a grande causa das guerras no Irã e da revolução era a desigualdade de classes, ela queria acabar com isso. Com  o passar do tempo, percebeu que as questões de gênero em seu país eram absurdas, o que contribuiu muito para que ela fosse embora. Sempre questionava professoras, guardas, freiras, colegas de classes, colocando em xeque os padrões sem sentido impostos pelo governo, que só violavam e emburreciam as pessoas, para que o foco da revolução fosse desviado, afinal, as pessoas deveriam se preocupar mais com as punições que sofreriam com a violação de leis sobre vestimentas, festas, bebidas, namoro do que com seus direitos à liberdade, de ir e vir, de expressão, orientação sexual, enfim.
Satrapi se tornou a minha mais nova referência literária!
Pra quem quiser, segue o link do livro em PDF, lembrando que no site da Amazon ele tá baratinho ;)

É isso, pessoal! Bjs..

Mais uma vez, seguem os links dos desafios literários: