Amável Formalidade, tu és, sim, o bordão da vida, o bálsamo dos corações, a medianeira entre os homens, o bálsamo dos corações; tu enxugas as lágrimas de um pai, tu captas a indulgência de Profeta. Se a dor adormece e a consciência se acomoda, a quem, senão a ti, devem esse imenso benefício? A estima que passa de chapéu não diz nada a alma; mas indiferença que corteja deixa-lhe uma deleitosa impressão. A razão é que, ao contrário de uma bela fórmula absurda, não é a letra que mata; a letra dá vida; o espírito é que é objeto de controvérsia, de dúvida, de interpretação, e conseguintemente de luta e de morte.
Trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", em que o personagem Cubas observa como após a morte de D. Eulália, seu pai, Damasceno, teve que enfrentar a vida, segundo ele, graças a "amável Formalidade".
Passei amar Machado não por convenção ou "modinha", nem porque ele é o ícone da literatura brasileira, e sim, porque ele é cômico, reflexivo, educador e me faz sentir conversando com ele enquanto leio suas obras.