Pesquisar este blog

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Desafio Março - "Tropical sol da liberdade" e Ética socioambiental"

Desafio duplo literário cumprido mais um mês ☑☑ 
Confesso que este mês foi mais complicado que os anteriores, já que as férias acabaram, a rotina de textos acadêmicos aumentaram e as correções textuais também. Mas, nada que uma abdicaçãozinha e uma administração do tempo não ajudassem.

O #DesafioLeiaMulheres do mês de março era ler uma escritora contemporânea nacional. Assim, escolhi Ana Maria Machado e seu livro "Tropical sol da liberdade". Era um livro que estava esquecido na prateleira e resolvi destacá-lo novamente.

  

Este livro foi um daqueles que marcaram a minha vida. Ele é fictício, mas de um contexto histórico bem próximo do que foi a realidade da época apresentada. A protagonista é Lena (Helena Maria de Andrade), jornalista, uma mulher exilada na ditadura militar, que relembra suas memórias vividas neste período da história brasileira. 
O narrador da história está em terceira pessoa, ela contém falas dos personagens, os quais se expressam, se posicionam e falam de si. 
O cenário principal, onde Lena explana suas memórias, é na casa de sua mãe, Amália, com quem tem crises de relacionamento, porém, é ao lado desta que passa maior parte do tempo (atual, no enredo) se cuidando dos resquícios da ditadura em si.
É impressionante como a autora se utiliza das memórias de Lena para mostrar como as coisas funcionavam naqueles tempo: as aulas; os movimentos estudantis; os jornais; a política; como a resistência era confundida com terrorismo e antipatriotismo; além da vida social, que, para os que não eram ativamente envolvidos com as questões políticas do país, imaginavam que a ditadura era a melhor opção (o que não é muito diferente de hoje). Ela enfatiza como funcionavam as censuras, os subornos, as torturas, os exílios, invizibilizados pelos seus atrozes.
Helena é incitada a escrever sobre suas experiências, em forma de uma autobiografia, mas ela não via condições para isso, por causa de seus problemas de saúde, então, pensou em fazer uma obra fictícia. Porém, passa todo o enredo nessa briga do que fazer: ficção ou realidade?; censurar-se ou isolar-se? Esta, entre outras, eram questões existentes de forma comum nos escritores, segundo ela.
Como tenho muito interesse em leituras sobre ditaduras, esta foi mais uma que me prendeu, me encantou e super indico. Embora, a autora não siga uma linearidade nos capítulos, talvez caracterizando a "confusão" que era a mente e as decisões de Lena, depois de todos os traumas sofridos pela ditadura e pelos rumos que sua vida tomou. 
O livro é isto: lembranças de Lena. Sobre sua infância, seus amigos de militância, seus irmãos, muito ativos politicamente; a vida de exílio; sua relação complicada com a mãe e; a tentativa de criar uma história para trazer essas memórias ao conhecimento dos que por ela se interessassem.

Para o #Desafio1LivroPorMês, li "Ética socioambiental", de Josafá Carlos de Siqueira.


Esse foi bem tenso de ler. Embora seja pequeno, o autor é defensor de ideias das quais discordo. Ele trata a questão socioambiental e da sustentabilidade como algo que é um problema, antes de mais nada, individual, defendendo que se as pessoas se conscientizarem dos malefícios que a natureza vem sofrendo e mudarem seus hábitos de consumo, exploração e cuidado, as coisas vão mudar. Tudo vai entrar em harmonia, jogando a solução toda na ética que se espera das pessoas e acaba individualizando, personalizando as causas ou os causadores do problema. Não é bem assim. 
Ele até cita as consequências geradas pelo sistema capitalista, mas é muito superficial ao defender ideais que envolvam isto, no que diz respeito aos mecanismos para resolução delas. 
As questões socioambientais devem ter atenção e direcionamento, principalmente, do âmbito estatal para mudanças necessárias neste contexto. As leis de responsabilização devem ser respeitadas, as políticas públicas cumpridas, sem lavagem de dinheiro, corrupção, sem que uns paguem pra ter as leis violadas, enfim... Os donos dos latifúndios precisam de um freio; os governantes precisam parar de pensar só em lucro pro Brasil. Todo mundo sai prejudicado com isso. 
O caminho para um solução é das duas partes, do macro e do micro, do local e do global, porém, é mais um trabalho de iniciativa de cima pra baixo do que ao contrário. 
Fora o fato de o autor citar a questão religiosa nesse quesito.. Eu tenho sérios problemas com isso, política e religião, conhecimento científico e conhecimento religioso não rola! E outra, ele lança na educação e, consequentemente, nos professores a responsabilidade para solucionar os problemas socioambientais, com a "reeducação do ser humano" rs.. Aff.
Nunca critiquei tanto uma leitura. rs

Bjos