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sábado, 4 de abril de 2015

"A fascinante construção do Eu" - Augusto Cury


Para quem se interessa em saber mais um pouco sobre a mente humana essa é uma boa indicação!!
É uma leitura que segue uma lógica didática e, talvez, para alguns, seja cansativa, mas a linguagem é de muito fácil compreensão. Por meio de tópicos e citações vou mostrar um pouquinho sobre o conteúdo do livro.
Obs.: Não considero esse livro como aqueles insuportáveis de autoajuda. Não tenho nada contra quem gosta, mas acho muito chato!
O autor baseia seu estudo na Inteligência Multifocal que engloba a psicologia multifocal (funcionamento da  mente, desenvolvimento da personalidade, a construção de pensamentos, formação do eu); a sociologia multifocal (processo de construção das relações sociais); a psicopedagogia multifocal (o processo de aprendizagem e de formação de pensadores); e a filosofia multifocal ( processo de interpretação e lógica do conhecimento).
Apresenta dois fenômenos que contribuem para o processo de interpretação:
- Gatilho de memórias ou autochecagem: produz primeiras reações (de emoção, impressão e pensamentos) através de estímulos físicos, sociais ou psíquicos.
- Autofluxo: pega as janelas do gatilho e amplia. Pode dominar ou controlar o eu.
Cury defende que todo radicalismo é fruto de imaturidade e insegurança (p. 38). 
Ele afirma que a memória não constrói emoções, mas pensamentos.
Destaca 5 mecanismos de formação do eu. São eles:
1- Memória genética, existencial e de uso contínuo que são os alicerces da formação do eu. Então, as memórias têm papel primordial na nossa formação como seres e seres singulares.
2- Classes de raciocínio, que são simples ou unifocal; complexo ou multifocal (leva em conta a opinião dos outros); lógico; abstrato (raciocínio íntimo e introspectivo), dedutivo e indutivo (se preocupa em questionar o que realmente pode ter acontecido). 
3- Tipos de pensamentos: essenciais (é inconsciente, está na mente e foi projetado); dialético (consciente, de descrição); e antidialético (consciente, de imaginação, representação das formas, interpretação).
4- Natureza dos pensamentos que podem ser real ou essencial e virtual ou imaginária.
5- Autoconsciência. Esta é produzida por três habilidades: se interiorizar, se observar e se mapear (fundamentação do raciocínio abstrato).
Para que haja a expansão do raciocínio multifocal/indutivo/abstrato há a necessidade da:
-pedagogia da cultura geral: relação para além dos pares;
- pedagogia da arte da dúvida: questionamento para exploração e expansão;
- pedagogia da crítica: refinação do processo de leitura e dados, construção de ideias.
As classes de raciocínio dependem do pensamento para se expressar, se expandir e se contrair (p. 101).
Nas páginas 113-115, ele cita as técnicas psicopedagógicas para a produção de pensamentos antidialéticos.
Prosseguindo, apresenta as causas da socialização, são elas:
- necessidade afetiva, busca de proteção e promoção de sobrevivência;
- relação com pessoas não apenas porque existem e são concretas, mas porque são representadas e têm significados em nossa memória;
- deve-se a solidão paradoxal da consciência virtual.
Explana os tipos de solidão:
- Abandono pelos outros;
- abandono por si mesmo;
- solidão social da consciência virtual;
- solidão intrapsíquica da consciência virtual (a solidão do eu em relação a si mesmo).
Faço uma citação interessante do autor: "Só temos a tendência de ser deuses por desconhecermos o funcionamento da mente que nos torna humanos.." (p. 103). Não faz sentido sermos tão soberbos. Quando buscamos conhecer nossa mente nos tornamos humildes, porque nunca estaremos satisfeitos com as nossas conquistas, somos seres inacabados, tudo que sabemos e temos nunca será suficiente para estarmos seguro de algo. Somos dotados de altíssimas capacidades, mas tudo é incerto e relativo por aqui.. rs. Acredito que é por isso que também necessitamos de alguém superior a nós, acima do que é ser humano,. Este ser daria sentido às coisas, mesmo que através da fé, que é algo ilógico para muitos.
Finalizo com uma citação sobre o que  é valorização da educação para uma boa sociedade, opinião que eu também defendo. "Os ditadores precisam do culto a celebridade, mas uma sociedade saudável precisa de mentes livres" (p.111). 

Busque sua liberdade!

"Dr. Negro e outras histórias de terror" - Sir Artur Conan Doyle

Não tem nada de terror!!
Este livro contém 6 contos de mistérios psicológicos, sobre os quais comentarei a seguir.

O caçador de besouros
O narrador é o protagonista do conto. Recém-formado em medicina, à procura de um emprego, vê no jornal um anúncio que o interessa, mas achou que suas exigências eram estranhas mesmo que ele se encaixasse nelas. O candidato deveria ser alto, robusto e se sair bem em situações inesperadas, além disso, era necessário que fosse especialista em besouros.
Quem o contratou foi o cunhado do paciente, este nem sabia que precisava de um médico e que receberia um. O paciente era colecionador de besouros, então, seu cunhado usou essa estratégia para que um médico se aproximasse do doente. 
O cunhado e o médico viajaram até a casa do paciente e lá, o último descobriu o porquê das exigências no anúncio, foram realmente situações inusitadas e justificáveis para a necessidade de internação, a qual era o objetivo do cunhado.

O homem dos relógios
Neste conto, o narrador conta a história de um homem que possuía, aparentemente, uma coleção de relógios de bolso, foi assassinado em um trem, por um tiro no coração. O mistério da narração é: este homem não foi visto entrando no trem, não possuía o bilhete de passagem, foi encontrado no quarto em que estava hospedado um casal, que sumiu do trem. Vale ressaltar que na única parada que o trem fez ninguém subiu ou desceu. Várias hipóteses foram levantadas, porém, apenas uma se aproximou da real. E a moral da história foi: Até que ponto a verdade deve ser escondida para dar uma segunda chance a quem se arrepende?

A caixa de charão
O narrador é o protagonista do conto. Ele se torna o preceptor (responsável por dar instruções e preceitos) de dois meninos que moravam num castelo e tinham um pai muito misterioso, que se chamava Bollamore. Este era carrancudo, sua aparência causava medo, viúvo, ninguém entrava em sua biblioteca e possuía uma caixa de charão que ninguém ousava tocar, porque ele não dava permissão. A senhora que limpava a biblioteca era a única que tinha permissão para entrar e foi demitida por limpar a misteriosa caixa. Onde Bollamore ia, levava consigo a caixa.
 Antes de se casar era alcoólatra, o que o fez ser conhecido como "Diabo Bollamore", mas encontrou sua esposa e tudo mudou, ela o fez mudar como pessoa. Entretanto, ela adoeceu, assim, temeu que com a sua morte ele retornasse aos velhos e péssimos hábitos. Isso não aconteceu. E ninguém sabia o que o levava a não retornar a eles.
Todas as noites ouvia-se gritos e súplicas de uma mulher pedindo socorro. Isso era pavoroso aos funcionários do castelo, até porque ninguém via mulher alguma adentrar o lugar durante todo o dia. Então, o preceptor se dispôs a descobrir o que acontecia e dentro da caixa estava o segredo.

Doutor negro
O autor conta a história de um médico que era apaixonado por uma moça e que por razões desconhecidas, embora diversas razões tenham sido sugeridas pelo povo, terminou seu noivado, o que causou muito sofrimento a noiva e a revolta de seu irmão contra o doutor.
Uma noite a governanta da casa ouviu um barulho que vinha da sala de atendimento do doutor. Assustada, foi imediatamente ao seu encontro, bateu na porta e o doutor, rispidamente, o que não era comum, ordenou-a que saísse de lá, assim ela fez. Mais tarde, uma paciente foi ao seu encontro pois seu marido passava mal, viu a luz acessa pela brecha da porta e o chamou, mas não obteve resposta. Pelo caminho, a paciente viu o cunhado do médico que o esperava numa moita. Todos conheciam sua desavença com ele.
No dia seguinte, a paciente voltou lá, a luz ainda estava acesa, insistiu em chamá-lo e pela brecha da janela viu que o doutor estava morto. A investigação chegou e o principal suspeito foi o cunhado, este foi preso. Durante o interrogatório, muitos foram ouvidos, mas o depoimento da ex noiva foi determinante. Disse que seu irmão não era o assassino e para salvá-lo, confessou que o doutor não estava morto. Vale ressaltar que os amigos mais íntimos reconheceram o corpo, porém o inimaginável aconteceu.

A relíquia judaica
O narrador conta a história de um amigo, da qual ele fez parte. Um arqueólogo oriental encontrara diversos utensílios usados na época em que existiam templos e sacerdotes, antes do surgimento de Cristo. Entre eles estava o Urim e Tumim, uma espécie de placa com 12 pedras preciosas, localizada no peitoral do sacerdote, este obtinha respostas de Deus pelo Urim e Tumim. 
Esse arqueólogo era responsável por um museu e ia passar responsabilidade ao amigo do narrador. Porém, na noite de comemoração da posse, o novo responsável pelo museu fez questão de que seu amigo não fosse embora, pois queria lhe mostrar a carta anônima que recebera com o intuito de reforçar a guarda no museu. Discutiram a esse respeito e chegaram a conclusão de que poderia ser o próprio arqueólogo, o que parecia contraditório, já que há tantos anos cuidou com tanto zelo daquele local e suas relíquias.
No dia seguinte, a placa de Urim e Tumim estava degradada. No outro dia, outra parte da placa teve a mesma alteração  e na terceira noite os amigos decidiram por si só espionar quem era realmente o autor de tais atos. Assim foi, e o descobriram, porém ele não era o real culpado e no assunto foi colocada uma pedra, após relato do flagrado.
Eis as questões do conto: um pai é capaz de fazer loucuras para que uma filha seja feliz e o amor verdadeiro regenera pessoas.

A sala do pavor
Esse foi o conto mais divertido!! Fechou o livro com chave de ouro.
Nessa sala uma bela e encantadora mulher lê uma carta que a denuncia, graças a sua reação, por estar apaixonada por um homem. Nesse instante, seu marido entra na sala, ela rapidamente esconde a carta entre os seios e ele adentra questionando por que ela queria envenená-lo. Ela fica sem reação tenta desmentir, todavia, ele é mais rápido. Diz que viu o maldito em sua penteadeira, fez exames que constaram a presença dele em seu sangue. Ela continua sem saber o que fazer. Ele vê a carta que ficou mal escondida entre os seios dela e lê. Descobre que o amante era seu amigo, Campbell, e que a estratégia de matá-lo era unicamente da mulher. 
Enquanto discutiam a governanta bateu na porta, informa que Campbell estava lá, então, ele mandou que o amigo entrasse na sala mesmo contra a vontade dela. Quando ele entrou, o traído confessou que já sabia de tudo e que essa não era uma estratégia para que o amante se entregasse. Fez a mulher decidir com quem ia ficar e o que não fosse escolhido deveria tomar o veneno e a mulher não sabia o que fazer, a essa altura o desespero tomava conta de si. 
Então, o traído sugeriu que o amante tomasse e ele entendeu que seria melhor, assim, o fez e a mulher entrou em pânico. No entanto, os três olharam para uma quarta pessoa que estava dentro da sala que interrompeu a cena e, assim, se descobre o fim do conto.